{00} - DEAR PAST

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       Sábado de 2008.

         O verão havia chegado, e não existia nada mais prazeroso do que um dia de sol na Inglaterra, ou duas xícaras de chá à tardinha com um pouco de biscoito. Mas acontece que verão era significado de férias, e férias significa viajar para algum lugar legal. O acampamento de verão era um desses lugares legais para se passar as férias, e também era um daqueles lugares que os pais enviavam seus filhos para que a casa ficasse em silêncio por pelo menos algumas semanas. Apesar disso, para as crianças de nove à doze anos, era o lugar mais divertido, entusiasmante e cheio de novidades de todo o mundo.
Era por isso que as crianças já estavam correndo de um lado para o outro antes mesmo de chegarem aos portões do acampamento, porque era o lugar mais divertido de todos.

A instrutora Robs berrava para que eles parassem com a gritaria sem fim, mas era óbvio que ninguém se importava com o que a mulher tinha a dizer. Ela era nova no acampamento, talvez por isso ninguém lhe desse ouvidos, devia ter seus bons 22 anos e esse deveria ser o seu primeiro trabalho, já que tremia como vara verde olhando os mais jovens correrem descontrolados.
Em um espaço mais afastado, onde nenhum grito interrompia o silêncio das árvores longas que balançavam lentamente em suas danças calmas, e onde nenhum raio de sol as atravessava graças a sua espessura, um grupo de crianças brincava de esconde-esconde.
O mais novo deveria ter sete anos, mas era tão alto quanto o mais velho, que tinha onze.
— Prontos ou não, aí vou eu! — gritou, tirando as mãos dos olhos. A claridade fez com que sua visão ficasse desfocada, mas quando os ouvidos detectaram movimentos, a criança riu alto e correu em direção ao som. Ela caminhou a passos calmos em direção à uma árvore velha, onde alguém se escondia. — Eu peguei você! — a criança gritou aos risos, agarrando a manga do casaco vermelho. — Ha, ha! Sabia que iria te encontrar primeiro. Tão previsível.
E assim foi, as crianças foram sendo encontradas uma por uma, e a brincadeira continuou até que um grito alto e assustador ecoou entre as árvores, fazendo-os gritar sem nem ao menos entenderem o porquê. A sensação de terror que se instalou ia aumentando conforme os gritos que crianças correndo em direção contrária ao primeiro grito ecoavam nos ouvidos dos outros.

E apesar de algumas crianças estarem correndo em direção contrária, outras corriam na direção do local de nascença do primeiro grito, porque algumas crianças são assim mesmo: elas correm em direção ao perigo ao invés de correrem para suas mães. Como uma abelha atraída pela luz. Quando finalmente pararam de correr, eles arregalaram os olhos ao encontrarem o local de nascimento do primeiro grito, onde tudo parecia como em um filme de terror ao meio-dia.
O choro começou em seguida, a maioria saiu correndo como os que já haviam chegado até a instrutora Robs com medo do que seus olhos haviam visto por curiosidade. Mas duas das crianças mais novas permaneceram paradas sobre o barranco de pedras.
Os olhos castanhos de um garotinho de aproximadamente dez anos voaram para o rosto inexpressivo ao seu lado. Eles pareciam petrificados na imagem de terror da vida real.
Os fios dos cabelos curtos voavam de um lado para o outro com a pouca brisa que atravessava as copas das árvores e chegavam até ambos, a nuca exposta tinha um grande machucado roxo, como aqueles que o garotinho dos olhos castanhos possuía depois de uma queda ou uma surra. O casaco de mangas amarelas possuía rasgos, como se houvesse brigado no intervalo da aula ou coisa do tipo. Seu rosto ainda tinha aquela expressão impassível, como se eles não estivessem parados de frente para o cadáver de uma das crianças que estavam brincando.

— O que aconteceu? — o garoto de olhos castanhos perguntou, curioso. — Ela caiu?

Quis saber, apesar de compreender o quão difícil seria para a garotinha ter caído, porque, apesar de ter apenas dez anos, já assistia filmes criminais suficientes para imaginar toda a cena de outro ângulo. E aquela não se parecia nada como uma cena de queda. Parecia algo mais.

— Eu a matei.
— Você... — seus olhos voaram do rosto com uma mancha pequena de terra até o corpo caído nas pedras, morto. — Como é? — sua voz entalou. — Você a matou?!
E apesar de seu coração estar batendo forte como uma locomotiva, o garoto de olhos castanhos não se moveu ou teve medo, ele apenas continuou encarando o corpo da garota.
Podiam ouvir os gritos da instrutora Robs, e a pesar de terem que se afastar, eles não pareciam querer isso, pareciam apreciar a imagem da garotinha ensanguentada e sem vida embaixo deles.
O garoto de olhos castanhos a conhecia. Seu nome era Ella, e ela era nova no acampamento, assim como muitos dos garotos que ele havia chamado para brincar de esconde-esconde.

De algum modo, ele estava aliviado por ter chamado tantas crianças para brincar. Sua mãe sempre lhe disse para convidar os outros para suas brincadeiras porque era educado, porque crianças devem interagir e ser legais umas com as outras. Nunca gostou muito de ter que brincar com alguém que não conhecia, mas agora, vendo-a morta naquele barranco, ele agradecia a mãe por ser tão inteligente e por ter tantas crianças no acampamento. Até porque alguém tinha que morrer, não importa quem fosse, contanto que não fosse ele. Por isso estava aliviado por ter tantas crianças envolvidas na brincadeira, porque isso o salvou.

O dono dos olhos castanhos e falta de palpitação no peito por causa da garotinha morta se agachou, tentando ter uma imagem melhor de toda a cena. Ele ergueu a cabeça.
— Porque você a matou? — ele quis saber. Ella havia sido atingida na cabeça, e depois, provavelmente, havia sido empurrada em um emaranhado de predas. — Ela era má?!
— Não, bobinho. — sorriu, limpando a bochecha suja de terra. — A matei porque quis.


Aloha, aloha!! Eu não posso acreditar que essa é a primeira nota do meu quinto livro publicado aqui no Wattpad

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Aloha, aloha!! Eu não posso acreditar que essa é a primeira nota do meu quinto livro publicado aqui no Wattpad. Chega a me dar dores de barriga pela emoção kakaka. Como vocês podem ter percebido, esse é um capitulo 00, ou seja, é apenas a pré estreia e o "começo" do nosso mais novo assassino em série. A estreia real está prevista para depois do final de EMILY PARKER.

Eu espero de todo o coração que vocês curtam, que possam se divertir aqui e rir comigo quando as tramas e as apostas começarem a rolar sobre quem é quem nesse livro. TODO O MEU SUCESSO VEM DO AMOR DE VOCÊS, vamos fazer barulho em DF!

All the love, Hally


Dear Frankie {hiatus}Where stories live. Discover now