Revisado 10.12.2018
"Pensa, pensa, pensa".
Era oficial, eu estava desesperado para encontrar uma saída. Eu jamais imaginaria que Nícolas descobriria o apelido que dei para ele tão rápido. Ele me olhava de uma forma que me deixou muito arrepiado.
― Acha que termos intimidade para isso? ― perguntou ele indo se sentar no parapeito da janela ― Você me viu pelado e supôs que podia me dar um apelido? Esqueceu que eu sou seu chefe?
― Desculpe Nícolas ― eu tendei falar ― eu sinceramente não sabia que isso ia te deixar tão chateado.
― Francamente, meu querido, eu não dou a mínima ― ele falou ― acha mesmo que eu não tenho apelidos piores? Mas a diferença que esses apelidos vêm de pessoas que podem me desafiar, que tem capacidade para me enfrentar, é não de um dos meus subordinados. Você é tão ingrato pela oportunidade que eu te dei? Me dê um motivo para não demitir você agora mesmo?
"Pensa Andrew, antes que você seja demitido".
Eu precisava mudar o foco do assunto, sabia que continuasse nesse rumo, eu acabaria na rua, tomei uma decisão muito arriscada. Ou me salvaria, ou me destruiria.
― Realmente desculpe, eu não fiz o meu trabalho direito ― disse ― mas prometo a você que se me deixar continuar, eu vou fazer tudo ao meu alcance, principalmente para recuperar o seu cordão que está com seu ex namorado ― dei enfase no namorado.
Por um momento Nícolas me olhou com incredulidade, mas no outro me olhou com ares desafiador. Logo em seguida eu dei a cartada final.
― Comecei uma busca ajuda e logo iremos conseguir descobrir o paradeiro do objeto, vou recuperar ele, prometo ― disse, e dei um risinho ― se me deixar ficar, irei fazer tudo no maior sigilo.
Sabia que se Nícolas quisesse, poderia me destruir a qualquer momento, mas naquela situação, eu esperava que ele me deixasse ficar, mesmo que por hora. Minha ousadia surtiu efeito.
― É só isso ― disse ele virando de costas para mim. Virei pelos calcanhares e sair da sala, foi quando dei com algumas assistentes de modas. Elas estavam chocadas pela minha ousadia, e muito mais surpresas por Nícolas não ter me demitido.
Voltei para minha mesa E foi, então, que notei o casaco. Estava logo ali, uma pilha enorme de tecido fabuloso, na ponta da minha mesa, com um braço pendendo. Olhei para Aurora. Ela girou os olhos, agitou a mão em direção ao armário e fez com a boca: "Pendure-o!" Era tão pesado quanto um edredom molhado, saindo da máquina de lavar, e precisei das duas mãos para evitar que se arrastasse no chão, mas pendurei-o, cuidadosamente, no cabide de seda e fechei o armário sem fazer barulho.
A manhã foi muito movimentada. Nícolas tinha voltado com força total. Mesmo com três dias para oficialmente começar a produção da revista para o próximo mês, todo o escritório trabalhava a todo vapor. Eu fui e voltei várias vezes, não tive tempo de sentar na minha mesa. Em um determinado horário Nícolas chamou.
― Aurora ― o disse. Meu coração sempre acelerava quando ouvia esse nome, mas era um alivio ver que ele tinha pronunciado certo o nome, isso significava que não era comigo, segundos depois ela voltou dizendo que Nícolas queria O Livro e que ela ia até o departamento de artes busca. Nigel apareceu para olhar o boletim, veio com uma caixa.
― Acho que veste M ― disse ele me entregando a caixa negra, era uma belíssima camisa.
― Muito Obrigado ― disse pegando a caixa que tinha etiqueta Amostra 502.B ― Mas Nícolas que me contratou e ele sabe como me visto.
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O Diabo de Gravata (Romance Gay)
RomanceO mundo da moda não é para iniciantes. Especialmente em uma revista para homens. Mas o jovem Andréw Sachs, recém-saído da faculdade, consegue ser contratado como assistente do todo poderoso Nicolas Apolline, lendário e temido editor chefe da Gentlem...