Capítulo 18

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POV LAUREN

O jogo tinha sido incrível. A tempos não tinha um momento em família como aquele, envolvendo não só meus pais, como os de Camila, em lembrança dos velhos tempos. Costumávamos sair sempre juntos, já que meu pai e meu sogro sempre foram melhores amigos, o que as vezes nos renderam momentos embaraçosos, também. Com a adolescência, já não queríamos mais estar sempre em prol dos desejos de Mike e Alejandro, que forçavam uma reaproximação minha e de Camila, que tínhamos nos afastado com o tempo. Devido a diversos fatores, antes de qualquer pergunta. O primeiro deles devia-se ao meu "segredo", no qual nós duas já tínhamos idade o suficiente para entender o que significava e em como aquilo poderia refletir perante a sociedade. O segundo, era um tanto que óbvio. Nosso círculo social era completamente diferente, onde ela preferia sair com pessoas a quem o gosto era mais apurado para outras culturas, enquanto eu preferia a comodidade do que encontrava no dia-a-dia. A separação definitiva entre nós ocorrera na faculdade, indo cada uma para um lado. Enquanto eu havia ido para Oxford, Camila seguiu para Havard, e no meio disso, ainda sim tivemos um elo indireto chamado Dinah Jane Hansen.

A loira furacão como costumávamos chamá-la tinha sido transferida no meio do ano para Havard, ao conseguir uma bolsa de pesquisa para prosseguir com o curso de contábeis, tendo Camila como tutora e a mim como experiência para campo de comércio empresarial. Nos encontrávamos periodicamente, duas vezes no mês, por quinzenas. No meio disso, ela apresentava algumas cartilhas recomendadas por Camila, a quem eu não fazia ideia de como estava ou quem ela tinha se tornado durante todo o tempo em que nos afastamos. Chegamos a conversar sobre o projeto de Dinah, mas tudo tinha ocorrido por telefone, então ela também não faria ideia de quem eu era após tantos anos sem contato pessoal. Com o fim do curso, onde eu tinha terminado primeiro que as duas, terminei assumindo a empresa da família, destinada a estar nas mãos do Jauregui mais velho - com conhecimentos para continuar expandindo o nome da empresa no mundo - para dar continuidade a posse. O mesmo tinha acontecido com Camila, que tivera o cargo de vice-presidente repassado por Alejandro Cabello, alegando já não estar mais com saúde para um trabalho como aquele.

— Lo, o que foi? — senti a mão de Camila apertar a minha, enquanto estávamos sentadas de frente para o sofá onde nossa família encontrava-se conversando fluidamente.

— Nada, só estava pensando no tempo que assumimos a empresa. Lembra? — virei o rosto para ela, abrindo um pequeno sorriso enquanto lhe dava um beijo na pontinha do nariz.

— Lembro. A gente discutia praticamente todo dia. — ela comentou, me fazendo assentir.

Alejandro virou a cabeça com a menção do assunto, e tocou o ombro de Mike, chamando a atenção dele também.

— Ninguém suportava o clima que vocês duas deixavam sempre que uma reunião acabava. A tensão era palpável a ponto de gerar uma tempestade dentro da sala. — meu sogro comentou. — ...Mas era tão claro que alguma coisa movia isso, essa coisa de uma sempre competir com a outra, que no fim das coisas... Víamos de outro jeito.

Camila olhou para o pai, atenta ao que ele dizia. Fiz o mesmo, desviando agora para o meu pai, que riu.

— Como? — perguntei, curiosa sobre o ponto de vista de pessoas que viam tudo acontecer de outro ângulo, por assim dizer.

— Mesmo inconscientes disso, vocês sempre tentaram fazer o melhor pela outra. Minha filha, quantas vezes você deu uma ideia para executarem sobre um determinado projeto, e Camila retaliou com algumas distorções do que poderia ser alterado e engajado? — ele me olhou tranquilamente, enquanto eu tinha o cenho ainda mais franzido.

— Todas as vezes. — respondi, de forma óbvia.

— E você, Camila, quantas vezes implantou debates com as ideias de Lauren?

— Todas as vezes, também. — ela o olhou, piscando como se tentasse entender onde ele queria chegar.

— Não está óbvio para elas, queridos. — minha mãe abriu um sorrisinho passivo, terno.

Alejandro negou com a cabeça, sentando agora ao lado da esposa, passando um braço por seus ombros.

— Vocês sempre estiveram cegas demais tentando confrontar uma a outra, que nunca perceberam que estes mesmos confrontos tornaram vocês quem realmente são hoje. As ideias de Lauren eram boas demais para ficarem apenas em papel, por isso Camila sempre forçou uma discussão para tentar levantá-las e exercer o projeto. Lauren, você tem um punho de ferro, todos te respeitam dentro e fora daquela empresa. O mesmo se dá para você, filha. Mas as coisas não seriam assim se vocês não provocassem o melhor uma na outra. — a porta se abriu quando ele terminou de falar.

— E de brinde, começaram a se comer. Mas como as duas são dramáticas, tinham que começar fazendo cosplay de Tom e Jerry, é claro. — a figura de uma Dinah Jane estava ali, passando pela sala enquanto puxava uma mala metálica para dentro de casa.

Uma rodada de risadas se fez presente, e Camila já estava em cima da mulher, sufocando-lhe em um abraço apertado. Me levantei, indo fazer a mesma coisa.

— Por que não avisou que vinha? — apertei a mulher contra meus braços, sentindo ela fazer o mesmo.

— Eu avisei, só não a vocês duas. Queria fazer uma surpresa. Aliás, Normani veio junto comigo, mas ela teve de ir direto para a casa dos pais. Vamos ficar por lá, enquanto estivermos aqui. — assenti, indo abraçar Camila por trás. — Que grudenta.

Camila deu um tapa nela, e logo meu pai se levantou junto com Clara para acomodar Dinah enquanto ela estivesse por ali. Levaram sua mala para algum lugar, e enquanto ela se afastava, Camila terminou indo junto, alegando que tinham muito para conversar. Fiz bico por ter de ficar de fora, mas Dinah logo veio com a graça de sempre, murmurando um "Pintos não são bem vindos em papo de garotas." Revirei os olhos, ganhando beijos e promessas de que ganharia muito mais depois, de Camila. Voltei para perto de minha família, entrando em mais uma conversa trivial sobre algumas coisas que deveriam ser feitas com a nossa estadia por ali, e para o jantar que seria na noite seguinte. Alejandro e Sinu tinham convidado algumas pessoas da família nas quais chegaram a conviver conosco, mas a quem eu já não lembrava mais. Meu celular tocou, informando uma chamada de Ally, diretamente da empresa. Ela vinha me passando informações constantemente, tirando algumas dúvidas e até mesmo perguntando se poderia se posicionar em algumas ocasiões, nas quais lhe dei total acesso e permissão para agir como bem achasse que fosse preciso. Ela não poderia vir para a festa, já que estava em meu lugar, deixando a empresa ativa e em mãos confiáveis, o que era uma pena. No fim da ligação, nos despedimos como duas velhas amigas, e não como chefe e contratada, o que era saudável até para nossa relação fora da empresa. Sentei, com um pequeno sorriso brindando os lábios ao notar o quão tola eu tinha sido em repelir todas as coisas que vinham junto ao ter me permitido deixar as coisas fluírem com Camila. 

Dashes || Camren G!PWhere stories live. Discover now