5 - Adotada

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-Os senhores Jessica e George King resolveram adotar...

Todas se mordiam de curiosidade, olhando para o casal com os olhos arregalados de expectativa.

-... você, Olívia.

Os olhares se voltaram para a garota de cabelos escuros que estava mais pálida que nunca. Olívia franziu a testa.

-Eu? -Perguntou pasma, precisava ter certeza de que não estava louca, ou surda, ou alucinando.

-Sim, você! -Jessica confirmou, sorrindo para ela. -Se você quiser, claro... nós gostamos muito mesmo de você, Olívia.

A garota tinha os olhos arregalados para ela, sem conseguir raciocinar direito o que estava ouvindo.

-Eu... claro. -Disse, abrindo um leve sorriso para ela.

-Ótimo! Precisamos ir ao meu escritório para acertar algumas coisas, senhores, por favor me acompanhem. -Disse Madame Carmella civilizadamente. -Olívia, vá arrumar suas coisas.

"Se isso for um sonho, eu vou acordar muito irritada."

Quando eles saíram, as meninas ficaram iradas, direcionando olhares de ódio e inveja para Olívia, que apenas sorria, feliz demais para se importar com qualquer coisa senão o fato de que havia sido adotada. Adotada.

-Ela com certeza enfeitiçou eles para adotarem-na.

-Ela ameaçou transformá-los em sapos.

-Pelo menos quem vai sair desse fim de mundo sou eu, não vocês. -Rebateu, correndo pra arrumar suas coisas.

Enfiou seus poucos pertences na mochila da escola apressadamente, com o maior sorriso que já carregara na vida, ela estava muito feliz.

-Olívia, está pronta? -Perguntou Jessica, entrando no quarto.

-Sim. -Respondeu, animada. -Eu não tenho muita coisa, na verdade. Vocês vão mesmo me adotar?

-Já fizemos isso, na verdade -George respondeu, entrando no quarto.

Ela franziu a testa, estranhando a rapidez do processo, mas preferiu não questionar. Não queria dar a eles motivos para devolverem-na.
George se ofereceu para carregar sua mochila e, juntos, desceram as escadas. Madame Carmella ainda fingiu emoção, dando-lhe um abraço rápido e frio uma última vez. Suas colegas estavam em fila, se esforçando em fingir indiferença. A melhor parte foi passar pela soleira da porta sem olhar pra trás, sentir a liberdade no fato de que nunca mais voltaria àquele lugar, nem teria que viver com as meninas chatas do Orfanato.

Nunca mais!

Jessica e George gostavam de conversar, foi a primeira coisa que ela observou. Eles sempre andavam de mãos dadas e não passavam muito tempo em silêncio. George era quem inventava assunto quando já não havia muito para falar e Jessica, por outro lado, era quieta, e dava umas broncas nele de vez em quando. Eles se amavam, foi o que concluiu depois de pouco tempo com eles. Era óbvio demais para não se notar, ainda que a definição exata da palavra amor lhe fosse estranha, não lembrava de ter sido alguma vez amada por alguém alguma vez na vida.

"Será que eles vão me amar?"

-Chegamos! Aqui é sua nova casa, Olívia. -Avisou George, empolgado.

O jardim era muito bem cuidado, mas o que chamou sua atenção foi a enorme cerejeira com as folhas cor de rosa que se destacava do verde do chão e do azul do céu. A casa, por sua vez, era menor que o Orfanato, mas grande para apenas três pessoas.

-É lindo aqui. -Comentou admirada.

-Você gostou mesmo?

-Sim, eu gostei muito.

-Que bom. -Jessica sorriu para ela.

-Aqui é Rua Crowford, esta é a casa número 9. -George explicou e ela assentiu.

-Olha, o seu quarto está praticamente vazio, mas vamos dar um jeito nisso rapidinho. Jessica disse a ela.

Olívia tomou um susto ao perceber que o quarto todo era para uma pessoa só, sem ter que dividir com ninguém, parecia exagero, mas devia ser normal para eles.

-Você está bem?

-Eu... Sim, só que... é novo. -Suspirou, sentando-se na cama, com os olhos fixos no céu, que podia ser visto pela janela.

-Eu sei, você também é nova para nós. -Jessica desabafou, fazendo-a rir. -Mas vamos conseguir juntos, não vamos?

Ela assentiu.

-Trouxe uns ítens de decoração dentro desta caixa, veja se gosta de algo.

A caixa de madeira estava selada, como se algo a estivesse prendendo de modo que não conseguia abrir de jeito nenhum.

"Abre! Abre! Abre!"

Só abriu depois de quase um minuto de muito esforço. Jessica tinha os olhos fixos nela.

-Caixa estranha.

Enquanto ela selecionava, animada, os ítens de decoração para seu quarto, Jessica e George conversavam baixinho na sala.

-Ela conseguiu abrir a caixa. -Disse Jessica sorrindo -Eu disse.

-Não é um aborto, então.

A mulher fez cara feia para ele.

-Isso já estava óbvio, George.

-Espero que essa tarefa que Dumbledore nos deu dê certo. -Disse ele, preocupado.

-Um passo de cada vez, George, deixamos ela se acostumar conosco para depois contarmos sobre Harry, Hogwarts e o nosso mundo, está bem? -Disse abraçando o marido de lado.

-Está bem.

OLÍVIA POTTER [1]Where stories live. Discover now