Dois

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Oie bolinhos, tudo bem com vocês? Acho melhor já avisar que depois desse capítulo o os outros personagens já vão aparecer tá? Me falem o que vocês estão achando sobre a fanfic. Boa leitura

Faltavam menos de 24 horas para eu ganhar uma nova vida. Se eu estava animado com isso? Não. Além do fato de estar morto, existem muitas outras coisas ruins em ser um Anjo. Você não come, não dorme, não sente... Você é apenas vazio. John sempre insistiu em dizer que existiam lados bons em ser um de nós, eu nunca acreditei muito nele. Diferente de John, que ajudava alguém, eu geralmente não conseguia ao menos fazer com que duas pessoas que tinham tudo para dar certo, realmente darem certo. Era tudo uma piada. Isso me fazia questionar o porquê de não ser um Ajudante, talvez eu não fosse ser tão inútil e tão amargo com as coisas ao meu redor.

Eu não sabia como eles acham que eu poderia ser menos do que rude com aquele lugar. O fato de ter que ajudar em um final feliz fazia com que eu quisesse vomitar. Eu me perguntava onde estava o meu Anjo quando um bêbado me atropelou, onde estava o meu Anjo quando toda a minha vida simplesmente desmoronou, onde estava o meu Anjo guardando o meu final feliz... Talvez ele apenas fosse tão ruim quanto eu.

-Eu daria a minha vida pra saber o que tanto você pensa. – John disse. Estávamos sentados um de frente para outro. Sempre fazíamos isso quando o tédio começava a surgir, conversávamos sobre tudo ao nosso redor.

-Sorte a minha que você não tem mais vida. – Respondi e ele sorriu o que me fez sorrir. Era impressionante o quanto nós éramos apenas... Eu não sei. Eu gostava dele.

-Eu vou sentir sua falta. – Eu também iria, mas eu resolvi não dizer então apenas assenti. Ele sabia o que aquilo significava. – Você é tão rabugento que às vezes eu esqueço que você era escritor de romances... E noivo.

-Eu era melhor do que isso. – E eu era mesmo. – Eu só não aceito tudo o que está acontecendo.

-Eu acredito que tudo acontece por alguma razão maior, Mikey. – O olhei com desdém. – Já entendi.

-Ótimo. – Não seria a primeira vez que entraríamos nessa conversa – Eu vou poder falar com você, quando eu for humano?

-Por quê? Você sentiria a minha falta? – Riu e eu dei um leve tapa no seu braço– Eu acho que sim. Você precisa se comunicar de alguma forma.

-Ótimo, eu acho que surtaria se não pudesse. – O sorriso que eu dei talvez tenha parecido com uma careta.

-Talvez seja ótimo pra você. –Eu sabia que ele apenas estava tentando ser gentil. Um dos grandes problemas em um Anjo voltar para a Terra era o fato de muitos irem atrás de seus familiares, por esse motivo pessoas com menos de 10anos de morte não voltavam. Eu tinha três. Não tinha lógica nenhuma eu voltar,mas pensando bem não tinha lógica eu ser um Anjo e tinha menos lógica eu morrer um dia antes do meu casamento, e olha onde eu tinha parado.

-Eu tenho medo de correr para ele. – John sabia de toda a minha história e por isso eu sabia que quando ele dizia aquelas coisas eram apenas para tentar me confortar.

-Se te mandaram para lá é porque eles acreditam que você não faria isso. – Bom,eu não acreditaria tanto assim se fosse eles – Vai dar tudo certo. – Ele pegou as minhas mãos e me trouxe para perto dele e me abraçou até que eu ficasse praticamente deitado na sua perna – Você sabe o que acontece com um Anjo se ele beija um humano, certo?

-Eu não vou nem tentar entender o que você está tentando insinuar com isso. – Eu levantei meu olhar até ele, mas permaneci na mesma posição.

-Eu só quero que tenha cuidado. – Eu deveria ter anotado aquilo de: Ter cuidado.

~*~

Depois de longas horas de conversas com John e alguns passeios para poder ver quem de novo tinha morrido, eu resolvi que já estava na hora de encarar a realidade: Eu estaria vivo em pouco tempo.

Assim que cheguei à sala pude ouvir Mark, o Líder, e a mulher de ontem conversando sobre algo; "Ele precisa fazer isso." Foi a ultima coisa que Mark disse,antes de perceber que eu estava lá. Aproximei-me, lentamente, esperando que eles me dissessem para voltar depois, mas eles sorriram como se pedisse para eu chegar mais perto.

