Cinco

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oie bolinhos, tudo bem? Hoje nós teremos outro flashback, espero que gostem

O resto da viagem de volta no carro foi, silenciosamente, normal. Apenas a voz do locutor no rádio era ouvida. Eu não me importei, afinal, falar com Luke, por livre e espontânea vontade, nunca será uma opção para mim. Quando chegamos à empresa, ele avisou que sairia para almoçar. Por um breve momento, achei que ele fosse me convidar — não que eu quisesse — mas ele apenas pediu para eu ir até o escritório e começar a pesquisar terrenos para construções de prédios e deixar uma lista em sua mesa. E lá estava eu: atrás da tela de um computador, trabalhando para o herdeiro da empresa Hemmings. Não pude evitar bufar e revirar os olhos, enquanto anotava o décimo telefone de empreiteira naquele dia. Como eu tinha parado ali? Eu era um anjo e não uma das secretárias dele! Joguei minha cabeça em cima dos papéis e fechei meus olhos apenas para tentar esquecer tudo aquilo, mas a paz não durou muito, pois, segundos depois, pude ouvir batidas na porta.

— Pode entrar. — disse sem ânimo, arrumando a minha camisa que estava bagunçada devido a minha posição.

— Soube que Luke não estava e vim te convidar para almoçar. — Ashton disse, apenas com a cabeça dentro da sala. Ele sorria e eu tive que concordar em ir. Eu não aguentava mais aquela sala. — E então? — perguntou animado.

— Tudo bem. — dei de ombros.

Ashton era o tipo de pessoa que eu conheci durante toda a minha vida nas minhas sessões de autógrafo. Ele desandava em falar sobre qualquer coisa, do tempo à relacionamentos, mas eu não podia negar que ele era uma boa companhia. Apesar de não calar a boca nem por um minuto por todo o caminho a pé que fizemos até um pequeno restaurante a algumas quadras da empresa.

Ele contou sobre sua faculdade de economia, a traição do seu primeiro namorado e até deve ter mencionado algo sobre sua família, mas era informação demais e eu me perdi no meio da conversa. Eu não estava acostumado com isso. Durante toda a minha vida, meus amigos se resumiam a mulheres, e depois da minha morte o único amigo que eu tive foi o John.

— [...] e ai eu disse: "Eu sinto muito por ter me apaixonado por você". — Ashton gesticulava ao meu lado ao sentarmos à mesa. — Ele ficou com a minha melhor amiga. Eles eram uns idiotas! — terminou colocando seus braços na mesa. — E você?

— Eu o quê? — o olhei confuso. Eu devia ter perdido algo da conversa. Droga!

— Você namora ou algo assim? — ele me olhava animado, como se esperasse alguma história louca de ex-namorados. E bem, eu tinha essa história. Mal sabia ele o quanto...

— Eu sou... — parei ao perceber o que iria dizer. — Eu era noivo. — foi inevitável não ficar triste ao dizer tal coisa em voz alta. Eu não tinha mais um noivo. Eu não tinha mais o Cal... Eu precisava entender aquilo.

— Eu sinto muito. — Ashton percebeu que eu tinha ficado abalado e, pela primeira vez, ele não sorria mais. A situação ficou muito pesada e eu quase agradeci ao garçom por ter chegado para anotar os nossos pedidos.

— E então? Há quanto tempo você trabalha na empresa? — o silêncio me incomodava profundamente e eu precisava falar algo. Não era uma boa ideia perguntar aquilo, até porque eu sabia bem o caminho que estava seguindo, mas eu precisava saber. Eu precisava tê-lo de volta.

— Há... Acho que três anos. — eu não pude evitar me mover na cadeira, ficando com a postura ereta. Eu estava totalmente prestando atenção agora.

— Eu vou te perguntar uma coisa e eu não quero que você pergunte nada sobre, tudo bem? — assentiu voltando a ficar animado. — Você conhece algum... — eu achei que seria fácil perguntar sobre ele. Eu finalmente saberia algo, mas seu nome não saia da minha boca. Eu tinha evitado seu nome durante todas as últimas horas como humano. E agora ele, apenas, não podia ser dito.

Angels Can't Fall in Love  ♡Muke♡Where stories live. Discover now