FIVE.

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          Deixei o bar em comando de uma das Damas e fui em direção do meu quarto. Escutei alguém chamar meu nome, mas estava triste demais para me importar.

          Fechei a porta, trancando-a em seguida. Escutei algumas batidas e me afastei da porta.

— Uriah, por favor, abra a porta... por favor! — Era Boggs.

          Ele tentou girar a maçaneta, sem sucesso. Então bateu mais uma vez.

— Uriah, me escuta. Você sabe que eu e você é real. O que Shantel disse não interfere em nada dos meus sentimentos por você — ele parecia um pouco desesperado. — Uriah, eu... eu amo você.

          Fechei os olhos. Desta vez eu soluçava. Sempre quis ouvir isso de Boggs, mas veio em um momento em que eu não podia ser egoísta. Havia outra pessoa que amava Boggs como eu, talvez mais intenso do que eu. Havia alguém, em outro quarto, desesperada para ouvir isso dele. Eu era o suficiente para ele? Shantel estaria certa? Sou muito nova para ele...

— Uriah, por favor, abra a porta. Eu... — ele estava com a voz embargada. — Droga, Uriah, abre a porra da porta! Eu não vou sair daqui até você abrir...

          Ele continuou batendo, cada vez mais forte.

— Tudo bem, eu vou abrir! — gritei para ele.

          Quando ele parou, eu destranquei a porta e dei alguns passos para trás. Boggs abriu a porta e seu rosto tinha algumas lágrimas secas. O vi parado, arquejando, ele deu alguns passos e entrou no quarto, fechando a porta atrás de si. Ouvi o barulho da tranca.

— Ela está certa, não está? — Tentei segurar o soluço. — Que droga estamos fazendo, Boggs?

          Ele aproximou devagar.

— Sou nova demais pra você. Não sou boa o suficiente pra aguentar tudo isso. Eu e você não podemos ficar juntos...

— Não diga isso.

          Eu senti que iria desmanchar por dentro de tanto chorar.

— Eu também te amo — falei entre lágrimas. — Eu não queria, mas não posso evitar. Eu amo você.

          Boggs deu vários passos até mim até que pegou em meu rosto e me beijou duramente. Mas continuava perfeito. Parecia que seus lábios se encaixavam nos meus perfeitamente. Rodeei meus braços em seu pescoço e o puxei para mais perto. Nos abraçamos apertado e ele voltou a pegar no meu rosto. Boggs limpou minhas lágrimas e parecia genuinamente feliz.

— Vamos dar um jeito, eu prometo.

         Concordei com a cabeça e escutamos uma batida na porta.

— Uriah?

          Era Luke.

— Uriah, podemos conversar? Preciso falar uma coisa com você.

          Sentindo meu coração bater contra meus tímpanos, eu pedi para que Boggs se escondesse no armário ou debaixo na cama.

— Sério? Temos cinco anos? — ele parecia bravo.

— Por favor, Boggs.

— Você precisa contar para ele, Uriah. Agora.

— Ele é o seu filho, Boggs!

— E você está dando abertura pra ele — ele sussurra. — Conte pra ele.

          Boggs se escondeu no closet e fui ao meu espelho para retirar as lágrimas secas, a maquiagem borrada e aliviar um pouco da cara inchada. Passei maquiagem, limpei o excesso e soltei os grampos.

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