Capítulo 27

105K 8.6K 1K
                                    

*Alice

Não sei ao certo quando tudo desmoronou a minha volta. Só sei que me perdi no meio dos meus próprios cacos.

Encaro a lua pela janela e me permito chorar mais uma vez. Pois será a última.
Não derramarei nem mais uma lágrima por ele depois.

-Entre -Digo ao baterem na porta. Vovó entra sorridente, seus olhos azuis me fitam com doçura destancando algumas rugas.

-Como está se sentido meu bem? Quer conversar?

Quando cheguei aqui em sua casa ela me olhou com espanto. Minha mãe nunca permitiu que eu e meus irmãos fôssemos próximos dela. Era muito difícil encontrarmos a vovó. Meus pais nunca nos disseram o porquê disso.
Só me lembro de passar um verão com ela e o vovô que faleceu a alguns anos.

-Não, mas vou ficar -Aceno e limpo as lágrimas das minhas bochechas.

-O que aconteceu minha filha? Seus pais sabem que está aqui? -Seus olhos ficam marejados e posso notar sua tristeza em falar deles.

-A verdade é que eu me casei com um
maldito mentiroso, ele me enganou o tempo todo. Me sinto perdida e machucada. E não, eles não sabem que estou aqui -Dona Amélia sorri. Ela se senta na beira da cama de casal e acena para me junta a ela. Vou de bom grado.

-Sei que não fui muito presente na sua vida, nem na vida nos seus irmãos. Mas estarei a partir de hoje ao seu lado para o que precisar. Agora me conte desde o começo -Aceno triste e lhe conto tudo.

Nossa conversa é longa.

-Tem certeza que quer arranca-ló da sua vida? Você o ama, porque não luta por ele? A males em nossa vida que vem para o bem.

Mordo minha bochecha.

-Não vou lutar por uma causa perdida vó. Acho que já o perdoei por me enganar, mas não quero ele em minha vida. Eu o amo mais do que um dia poderei amar outra pessoa, e isso é uma bosta -Puxo o ar lentamente.

-Não vou me meter mais que o necessário. Fique o quanto precisar querida, vou preparar um lanche para você, meus bisnetinhos devem estar famintos -Ela sorri e beija minha testa. Quando está quase saindo do quarto a chamo.

-Sim meu bem?

-Porque mamãe não deixou a senhora estar presente em nossa vidas? -Enrrugo as sobrancelhas encarando sua face.

-Está é uma conversa para outro momento, logo conversaremos sobre isso, tudo bem? -Aceno. Dona Amélia se vira me deixando sozinha.

Encaro minha barriga enorme e passo minha mão por ela, logo recebo movimentos agitados. O cheiro da maresia invade minhas narinas, sorrio.
A casa da minha vó é de frente para o mar o que é maravilhoso.

Pela manhã me levanto e tomo banho. Coloco um vestido branco e saio do quarto encontrando vovó na cozinha. O cheiro fresco de café chega até mim fazendo minha boca salivar.

-Dormiu bem querida?

-Passei a maior parte da noite acordada, eles gostam mais da madrugada do que do dia -Acaricio minha barriga saltada e sorrio.
Meus filhos são o escape da minha tristeza.

-Ansiosa para chegada deles? -Ela termina de colocar a mesa do café.

-Muito -Sorrio e suspiro.

Comemos tranquilamente. A comida de vó é tudo de bom, não é atoa que detono quase tudo na mesa.

Ajudo tirar a mesa e lavar as louças. Minha língua coça para perguntar sobre sua desavença com minha mãe, mas a seguro dentro da boca. Quando for o momento certo ela me contará.

Nada é por acaso(Concluído)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora