Capítulo 1

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CAPÍTULO 1

Um ano depois... AMBER MARTIN

Como meu pai é amigo do Juiz Miller, ele me deu algumas alternativas para desempenhar meus serviços à comunidade. Meu pai decidiu o que era melhor para mim e resolveu me colocar a serviço de um hospital infantil do câncer.

Quando ele me contou sua decisão, confesso que fiquei paralisada, tive vontade de chorar, de gritar e de sacudi-lo para ver se estava em seu pleno raciocínio.

Agora eu percebo que estava.

– Acabou Amber. _ diz meu advogado com ar de alívio.

Ainda do lado de fora do hospital, observo–o gravando sua estrutura e sua bela arquitetura em minha memória.

– Quero nem acreditar, passou tão rápido._ lembro–me de tudo que passei nesse lugar, das situações difíceis, mas principalmente das grandes amizades e do carinho que recebi. Tive que ser forte para não me desmontar cada vez que uma criança com a vida toda pela frente falecia.

– Eu conversei com o dirigente do hospital e ele disse que você pode continuar. Se quiser é claro.

Meus olhos estavam cheios de lágrimas, eu queria responde-lo, mas o nó formado em minha garganta não deixava.

Eu nunca deixarei esse hospital.

Há um ano e um mês atrás eu sofri o pior baque da minha vida, pensei que eu seria incapaz de amadurecer e passei alguns meses tratando essa "condenação" como um castigo, algo ruim, que acabaria com minha vida. Mas nada foi do jeito que eu imaginava.

Com o tempo eu passei a enxergar tudo que esse lugar poderia me trazer de benefício. Resolvi dar o meu melhor para crianças que não tinham saúde e muitas delas nem família.

Ninguém sabe a importância de um sorriso até entrar nesse lugar e ver como tudo que temos já é valioso demais e que nenhuma riqueza é pariu para uma boa saúde e vontade de viver.

Mas depois eu vi o quanto isso aqui é importante para mim. O quanto eu quero ficar aqui até onde eu não tiver mais forças.

– Tudo bem. Com certeza continuarei aqui._ digo, deixando que minhas lágrimas escorram pelo rosto. Então ele se aproxima de mim e me deixa um beijo na testa e um abraço apertado.

– Eu nunca pensei que eu fosse dizer isso, mas foi ótimo te conhecer e viver alguns dias ao seu lado. Muito obrigada. _ ele me abraça novamente e mais forte.

– Eu também amei te conhecer ou conviver mais com você. Obrigada por tudo. _ digo nos separando.

– Vou à casa de seu pai resolver umas coisas da empresa, mais tarde nos vemos. _ ele diz e eu assinto. Voltando minha atenção para uma criancinha tomando sol, próxima de mim.

Eu parei totalmente com minha vida. Mudei tudo, parei de sair, de namorar e passei a me dedicar somente ao hospital. Eu só precisava de crianças carentes para ser feliz e não de uma vida cheia de perigos.

Caminhava distraidamente pelo hospital até chegar ao quarto de minha paciente preferida.

Letícia.

– Tia Amber, vem cuidar de mim? _ antes que eu pudesse entrar totalmente no quarto ela diz com os olhos brilhantes. Sinto meu coração arder em pensar que talvez ela seja mais uma engolida por essa doença maldita. Letícia não merece isso, como nenhuma outra criança por aqui.

Quando eu comecei a trabalhar nesse hospital eu a via poucas vezes, sua mãe sempre estava presente, tinha uma família aparentemente amorosa.

Todos muito brancos, com cabelos loiros e olhos azuis. O que me fazia imaginar que os cabelos dela também seriam dessa cor.

Meu Juiz - AMAZONWhere stories live. Discover now