Capítulo Seis: O misterioso Laboratório Millennium

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Edna fechou a porta sem dizer mais nada. Apenas pensando muito. Sempre que Álvaro falara alguma coisa, deixava no ar um clima estranho. Ficou desconfiada de que eles sabiam de mais coisas. Sr. Soares estava muito tranquilo para quem estava com o filho desaparecido. E Álvaro pa-recia mais perturbado e até um pouco culpado com seja lá o que estivesse acontecendo. Com certeza ele sabia mais coisas do que só as que falou.
Muito sobre essas coisas, Ed descobriria em breve. De onde ele es-tava escondido ouvindo a conversa anterior dava para ver pela janela esquerda o lado de fora da porta. E foi assim que ele percebeu que o Sr. Soares e o Álvaro ainda estavam conversando silenciosamente. Então Eduar-do passou a escutar a nova conversa dali mesmo e nem lembrara da mãe. Em meio a sussurros e barulho de plantas ao vento, Ed pode ouvir.

"Por que você não me diz logo o que sabe Álvaro? / Eu sou só um simples funcionário do Laboratório Millenium Soares, não posso sair por aí falando tudo que vejo lá dentro. / Álvaro nossos filhos estão desapare-cidos! Se você sabe algo que pode nos ajudar diga logo por favor. / Soares, tudo que eu sei é que os bueiros explodindo são culpa nossa está legal! Só. / Que se dane os malditos bueiros Álvaro, eu quero saber do meu filho. / Shiiii fale baixo, quer que alguém nos escute? Quer saber, vamos embora antes que a Edna abra a porta e comece a fazer mais perguntas. "

Ed nem podia acreditar no que acabara de ouvir. Será mesmo que Álvaro sabia quem ou o que tinha levado os meninos? Ou pior, será que ele e o pessoal do Laboratório Millenium é quem tinham pegado Bruno e Dênis para fazer algum teste cientifico? Mike dissera uma vez que o laboratório fazia experiências e testes com animais, mas Ed não deu atenção pois Mike sempre tinha dessas histórias para contar. Uma vez dissera ter visto num pequeno lago artificial nos fundos do laboratório, um peixe que tinha asas no lugar de barbatanas. Com certeza ele deve ter se confundido. E até onde Eduardo sabia, o Laboratório Millenium produzia remédios e produtos - pílulas, produtos de higiene e etc.- para cuidar de animais.
Mas e se todas as histórias que Mike contava sobre o Laboratório fossem verdades. Mike sempre falava algo sobre a Millenium, era como se ele odiasse e amasse o lugar. O pai dele havia morrido a três anos mais ou menos, então Mike e sua mãe receberam uma fortuna porque ele trabalhava no laboratório - os pais de Mike, Bruno e Ed trabalhavam todos na Millenium. O Sr. Soares trabalhara lá também, mas já havia se aposentado. E o pai do Bruno - Álvaro - sempre levava os dois para passearem lá uma vez por mês. Talvez por isso Mike sabia/via certas coisas. Mais Bruno nunca dizia nada. Talvez por que seu pai lhe obrigava a ficar calado. Definitivamente Ed tinha que dar um jeito de falar com Mike.
Eduardo havia se perdido nos pensamentos e só voltou a realidade quando ouviu os gritos da mãe vindo do andar de cima. Edna estava gritando pela terceira vez quando Ed começou a subir as escadas em disparado. E gritou também.
- Mãe! Mãe!
- Eduardo - esbravejou Edna - Onde você está?
Quando Eduardo conseguiu chegar no andar de cima, Edna estava feito louca no corredor como quem estivesse acabado de sair do quarto de Ed. Ela o agarrara bem forte, estava praticamente chorando. E perguntou com a voz falhando.
- Ed meu amor, que susto. Onde você estava?
- Mãe - respondeu Ed confuso - Você falou para eu me esconder em baixo da mesa - Edna parecia duvidosa - na cozinha, antes do Sr. Soares e Álvaro entrarem lembra?
- Oh sim, eu... Só estou muito preocupada e confusa com tudo isso. Achei que você tinha sido levado também. - Edna achou que não devia ter usado a palavra levado, então tentou corrigir - Desaparecido quero dizer.
- Quer saber - disse Ed tentando manipular a mãe - A senhora tem razão! Pode ser perigoso ficarmos aqui sozinhos.
- Eduardo você... - Edna suspeitou que o filho tivesse ouvido toda a conversa, e disse - não, nada. Você aceitaria passar um tempinho lá na casa dos Soares?
- Claro mãe. Eu não quero ficar aqui trancado.
- Ed, se formos para lá você também não vai poder sair. As ruas estão perigosas, não as casas. - Edna falou isso tentando soar engraçada.
- Eu sei, só que lá tem mais gente e tem o Mike também.
- Ok, troque de roupa - Ed ainda estava fantasiado. Do pescoço para baixo ainda era um astronauta - e coloque seu pijama na mochila. Que eu vou pegar minha bolça e as chaves do carro.
- Mãe! - Eduardo estava impaciente - Para quê carro? São só quatro ruas até a casa dos Soares. E mais, deve estar tudo interditado por causa dos bueiros abertos.
- Claro. É que estou nervosa e..... Você estava realmente escutando a conversa, não é?

* * *
No caminho até a casa dos Soares - que Ed e sua mãe estavam fa-zendo a pé - Ed não falava nada. Nem se quisesse sua mãe que estava tagarelando sem parar o deixaria dizer nada. Apenas algumas vezes Ed falava "minha nossa! " Quando via um ou outro bueiro pós explodido. Edna parava, fazia cara de quem queria ou não saber o que estava acontecendo e exclamava "Oh Jesus! "
No restante do caminho Ed só observara. Tudo que via parecia suspeito e misterioso. Tudo parecia ser parte do que estava acontecendo com o sumiço dos garotos. As poucas pessoas que estavam na rua àquela hora eram mais velhas e, ou estavam falando sobre o caos das ruas ou dos dois meninos que tinham desaparecido no começo da noite. Talvez por isso não havia crianças nas ruas. As únicas que Ed vira, estavam dentro de casa espiando a rua pelas janelas, desconfiados e com medo. Algumas ainda com fantasia.
Ed observou quando passaram pela rua oito que as luzes da casa do Bruno estavam todas apagadas - o que fazia sentido já que os pais de Bruno estavam com os Soares. Observou quando na dez viu que além das luzem - também apagadas - da casa do Mike, os três bueiros da rua estavam abertos e com fitas amarelas ao redor. E lembrou que os bueiros da oito e da seis também estavam. Felizmente os da sua rua não estavam iguais. Quando enfim chegaram na doze, os bueiros também estavam isolados por fitas e com aspecto de recém destruídas. Já a casa dos Soares - com uma leve decoração de dia das bruxas e algumas abóboras espalhadas pelo jardim, ao contrário de todas, estava com todas as luzes acesas como se estivesse havendo uma festa lá dentro. Uma festa silenciosa e com poucos convidados, mais ainda sim parecia uma festa. Já passava das 22:00.

O quinto elemento Where stories live. Discover now