ODDG - Capítulo 19 - Andy Perdeu a Cabeça.

30.1K 2.8K 1.5K
                                    


Revisado 17.12.2018

Eu tinha ativado o modo Themonium de Nícolas? Com certeza, eu tinha estragado tudo? Provavelmente. Mas parem e pense em mim um pouco. Eu trabalhava com um cara que quase nem olhava na minha cara. Me aterrorizou, atormentou e me torturou durante onze meses, para depois virar o homem mais amoroso do mundo? Acha que eu estou errado em querer me proteger? Eu estou me sentido péssimo com a situação, não fazia nem duas semanas que eu tinha terminado um noivado, e transei com Nícolas na primeira oportunidade. Não posso mentir e dizer que não gostei ou que não faria de novo, afinal foi incrível, mas é a culpa depois? Como fica?

Nícolas estava sentando ao meu lado, de cara fechada. O helicóptero ganhou Paris rapidamente e logo chegamos no evento, na verdade era mais uma social onde Nícolas participaria de uma reunião, como eu não ia, tomei a liberdade para ir ao meu quarto.

A GQ em Nova Iorque estava basicamente em ponto morto. O trabalho normal deu uma parada, todo mundo se concentrou em me despachar para Paris adequadamente preparado. Três tagarelas do departamento de moda reuniram rapidamente um armário que incluía cada peça que se pudesse imaginar que eu viria a precisar para todo evento concebível a que Nícolas pudesse querer que eu comparecesse.

Quando saí, Lúcia, a diretora de moda, me prometeu que eu teria comigo não somente as roupas apropriadas para qualquer contingência, como também um caderno completo de esboços a carvão profissionais representando toda maneira imaginável de combinar as roupas antes mencionadas, para maximizar elegância e minimizar constrangimento. Em outras palavras: não deixar nada para eu mesmo selecionar ou combinar, e eu, possivelmente, não teria como não estar apresentável.

Eu podia ir a um bar com ele e ficar parado como uma múmia, talvez buscar água enquanto ele jogava uma partida de tênis, ou sentar na primeira fileira do desfile da Calvin Klein no mais importante evento de moda do mundo, mas tinha que está de acordo. Eu tinha uma equipe a minha disposição para arrumar tudo que fosse necessário, mas mesmo assim existiam 32 looks pré-montados na minha suíte que eu jurei que era de Nícolas quando cheguei, já que ela era praticamente do tamanho do meu novo apartamento, para caso Nícolas me chamasse para um evento e eu não tivesse tempo de acionar o Exército GQ.

Cheguei ao quarto e tirei a roupa, olhei os meus e-mails e a caixa estava cheia. Recebi dúzias de e-mails de editores e assistentes me informando, como se eu não soubesse, que Nícolas estava atendendo ao telefone de novo. "Onde estão vocês???" As meninas em pânico diziam, uma atrás da outra: "Ele está atendendo seu próprio telefone!!!"

Sorrir comigo mesmo lembrando de uma cena. Saí da sala e peguei um prato grande de creme de brócolis com queijo cheddar e retomei em três minutos, só para encontrar Nícolas sentado à sua mesa, segurando o telefone afastado de seu rosto, como se estivesse coberto de sanguessugas.

― O telefone toca, Andrew, mas quando atendo, porque parece que você não está interessado em fazer isso, ninguém responde. Pode me explicar esse fenômeno? ― Perguntou.

É claro que eu podia explicar, mas não para ele. Nas raras ocasiões em que Nícolas estava sozinho em sua sala, ele, às vezes, atendia o telefone. Naturalmente as pessoas ficavam tão chocadas ao escutar a sua voz no outro lado que desligavam imediatamente. Ninguém estava de fato, preparado para falar com ele, já que a probabilidade de isso acontecer era praticamente nula.

Mas o que me chamou a atenção foi que Nícolas não estava em sua sala esse final de semana, ele estava de folga, então porque ele atendeu o telefone? Sendo que isso era meu trabalho? Porque ele me poupou? Olhando uns e-mails, descobrir o motivo, se eu tivesse atendido, saberia que teríamos um evento e que eu o faria voltar antes do planejado. Ele provavelmente queria ficar mais tempo com a mãe.

O Diabo de Gravata (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora