Capítulo 3

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Me encolho ao ouvir os gritos da mamãe.

-Harry por favor não faça isso! -Ela implorava em meio ao choro.

-Sua vadia! Como pode fazer pôde me trair? -A fúria e o desespero na voz do meu pai me empurram mais fundo de baixo da minha cama.

-Me perdoe, eu...eu amo você -ela soluçava.

-Se me amasse de verdade não teria feito o que fez – papai grita furioso.

-Não! -Mamãe solta um grito e o som do tiro rasga o ar seguido de outro disparo me tirando totalmente o fôlego.

Alice

-Vocês irão pagar! -Digo enfurecida para a gerente da clínica -Vou meter um processo na bunda de vocês. Vou garantir que isso não se repita com mais ninguém.

-Senhora Albuquerque cometemos um erro e a responsável pelo ocorrido já foi demitida -A gerente diz com tanta calma que quase meto a mão na cara lavada dela, respiro fundo.

-Irresponsáveis filhos dá mãe, esse erro é inadmissível -Esmurro o balcão
-Não vou me conformar enquanto não fechar essa merda de clínica -digo entre dentes.

-Chega de escândalo Alice - Sophia me puxa -Está feito, não há como desfazer -Sua voz é calma mas sei que também está furiosa.

Ela tem razão, já está feito.
Vamos embora e Sophia dirige em silêncio, e assim permanece até chegarmos em meu apartamento. Sei que ela está se segurando para não gritar comigo, ela detesta barraco.

Mas eu estava no meu direto, minha vida que está em jogo, na verdade duas. Penso nesse bebê, não sei cuidar nem de mim mesma como vou criar uma criança?!

Entramos em meu condomínio, moro em um apartamento de luxo em Ipanema, Artur que insistiu para comprarmos aqui, eu paguei sozinha na verdade, me sinto aliviada ao lembrar disso, não tenho que dividir com ele.

Abro a porta e vou direito para o quarto, tiro minhas roupas no automático e sigo para o banheiro, ele é espaçoso com tons claros de rosa.

Ligo minha ducha e a água cai sobre mim limpando minhas lágrimas, nem quando Artur me deixou me permitir chorar, mas são tantas coisas, tantas surpresas ruins que dessa vez não suportei. Soluço e aperto meus olhos fechados.

Depois de chorar até meus dedos ficarem enrrugados saio do box e me enrolo em minha toalha.

-Já passei por situações piores, não vai ser agora que vou quebrar -sussurro para o vazio do banheiro. Droga quem estou tentando enganar?! O que é pior que ser inseminada por engano? Nada.

-Merda!

Visto uma das minhas camisolas de seda confortável e sigo o cheiro delicioso que vem da cozinha.
Arqueio a sobrancelha ao ver minha irmã devorando um pedaço de pizza.

Ótimo! Minha vida está uma loucura e
Sophia só pensa em comida.

-O que? -Ela me olha brava -Você sabe que fico com fome quando estou nervosa – diz com a boca cheia, reviro os olhos.

-Só queria saber para onde vai toda essa comida -solto um pequeno sorriso. Ela é louca por comida, come uma pizza toda e não engorda uma grama.

-Malho muito -ela diz convencida, o som da minha gargalhada se espalha pelo apartamento. Agora é a vez de ela revirar os olhos.

-Sou sua irmã, não precisa mentir para mim -pisco para ela e pego um pedaço de pizza.

-Vai abortar? -A mudança brusca de assunto deixa o clima tenso. Respiro fundo antes de responder.

Nada é por acaso(Concluído)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora