Capítulo Sete: Choros e Sussurros

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-Edna? - Disse Michelle parecendo surpresa ao abrir a porta dos Soares e ver a mãe de Ed ali parada com o filho - Então você... veio!
- Sim, eu, é... - Muito confusa, Edna só então lembrou que não ligara para informar que estava indo - Ai meu Deus Michelle eu estou tão assustada com tudo isso. Nem liguei para avisar que vinha ficar aqui com vocês. Eu, só preciso de companhia.
- Não se preocupe Edna, só... vamos entrar está bem? - Pediu Michelle a trazendo pelo braço e Ed marchando atrás das duas. - O Sr. Soares está no quarto dele tentando acalmar e pôr a Carmem para dormir um pouco, ainda é cedo, mas com os calmantes que ela tomou logo ela dorme. Tenho certeza que ele vai adorar ver vocês aqui.
Ao entrarem na sala de estar dos Soares Ed viu a mãe do Bruno um pouco chorosa sendo abraçada pelo seu marido Álvaro. Os dois olhavam para Ed e sua mãe com insatisfação, não pela presença dos dois, mas por provavelmente estarem esperando outras pessoas. Talvez a polícia ou qualquer um que trouxesse notícias dos meninos. Boas notícias.
Eduardo não vira mais ninguém. Nenhum do Soares nem o Mike, e ficou nervoso ao pensar que ele já estivesse sido levado também.
Olhando para o Ed, parecendo que só então notara que o garoto estava ali, Michelle abaixou um pouco com as mãos nos joelhos e disse
- Tudo bem Eduardo? - Não esperou por nenhuma resposta para conti-nuar - O Mike está tomando banho no quarto que vamos passar a noite hoje. A porta é a única no corredor dos quartos lá em cima que está aberta, por segurança sabe! - Não ajudou nada falar isso - Você pode ficar lá com ele um pouco... aqui em baixo só tem gente grande falando coisas complicadas, você ia ficar entediado rapidinho. Ok?
Ed não queria ir para o quarto naquele momento, queria mesmo era ouvir essas coisas complicadas que eles estavam conversando, mas preferiu não criar caso e parecer uma criancinha com medo de ficar longe da mãe. E mais, o Mike também podia lhe falar algo interessante sobre o que estava acontecendo. Ele estava na casa dos Soares desde cedo e com cer-teza ouvira bastante a conversa dos adultos. Então sem dizer uma palavra Ed seguiu a caminho das escadas sem presa, quase que se arrastando. E após subir as escadas e dobrar à esquerda no corredor dos quartos pode ouvir o início da conversa lá em baixo.
- Por que você disse para os policiais não procurarem nos esgotos abertos Álvaro? - Perguntou Michelle um pouco exaltada.
- É só que... não tem condições deles estarem lá dentro está bem. Esses bueiros estão explodindo, se eles estivessem lá dentro, já estariam mortos. - Disse Álvaro. O que fez sua esposa chorar mais ainda. Então tentou concertar - Meu amor não faça tanto barulho. O que eu quero dizer é que eles não estão se escondendo ou fugindo de nós, eles nunca fariam isso. O mais provável é que alguém tenha os levados.
Não melhorou nada, nem para quem estava lá em baixo com ele nem para Ed que ficava cada vez mais assustado.
- Edna, precisamos lhe falar mais uma coisa - nessa hora Michelle tentou falar mais baixo - Teve outro rapto, laveram o filho dos Castilhos. Luiz Castilho é o nome do garoto. Você o conhece?
Ed apavorou-se e resolveu deixar a conversa deles para lá já que estava muito ruim para escutar, ainda mais com os barulhos de choro que vinha do corredor que ele estava. Chegou bem perto da porta que estava vindo o choro e escutou o Sr. Soares sussurrando.
- Não se desespere meu amor - estava falando com sua esposa, Carmem. E era ela quem estava chorando incessantemente.
Ed andara escutando muito as conversas dos outros naquele dia, e mesmo achando que o errado era os adultos esconderem o que falavam dele, sentiu-se um pouco culpado por estar ali parado se inclinando, mas sem encostar na porta do quarto dos Soares ouvindo cada fungada triste da Sra. Carmem e cada sussurro acalentador do Sr. Soares tentando acalmar sua esposa. Só então Ed resolveu ir logo atrás do Mike.
A escada terminava bem no meio do corredor e Ed estava na metade esquerda dela. Havia quatro portas naquele lado e só a última estava aberta -Totalmente aberta - E com a luz acesa. Ed andou lentamente como se cada passada fosse importante. Como se um passo errado pudes-se acordar um dragão. Quando chegou na porta, ficou ali parado por alguns infinitos segundos. Tudo estava silencioso, e Ed não ouvia barulho de chuveiro. Talvez Mike já tivesse terminado o banho, mas onde ele estava então?
Ed se apavorou com essa ideia, mas mesmo assim resolveu finalmente entrar. Nem dera um passo completo para dentro do quarto e sentiu um forte porem atrapalhado impacto no rosto. Se desequilibrou e teve que segurar na porta aberta para não cair. A visão ficou meio turva e o quarto parecia girar ao redor dele. Não soube distinguir quanto tempo levou até conseguir perceber o que estava acontecendo, mas quando conseguiu enxergar direito viu a coisa mais nojenta da vida. Nenhuma fantasia de halloween ganharia daquilo no quesito bizarrice. Tudo que Ed conseguiu dizer ou pelo menos tentara, foi um quase alto "Eu quero vomitar".

O quinto elemento Where stories live. Discover now