7 • Profecia

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Lembre-se: a realidade é uma ilusão, e o universo, um holograma.

✿✿✿

•Dipper

- Nem acredito que eles chegaram. Tenho tanta coisa para contá-los! - Eu comentei, descendo as escadas de dois em dois.

- Eu também! Pelo que o Soos disse, eles vão nos trazer presentes. Mal posso esperar para ver o que são!

Irrompi na cozinha, olhando em todas as direções. Melody me olhava de olhos arregalados, provavelmente assustada com minha chegada repentina.

Cumprimentei-a com a cabeça e fui para a sala de estar. Sem sinal de nenhum dos tivôs, mas sim do Soos. Ele estava sentado no sofá, assistindo Baby Fights.

- Bom dia, Soos.

Só então ele me notou ali. - Oi, Dipper! Bom dia.

- Soos, a Mabel disse que você disse que os tivôs chegaram. Sabe me dizer onde estão?

Ele arqueou uma sobrancelha, fazendo cara de perdido. - Minha nossa, eu não falei nada isso. Eu falei que os tivôs provavelmente chegariam de noite, a tempo de jantar com a gente. Mabel entendeu tudo errado.

- Ah, não pode ser - Resmunguei. - É bem a cara dela, mesmo. Eu já devia saber.

Bem na hora, Mabel chegou saltitando em minha direção. - Eai, Dipper. Cadê eles?

- Eles não chegaram, Mabel. Você devia prestar mais atenção no que te dizem. Soos disse que eles vão chegar a tempo para o jantar, e não que eles já chegaram.

- Aaahhh... - Ela ponderou por um instante. - Mas isso é uma ótima notícia! Assim, tenho tempo de preparar uma refeição especial para eles! Talvez eu ponha em prática a receita especial da vovó, de pato assado.

Eu não sei se deveria ficar animado. Mabel tinha feito um curso de culinária juvenil há algum tempo. Ela até cozinhava bem, mas de vez em quando tinha uns surtos e colocava tinta rosa ou purpurina na comida, e eu não estava a fim de comer o cocô da Barbie.

Mabel foi embora saltitando. Olhei de volta para o Soos, mas ele já tinha ido para a loja. Eu estava sozinho. Desapontado e sozinho.

A notícia de que os tivôs tinham chegado me deixou tão pilhado que agora que eu eu sei que era mentira, estou super para baixo. Até perdi a vontade de tomar café. Olhei para o mundo lá fora através da janela, e já sabia o que queria.

Bill me deu um susto ontem de manhã, quando eu estava no Greasy's Diner, mas desde que cheguei em Gravity Falls eu estive com vontade de simplesmente sair e explorar a floresta. Não fazia isso há muito tempo, e mal conseguia imaginar quantas coisas mudaram desde então. Também tive saudade do desconhecido. Da adrenalina e dos momentos de tensão nas antigas aventuras.

Botei comida numa mochila e saí pela porta dos fundos sem avisar ninguém.

Na floresta, tive a oportunidade de rever muitas coisas, como aquele cogumelo cerebral, anões, cristais de alteração de formas. Vi coisas novas também. Passei por uma área aberta onde um rebanho de ovelhas pastava pacíficamente. Talvez fosse por causa da iluminação natural, mas a lã daquelas ovelhas parecia mudar de cor a todo momento.

Próxima delas, havia uma cabaninha muito humilde. Fumaça saía de uma chaminé, então havia alguém morando nela.

Só para confirmar meu pensamento, a porta se abriu de supetão, e uma senhora surgiu de dentro. Eu sai dali de perto o mais rápido que pude, me sentindo um invasor.

Gravity Falls é tão estranha que, agora que parei para pensar, talvez a lã daquelas ovelhas seja mesmo colori-AI!

Fui ao chão gloriosamente. Massageei meu pé dolorido com vigor. Perdido em pensamentos, nem notei quando chutei uma pedra enorme durante a caminhada.

Me afastei um pouco para ver melhor o que eu havia chutado, e quão surpreso fiquei ao descobrir que o que eu chutei não era uma simples pedra, mas o próprio corpo petrificado de Bill.
Olhar para ele era estranho. Parecia que ele me encarava, que olhava dentro da minha alma. Mas acho que mais estranho ainda era ter me acostumado com o Bill humano, e agora ver seu antigo corpo triangular.

O pensamento me fez ponderar a respeito da estranha mudança de forma dele. Certa vez, eu e Mabel encontramos um axolotl gigante, no espaço-tempo que fica no meio do espaço e do tempo. Eu sei que é estranho, mas o Axolotl devia ser algum tipo de Oráculo, porque ele me deu a seguinte profecia quando perguntei o que ele sabia sobre Bill Cipher:

"Sixty degrees that come in threes.
Watches from within birch trees.
Saw his own dimension burn.
Misses home and can't return.
Says he's happy. He's a liar.
Blame the arson for the fire.
If he wants to shirk the blame.
He'll have to invoke my name.
One way to absolve his crime.
A different form, a different time."

Tradução livre:

"Sessenta graus que vem em três.
Das árvores de bétula, vê vocês.
Viu sua dimensão natal queimar.
Sente falta, mas não pode retornar.
Diz estar feliz. Está mentindo.
Incêndio culposo, chamas rugindo.
Se ele quiser da culpa escapar.
Meu nome ele terá de invocar.
Para anular seu crime, um só jeito.
Uma nova forma, em outro tempo."

Não entendi boa parte da profecia, mas esse final me intrigou bastante. Uma nova forma, em outro tempo? Será que isso quer dizer que Bill se tornou humano para se redimir dos seus crimes? Parece tão óbvio e tão simples que chega a ser inacreditável.

É impossível que aquele demônio maligno que petrificou pessoas por diversão tenha magicamente ficado do bem. Se depender de mim, ele não vai sair vivo dessa. Bill já nos fez muito mal no passado. Não estou disposto a passar por aquilo de novo.

Fiquei o dia inteiro explorando a floresta e pensando a respeito da profecia. Almocei as coisas que boteu na mochila ali mesmo, emeio ao verde. Ao ver que já estava anoitecendo, decidi voltar para a cabana. A noite esconde muito mais perigos, e eu não estava a fim de presenciá-los.

✿✿✿

Gente, é o seguinte: a história do Axolotl e da profecia são canon (oficiais) e eu vou falar sobre elas no próximo capítulo, para quem estiver interessado.
Até mais, leitores vorazes!

Chuva de Verão ✿ BilldipWhere stories live. Discover now