4. Matar!

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Harry não conseguiu pregar os olhos na noite anterior

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Harry não conseguiu pregar os olhos na noite anterior. Olhava de forma insistente o teto do quarto, suspirando, se revirando pelo enorme colchão e sentindo-se pesado demais naquela cama. Era tarde para estar acordado, mas aproveitou-se das poucas horas de silêncio imensamente grato por estar sozinho. Os livros estavam espalhados pela escrivaninha, o abajur – daqueles psicodélicos com gosmas dentro e cores estranhas – continuava ligado no criado-mudo e as paredes azuis, com seus certificados emoldurados e medalhas, continuava a mesma coisa. Porém, a pessoa que estava deitada naquela cama, de alguma forma, sentia-se um tanto alheia naquele espaço. Ele nem gostava daquele abajur. Qual o sentido de olhar para aquelas medalhas mesmo? Era para se sentir entusiasmado, feliz ou orgulhoso?

Quando olhou para janela, o céu começou a ser pintado por um tom de lilás, ainda bem fraco, mas de fato, bem bonito. Harry não se lembrava da última vez que vira o sol nascer, mesmo quando adorava fazer isso diversas vezes, principalmente quando era acompanhado pelo leve soar do canto dos pássaros e a brisa leve que soprava pelos ares, não se lembra de uma única vez, desde que entrou na universidade, de ter apreciado algo como o que seus olhos enxergavam.

Levantou-se ainda meio sonolento, se enrolou em um roupão de bolinhas rosa, pôs as meias e desceu.

Harry pegou uma das canecas dentro do armário, procurando por qualquer caixinha de chá dentro da bagunça que era a cozinha e sente–se o homem mais sortudo do mundo, aliás, acabou de encontrar um sachê solitário de sabor camomila – realmente preciso de uma bela doce para acalmar os nervos – pensa. Quando começa a preencher com a água quente, o sabor doce e atraente impregna suas narinas o fazendo sentir ainda mais leve do que antes.

O grande acontecimento durante essa manhã, é que Harry agora resolveu sentar nos degraus na varanda da casa, com os dedos ao redor da caneca ainda quente, o corpo apenas envolto por pijamas, um roupão ridículo que ganhara da mãe do último natal e uma cabeça cercada por memórias avulsas e alguns questionamentos sobre várias coisas. Senta, observa, beberica um pouco da camomila. O céu começa a transfigurar–se em diferentes cores e tons. Quando começa a ver o céu em um tom laranja meio amarelado, começa a sentir a brisa das primeiras horas da manhã o aquecendo por debaixo do roupão e seus cabelos esvoaçam de forma graciosa ao logo de seu rosto.

Ele queria permanecer assim por muito mais tempo, admirando o nascer do sol e sentindo–se sozinho. Era quase como se estivesse descoberto o real sentindo do mundo apenas estando ali, admirando o que quer que o universo estivesse querendo lhe dizer, e de alguma forma, a beleza daquele lugar era quase como um lembrete das inúmeras coisas que não conseguia responder sobre si mesmo – merda, como conseguia ser tão profundo apenas observando a coloração do céu uma hora dessas? – e por alguma outra razão, lembra–se da sensação do jogo, do carro cheio de lama e de Zayn.

Com certeza não sabia lidar com opiniões negativas sobre si mesmo. Esse era o motivo de tanto esforço para que pudesse ser aceito, não era? Sorrisos pelas manhãs, conversas aleatórias no Campus – quando a última coisa que queria era estar dialogando com alguém – sexo com garotas ou garotos, as quais não achava nada de interessante, mas precisava, não precisava?

homewrecker || l.sWhere stories live. Discover now