Capítulo 13 - Vestido de Noiva

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When you started crying, baby, I did too
When the sun came up, I was looking at you

Capítulo 13
Vestido de Noiva

Era a isso que eu estava fadada? Ver cada pedaço da minha vida despencar? Até mesmo os poucos que eu achava que ficariam bem, que estavam certos?

Em algum momento, minhas lágrimas secaram. Ou meu corpo cansou de seguir meu coração, cansou de chorar. Eu peguei minha bolsa e fui até a recepção, demorando ainda mais tempo do que meus passos vagarosos me faziam gastar ao me perder e ter que pedir ajuda. Alguém me chamou um táxi. E eu fui para casa.

Por um segundo, hesitei quando o motorista me perguntou qual era o endereço. Pensei em ir para Rosedale, pedir para me deixar na estação de trem. Mas a casa dos pais de Thomas era próxima demais para me ajudar a não pensar nele. Então fui até o apartamento que ainda dividia com Max.

Ele estava em casa e foi direto até mim quando eu entrei, me dando ainda mais vontade de chorar. Tinha me esquecido dessa parte, de que a última vez que eu o tinha visto, ele estava me pedindo em casamento de novo. Não conseguia me lembrar da primeira vez em que tinha pedido, mas as lembranças da noite do acidente eram o suficiente para eu saber que não estava mais apaixonada por ele ou pela nossa vida juntos. Ele era parte do problema, como continuou sendo. Mas, quando eu cheguei e ele viu meu estado, viu meu rosto marcado pelas minhas lágrimas e me abraçou, ele virou a solução.

Ele me dava segurança, me dava chance atrás de chance de falhar com ele e voltar para casa. Ainda que não tivesse muitas forças para conversar, falei que fui para São Francisco, que não conseguiria responder ao seu pedido sem falar com minha amiga antes. E depois, pulando tanta coisa, disse que presenciei um acidente e acabei entrando em choque. Por sorte, eu passava na frente do hospital.

Não consegui responder quando me perguntou o que eu fazia lá. E, quando quis saber o que eu decidi, se ainda me casaria com ele, eu o abracei outra vez.

Seus braços fortes e protetores foram tão maravilhosos naquela hora, que o deixei acreditar que aquele era meu jeito de aceitar. Sem precisar falar mais nada, fui tomar banho e dormir. E torcer para que a amnésia voltasse e apagasse, não só aquela noite, mas tudo que tinha acontecido desde então.



Nos primeiros segundos depois que acordei no dia seguinte, não conseguia e nem tentei me lembrar de nada. Tudo à minha volta parecia extremamente normal, corriqueiro até se tornar banal e quase invisível se eu não me forçasse a prestar atenção. Sem nem precisar pensar no que fazia, me virei para o outro lado, sentindo Max exatamente onde esperava que estivesse e colocando meu braço em volta dele. Fechei meus olhos outra vez e encostei minha cabeça em suas costas. O silêncio do quarto, a única faixa de luz do sol que nascia passando pelas cortinas, o cheiro do perfume de Max e sua respiração regulada, tudo contribuindo para meus poucos instantes de abstração em que me esquecia de tudo que tinha me levado até ali.

Mas então, como se levasse um choque, abri meus olhos.

Tirei meu braço de Max e me forcei a sentar na cama. Meu rosto ainda doía do quanto tinha chorado ontem, me fazendo querer fingir que não me lembrava da noite do acidente e deitar outra vez. Quem sabe fechar meus olhos não ajudaria a não pensar no assunto?

Max tinha sido maravilhoso. Mais compreensivo do que eu merecia, e talvez fosse por isso que deitar outra vez ao seu lado me fazia sentir como uma impostora. O peso da culpa me lembrava que eu precisava tomar uma decisão em relação a ele, em relação a tudo, mas estava fraca demais para isso. Fraca o suficiente para adiar qualquer problema e ir fazer café.

Uma década em uma noite  [COMPLETO]Where stories live. Discover now