53 - Inesquecível.

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Kyara.

♡ 32 dias depois. ♡

Abrir a porta de um quarto e entrar nele sempre foi uma tarefa fácil, na verdade isso quase se passava despercebido. Até hoje.

Eu levantei cedo, dispensei o café da manhã e fui direto para a casa dos Albuquerque. A casa estava fazia e graças a chave reserva que era do Gustavo, e que a Nádia me deu, eu consegui entrar.

Fazia um mês e dois dias segundo as minhas contas, que o ocorrido acontecerá. E de lá pra cá minha vida passou por transformações proporcionalmente grandes.

Passei a primeira virada de ano na igreja, o que me fez começar o ano com o pé direito. Estou indo duas  vezes na semana para a floricultura ajudar a mamãe e me tornei líder do projeto Cultura do grupo de jovens.

Não é nada muito importante se for colocado no papel, mas eu estou assumindo responsabilidades e isso já é um ótimo começo.

Hoje é dia 11 de janeiro, quinta-feira. Praticamente ano novo ainda, e o dia amanheceu nublado, com aquele vento gelado, que eu tanto gosto, sobrando.

Andei pelo corredor a passos lentos, abri a porta do último quarto do corredor e entrei. Era o quarto dele. Eu não fazia a mínima de quanto tempo havia que ninguém entrava nele, mas eu realmente não achei que fizesse  muito, a janela estava aberta e o quarto arrumado. O cheiro dele ainda estava lá, impreguinado, colado em cada canto, como se quisesse passar na minha cara que aquele cheiro estava longe de mim.

A saudade dele estava acabando comigo. Como eu queria andar de montanha-russa com ele. Eu queria aquele projeto de gente chata perto de mim.

Abri a janela do quarto e me sentei na cama, abraçando o travesseiro forte. O cheiro dele também ainda estava ali. Fiquei lá até minha perna ficar com cãibra, o que foi suficiente para que eu colocasse o travesseiro de volta ao lugar e começasse a andar pelo quarto, olhando as fotos que estavam nos porta - retratos cinzas.

Olhar aquelas fotos era como ter um flash Back, como viver coisas que já haviam passado; tinha foto dele com o pai, com a Nádia, o Bernardo, Natália e até com os avós paternos dele. Tudo ali, bem diante dos meus olhos. Uma vida inteira, recordações, lembranças, momentos, sentimentos.

Bem que dizem que a vida é uma só, e que deve ser aproveitada. Como Cristã eu sei bem como "aproveitar", e não precisa ser necessariamente em festas. Aproveitar é fazer de cada momento único! E eu tenho vários momentos únicos.

Para materializa-los, semana passada eu e a Karla fizemos do quarto da vovó uma galeria de fotos. Eu nunca achei que a nossa família tivesse tantos momentos únicos, e tantos álbuns de fotos também; mas nos fizemos, passamos a parte inteira enfurnadas e de porta trancada, e quando saímos, meu cabelo estava cheio de tinta e com vazios respingos de cola.
Ficou lindo!
Fotos da mamãe do papai, do casamento deles, da vovó com o vovô, da Êmilly, das minhas tias, da Karla, minhas. E eu até coloquei da Bebel e do Fofinho, afinal eles são parte da família. E já estão maiores que eu, o que me incomoda as vezes, como por exemplo quando os dois deitam na minha cama, eu acordo no chão ou sufocar pela pata de um deles.

Mas são momentos como esse que me encantam, os simples!

Enquanto eu procurei a alegria em coisas grandes, (com exceção de Deus, é claro) tudo que eu achei foi o oposto, ou só um pouco, bem pouquinho mesmo, do que eu queria. Eu procurei nas meninas, elas me deixaram. Procurei no Vicente, ele pouco se importou. Claro que, isso foi uma coisinha de adolescente... Mas eu realmente me apeguei aquilo.

Aos olhos de DeusWhere stories live. Discover now