13. Interrogatório

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Todas as vezes que Louis não se sentia parte de algum lugar, seus músculos agiam por impulso em busca de uma calçada e um pacote de cigarros. Atrás dele, uma casa de shows com letreiro neon estava abarrotada de adultos extremamente elegantes contra um garoto todo de preto e tênis rasgados. Em sua cabeça, um show de Enrique Iglesias em um bairro hippies não atrairia pessoas engomadinhas. E de todas as ironias do mundo, era que nem ele sabia ao certo o que estava fazendo sentado naquela calçada. Muito menos o porquê de estar esperando por outra pessoa.

Harry já estava do outro lado da avenida.

Louis levantou, apagando o cigarro, esmagando cada pedaço pelo asfalto e o esperou.

Nos poucos segundos em que o esperou atravessar a força dos carros avançando em alta velocidade, as luzes formaram uma trilha de caminhos ainda incertos, transformando o espaço entre os dois um labirinto difícil de trilhar. Entre vultos da velocidade, existia a possibilidade minúscula de Harry ser visto com a feição preocupada, mas diferente. Não existia boné enquanto seu corpo atravessava a massa preta dos carros, não existia esportes ou qualquer blusa regata quando as luzes do meio fio iluminaram o seu rosto por completo.

Louis sorriu.

– Oi.

Existiam milhares de vozes espalhadas pelo mundo. E não tinha a menor razão de aquela, justamente aquela, a ser a que tivesse feito uns leves arrepios aparecerem de modo repentino por todo o corpo de Louis. Não mesmo. Da maneira mais simplista, ele estava ali do seu lado. Uma linha formada no seu rosto um pouco parecida com um sorriso como se estivesse tentando escondê–lo. Uma camisa de botão totalmente preta. Os cabelos recém-lavados caindo pela testa. Um Styles ­estava costurado na parte esquerda da camisa. Aquilo era uma marca ou uma camisa destinada somente a ele? Louis processou.

– Louis?

– Bom te ver sem nenhum boné ou camisas de futebol. Decente.

– Bom te ver também. – ele sorriu. – Como sempre?

– Isso foi um sorriso sarcástico?

–Foi?

– Vai querer entrar ou não? – Louis perguntou, ainda com os braços cruzados, tentando esconder a risada presa em sua garganta. Aquilo fora um comentário plausível? Não sabia dizer.

Harry o pegou pelo pulso.

Louis apenas o seguiu, sem pensar em significados ou no quanto a música ficava mais alta quando se aproximaram da porta.

...

            Podia sentir o cheiro de cigarro misturado ao suor da multidão

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            Podia sentir o cheiro de cigarro misturado ao suor da multidão. O grande salão praticamente preenchido em todos os cantos. Os bancos do balcão do bar estavam vazios. O barmn vestia uma camisa branca com as mangas dobradas ate o cotovelo. A mancha de suor em suas costas era quase tão nojenta como a cor preta nas suas unhas. As luzes era vermelhas e amarelas, além do som ensurdecedor os altos falantes.

– Dois shots de tequila, por favor. – Harry gritou, apoiando–se na madeira antiga. – Louis! Vai tomar ou quer que eu peça uma cerveja?

– A tequila! – ele respondeu gritando. – E você já está liberado para beber, Styles?

– Tenho um papel escrito pelo médico se você quiser checar depois! – Harry encostou um pouco mais perto de Louis, gritando próximo ao seu ouvido. – Feliz que somos amigos!

Louis sorriu.

– Quem te disso isso?

– Eu estou dizendo. Já posso ver você reclamando da vida no meu carro enquanto eu bebo limonada. Você não vê?

– Harry Styles, Quarterback, o maior e melhor de todos os tempos, anda imaginando como seria se em um mundo paralelo onde eu e ele somos amigos! Que maravilha! E eu ainda nem bebi. – Louis gritou, sinalizando ao barman que trouxesse mais dois shots de tequila. – Estou me sentindo um tanto miserável hoje por estar aqui Harold.

– Eu não entendo você, sério.

Os dois beberam mais um shot da tequila.

E mais outro.

– O fato de eu ter te chamado para assistir esse show não foi para que pudéssemos ser amigos ou qualquer outra coisa.

– Estava tentando ser gentil? – Harry respondeu, ainda meio atordoado com a conversa e a sensação do peito queimando. – Nah, não vem com essa.

– Nós somos complicados.

A música parou. Alguém bateu no microfone. "Um, dois, um dois, testando"

O show vai começar, vem! – Harry gritou, mas antes que Louis pudesse responder a qualquer coisa, seu corpo já começara a cortar caminho no meio do salão até que chegassem para mais perto do palco. – O que você quis dizer com "nós somos complicados"?

– Eu me sinto mal pelo o que eu fiz, mas não é como se fosse algo tão ruim. É  que geralmente acontece. Se eu penso em algo, eu vou lá e faço. Não penso em nenhuma consequência, depois tenho que fazer tudo certo e consertar a burrice. Parece um puta de loop infinito que nunca acaba.

– Então você admite que todas as vezes que você foi legal ou não me enche de xingamentos, foi pelo fato de sentir mal pelo o que fez?

– É, talvez! Eu não sei! Mas ei... Você não foi tão bom comigo também!

Alguém no palco começou a agradecer pela presença, mas os dois estavam lado a lado no meio do salão. Ombro com ombro, discursando sobre o que um havia feito. Sobre o que aconteceu.

– Desculpe se eu fiquei zangado por alguém ter enchido meu carro de lama. Foi realmente uma reação desproporcional.

– Se eu tivesse conhecido você em outra situação, eu ainda acharia você um cara altamente chato.

– Eu também. – Harry respondeu sorriso. – Mas eu gosto de você.

A bateria. A batida. Os gritos.

Louis permaneceu imóvel enquanto seu corpo era empurrado em diversas direções pela multidão. O show havia começado. Harry continuava ao seu lado sorrindo, respondendo aos gritos e com as mãos no alto.

Quando Duele El Corazón começou. Seus dedos entrelaçaram aos dedos dele. Não havia nada a ser feito. Seu coração sentiu e os pés se moveram ao som da música. Os dois estavam envoltos em algo maior do que o universo pudesse explicar. Nesse momento, todas as listas, as paranoias, as coisas que Louis acreditavam estavam esvaindo–se pelo suor e o intenso olhar direto em seu rosto. O quanto era legal ter dois corpos ocupando o mesmo espaço, desafiando a física e atraindo polos tão diferentes. As mãos grandes seguravam suas costas. As testas estavam juntas. As pernas moviam em perfeita sincronia. Existia felicidade, misturada com suor, incertezas e muita energia. E ao som de Enrique Iglesias, Harry murmurou próximo a boca de Louis.

– A única coisa que me impede te beijar agora, é que meu melhor amigo é apaixonado por você. E eu nunca faria isso.

Louis fechou os olhos, com as duas mãos afundadas na nuca dele.

– E isso faz com que eu goste ainda mais de você, Harry.

Louis pensou "merda, isso é uma merda". Mas já era hora de Bailando. Harry o rodou no meio do salão com um enorme sorriso no rosto. E ainda que sua cabeça gritasse para que corresse para calçada, permaneceu colado ao corpo dele.

E cantou.

Bailando! Bailando!

...

homewrecker || l.sOnde histórias criam vida. Descubra agora