Capítulo 05- O passado se reflete nas nuvens

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As nuvens são livres para ir a onde quiserem, mas estão fadadas ao destino de nunca pertencer a um lugar.
Elas estão presas a infinita liberdade, de sempre ir e nunca ficar.
— DeiseCristtina


                    O sol amanteigado do fim de tarde tocou a pele da garota, e como se o calor fosse bem vindo ela se esticou em direção a ele, em parte porque precisa e em parte porque queria espantar os pensamentos da mente.

Provavelmente iria chover em breve, então não havia nada de ruim querer ficar um pouco na luz do dia.

O pingente em forma de folha ela tirou de dentro da roupa e o pós para esquentar no sol, um detalhe de uma vida passada que nunca ficaria no passado.

Através da janela ela via vida fluir em Konoha, o lugar era grande até demais e facilmente perdia-se de vista o seu fim e se é que realmente havia um. O mundo parecia seguir sem ela, melhor sem a existência de alguém como ela.

E Hanaki pela primeira vez se deixou ver o mundo correr, a vida e as vozes lá em baixo e ela não teve pressa a medida que o sol descia no horizonte e a medida que ele baixava como se descesse uma longa escada para um breu escuro demais para pensar.

Uma palpitação alcançou a garota.

Era como um tictac continuo de um relógio invisível, como uma ampulheta descarregando areia rápido demais e ela sentia aquele tempo ressoar no coração, nas palmas das mãos suadas e no interior da mente que não se aquietava.

Era como se o desespero do mundo a tivesse tomado. O mundo sim seria melhor sem ela, talvez, talvez...

Mas se ela continua-se ali, se ficasse parada vendo o mundo fluir, vendo Konoha se agitar e se engrandecer ao medida que o sol deixava o horizonte a fazia enlouquecer.

Hanaki não pensou direto ao tomar banho, ao pegar sua mochila surrada e abrir a janela. Não houve dificuldade, talvez alguém tivesse ido limpar o quarto e esquecido de fechar a janela devidamente e isso foi bom, pelos bons deuses Hanaki pensou, aquilo havia sido ótimo porque um segundo a mais ela enlouqueceria.

No terraço dos prédios ela estava correndo como se o tictac do relógio estivesse chegando ao fim e a areia em algum segundo fosse acabar. O sol a sua frente se despedia com os últimos raios, como se a desejasse sorte.

O vento frio da noite que viria dali alguns segundos fez os cabelos brancos dela voarem, e se não fosse aquele desespero que estava se agarrando aos seus ossos ela teria visto, mas não viu. Um pé desceu errando um outro prédio e o resto do corpo foi em seguida.

Uma dor lascinante no tronco, um segundo em queda livre uma dor para além da realidade a atingiu com força nas costelas e no braço arrancando todo o ar do corpo e todo o pensamento da mente.

Houve um silêncio, o tic tac parou, a areia havia parado de descer e o desespero sumiu como se não tivesse existido, como se nunca tivesse acontecido como se a força que a forçou a sair do seu estado de paralisia simplesmente houvesse soltado a sua mão e mergulhado no silêncio.

***

O chão duro a havia a recebido com força, inerte mas tão pesado ao mesmo tempo. Hanaki não soube dizer se foram horas ou segundos que seu cérebro simplesmente se escureceu mas dor era real quando ela acordou, e tudo estava quente.

— Não riam, me ajude a levantar.

Ela soltou, como um suspiro de riso em meio a dor levantando o rosto pronta para ver as amigas a olhando rindo e a mãe vindo preocupada no fundo.

A Filha Do Rokudaime HokageWhere stories live. Discover now