-Michael... – Disse – Vejo que está preparado...

-Não. – O interrompi. Realmente, um discurso era tudo que eu não queria ouvir naquele momento – Só quero começar, para poder acabar logo com isso.

- Algum dia, você irá mudar sua opinião sobre esse lugar.

Aquilo não iria acontecer. A mulher – que eu não sabia o nome ainda – estendeu a mão para que pudesse me levar ao local. Eu a peguei e pude ver Mark indo embora.Eles nunca deixavam de sorrir, e isso era muito irritante.

-Está nervoso? – Perguntou olhando para mim, enquanto andávamos por um imenso corredor. Eu não respondi e ela voltou a falar – As pessoas, geralmente, ficam.Mãos soadas, olhares confusos e muitas perguntas. Você é diferente, nem se quer demonstra alguma dessas coisas.

-Eu estou bem. – Mentiroso. – Eu só quero acabar logo com isso.

-Talvez não seja de todo mal, Michael. – Porque todos falavam aquilo? Sim, eu concordo que talvez eu tenha uma tendência a ser tão pessimista com tudo que envolve aquele lugar, mas voltar a ser humano apenas para morrer depois não me soa uma coisa boa – Eu entendo que você tenha uma relutância a esse mundo, mas...

-Eu morri um dia antes do meu casamento. Um dia antes. – Parei de andar e não esperei que ela olhasse pra mim para continuar – Onde estava o meu Anjo? Porque eu tenho que ajudar as pessoas, se ninguém me ajudou? Eu não sou hipócrita de dizer que me importo com alguém, porque eu não faço. Não mais.

- Algumas coisas não precisam ser explicadas. – Quando ela olhou pra mim, o sorriso dela não estava mais lá.

- O meu problema, e o da metade da população, é achar que final feliz existe. É apenas o final. – Eu não esperei uma resposta, ou qualquer sinal que ela tivesse me escutado, e apenas continuei seguindo em frente.

~*~

-Chegamos. – Estávamos parados de frente a uma porta, e eu já poderia imaginar o quão clichê aquilo seria. Eu entraria naquilo e, milagrosamente, aparecia em qualquer lugar na cidade. – Isso não é um portal.

-Sério que você não lê mentes? – Perguntei.

-Eu sou um Anjo, não uma fada. – O sorriso dela era cativante, na verdade, tudo nela te trazia uma paz, até mesmo pra mim. Os cachos em cor preta desciam em camadas pelo seu ombro e o seu intenso olhar era de um castanho que eu não sabia se existia na Terra. Talvez seja algo de Anjo – Você vai se sentar naquela cadeira e irá dormir.

-Anjos não dormem. – Respondi como se fosse óbvio.

-Nessa sala sim. – Ela apontou pra grande cadeira, tão branca quanto à sala, e eu fui até lá. Fiquei parado entre ela e a poltrona e meu corpo inteiro,simplesmente, parou de funcionar. – O que?

-Eu não posso fazer isso. – Não sei se dizia aquilo para avisa-la ou apenas porque eu precisava dizer aquilo em voz alta – Quer dizer... Eu vou atrás dele.– Pela primeira vez, desde que eu tinha chegado àquele lugar, minha voz não saía tão forte e confiante. Eu tinha voltado aos tempos que eu era apenas um garotinho. – Eu não sou bom nisso... Porque vocês estão fazendo isso comigo? –Me virei para poder olha-la – Era pra eu aprender alguma lição? Eu já aprendi... Eu não quero ficar longe do John, eu não quero me apegar alguém apenas para morrer de novo. Eu não quero morrer mais. - Os olhos delas não demonstravam mais alguma alegria, tudo o que eu podia distinguir era pena.

-Eu queria poder ajudar, Michael, mas eu não posso. – Nem mesmo sua voz tinha conseguido me acalmar. Eu não sei como não tinha começado a chorar como um bebê ainda – Você poderá se comunicar com a gente, com John e com todos aqui. Agora,eu preciso que você se sente e tente relaxar. – Voltei a ficar de frente para cadeira e pude sentir suas mãos nos meus ombros como se ela quisesse transmitir algum conforto – Eu sinto muito. – Foi a ultima coisa que eu ouvi antes de sentar e fechar meus olhos.

Angels Can't Fall in Love  ♡Muke♡Where stories live. Discover now