Vampira Infernal †

Capítulo 01 - Sangue

"Seus olhos escarlates refletiam a frieza de seu coração."

               Uma lufada invadiu o quarto e soprou os cabelos vermelhos da jovem, chacoalhando-os tão forte quanto as cortinas rubras que enfeitavam sua janela. Contudo, as mechas que insistiam em dificultar sua visão, não foram o suficiente para que ela tirasse os olhos dele.

A silhueta do homem era a única coisa que manchava a neve clara e congelante. Sua face estava coberta por um capuz negro, e a maior parte do seu corpo estava na penumbra da noite, escondendo-se da luz natural da lua. E embora sua cabeça estivesse erguida, o capuz negro projetava uma sombra sobre seu rosto, impossibilitando que ela pudesse ver algo além daquele par hipnotizante de olhos.

O brilho misterioso dos olhos dele era tão forte quanto o vento infernal que abatia o corpo de Ketheryne. De alguma forma, ela se atraiu por ele, como uma mariposa se atrai pela luz. E mesmo que seu corpo gritasse para ficar longe, ela queria poder alcança-lo. Seu peito fervilhava sobre os olhos dele, embora o frio estivesse congelando a superfície de sua pele perolada.

── Ainda acordada! ── a voz feminina e suave de sua mãe invadiu o quarto.

Despertando rapidamente daquele transe, Ketheryne se virou contemplando a figura materna escorada na viga da porta. Os olhos de sua mãe eram sempre misteriosos, Ketheryne nunca conseguia decifrá-la.

Ela voltou sua atenção para o lado de fora da janela, contudo a figura negra que vira agora a pouco já não se encontrava mais lá.

── Eu não consigo dormir! ── respondeu calma.

── Ah, querida. ── Esther lamuriou caminhando na direção da jovem. ── O que está lhe incomodando? ── perguntou tocando delicadamente no braço de Ketheryne. ── Teve outro pesadelo? ── perscrutou.

Ela negou com a cabeça, embora o palpite de sua mãe tivesse sido exato. Ela teve outro pesadelo, mas desta vez, eles foram interrompidos pelo vento frio que invadiu seu quarto. Então, quando ela se levantou para fechar a janela, se deparou com aquela figura misteriosa lá fora, no meio da neve, sozinha. O fato de ter um desconhecido no meio da nevasca não á assustava, o problema era que ela havia sonhado com aquele exato momento alguns dias atrás, como se aquele sonho tivesse se transformado em realidade.

── Sonhos podem tornar-se realidade? ── indagou Ketheryne virando-se para analisar os olhos azuis de sua mãe.

── O sonho é fruto de uma ideia suficientemente real dentro de nossa mente. ── sorriu. ── Então, todos podem se tornar realidade.

── É se for um sonho ruim? ── murmurou baixo.

── Bom, se um dia ele se tornar realidade...terá de enfrenta-los.

── Como saberei se sou capaz de enfrenta-los? ── perguntou curiosa.

── Não saberá! Mas, não importa. Você é forte, e nunca estará sozinha. ── sorriu.