*ASLEEP*

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Pela primeira vez em muito tempo, sentia-me confiante e feliz. O vestido axadrezado que me cobria o corpo fazia-me sentir bonita e os meus cabelos foram finalmente soltos das suas tranças, pelo que os deixei balançar livremente sobre as minhas costas. Michael sorriu quando me viu, e eu não consegui evitar corar, gostando de o ver de fato e gravata. O seu cabelo também parecia diferente, mas não tive coragem de lhe dizer que gostava de o ver assim.

"Parabéns!", ele felicitou, mantendo as mãos atrás das costas. "Doze anos! Estás a ficar velha!"

"Idiota.", revirei os olhos. "Sabes, não precisavas de te ter vestido a rigor."

"Eu quis.", sorriu. "Tu mereces que eu me aperalte." Depois de o convidar a entrar dentro de casa, Michael tossiu ruidosamente e respirou fundo. Ele parecia nervoso, mas eu decidi ignorar. "Isto é para ti. Não sabia o que te oferecer mas...", ele esticou uma pequena caixa embrulhada em papel dourado.

"Oh...", peguei nela e abri-a. Lá dentro, uma pequena pedrinha de cristal brilhava. Não sabia o que era suposto fazer com aquilo, mas sorri na mesma. "É bonita... obrigada."

"Eu apanhei-a na praia.", encolheu os ombros, "Combina com os teus olhos."

"Obrigada, Mike."

Aquilo deixou-me desconfortável, mas acabei por forçar um sorriso e correr até à cozinha, onde Elsa acabava de enfeitar o meu bolo de aniversário. Seria eu, Michael, e alguns dos meus primos. Continuava sem amigos e já nem me esforçava para os tentar arranjar. Contentava-me com a companhia de Michael, por mais que isso me pudesse fazer mal. Ele lembrava-me sempre o falhanço que era a minha vida, e eu sabia que se nos mantivéssemos juntos por mais tempo, acabaríamos como um daqueles casais aborrecidos. Eu não queria que as coisas fossem assim, e, por mais que gostasse dele, sabia que a decisão da minha mãe fora a melhor. Só faltava mesmo contá-la a Michael, e esperar que ele reagisse bem.

"Michael...", sentei-me ao seu lado no sofá. "Quero falar contigo."

"Diz.", um sorriso cresceu-lhe nos lábios, e vi as suas bochechas mudarem de cor. Eu sabia o que lhe ia na cabeça, mas tentei controlar-me antes de dizer porcaria.

"Eu vou viver para Londres."

"O quê?", ele engasgou-se, retomando a sua expressão séria. "Estás a falar a sério?"

"Hmhm.", anuí. "A minha mãe aceitou um emprego lá e nós vamos mudar-nos."

"Vai ser temporário?", questionou.

"Não. Vai ser definitivo."

"Isso quer dizer que eu... nunca mais te verei?"

"Sim, Michael. Tu nunca mais me verás.", encolhi os ombros, triste por estar a fazer-lhe isto. "Vais acabar por me esquecer, tonto.", ri-me, tentando aliviar o clima pesado.

"Não, não vou.", ele baixou o rosto, parecendo à beira das lágrimas. "Esquecer-te é algo que eu nunca farei."


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isto é triste.. 

preparadas para o próximo!? :)

ella

Social Casualty II ಌ m.cOnde histórias criam vida. Descubra agora