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Sexta, 12 de maio de 2017

Acordei com o André a dormir ao meu lado, memorias da noite anterior invadiam a minha cabeça e um sorriso logo apareceu na minha boca.
Levantei-me e vi que faltava ainda meia hora para acordar a Sófia, tomei banho e vesti uma roupa formal para o almoço.

" Já pronta"- o André entrou na casa de banho do quarto de hóspedes só de boxers, com um sorriso na cara e depositou um beijo logo nos meus lábios

" Não abuses André Miguel"- fiz cara seria, mas estava a brincar

" Agora és minha mesmo que ninguém saiba"- dei-me outro beijo

" Isto é assim??"- não tiravamos os olhos um do outro-" Não aceitei nada"

" Mas vais aceitar"- sorriu

" Vamos ver "- sorri e passei por ele-" Agora vai-te vestir, eu vou acordar a Sófia e não quero que ela te veja nesses preparos" -olhei para trás e vi-o a rir-" Toma banho, não quero que vás com esse cheiro a sexo embora"- ouvi a sua gargalhada antes de sair completamente do quarto

Acordei a Sófia dei-lhe banho e ajudei-a a escolher uma das roupas novas dela. Chegamos cá a baixo e o André estava sentado no sofá colado no telemóvel.

" André, André gostas??"- a menina correu até ele e deu uma voltinha para ver a sua roupa nova

" Tu pareces uma princesa"- sorriu e deu-lhe um beijo

" Obrigada"- sorriu envergonhada

" Vamos lá tomar o pequeno o almoço todos"- dirigi-me para a cozinha

Aqueci o leite para a menina e dei-lhe os cereais de chocolate que ela me pediu para comparar...

" O que é que queres comer André Miguel??"- o rapaz ficou a olhar para mim feito parvo

" O que fizeres para ti faz para mim"- sorriu

" Tens azar"- sorri-lhe também-" Vou sempre tomar o pequeno almoço fora por isso"

" Então vamos, tenho tempo antes do treino"- não parava de sorrir

" Quem é que te disse que quero ir contigo??"- o meu olhar era brincalhão e vi-o a sorrir

" Não me provoques"- fez um olhar sexy

Deixei a pequena na escolinha, foi com o André tomar o pequeno almoço até Matosinhos perto da praia. Acho que tudo está a acontecer muito depressa, ontem nós estávamos a discutir como loucos e hoje estamos aqui feitos namorados depois de uma noite toda quente. Nunca na vida ninguém pode imaginar que isto está a acontecer entre nós, não mesmo, eu não posso correr riscos, não agora que o meu futuro ainda está em jogo.

" Não falas"- senti o seu olhar em mim

" Estava a pensar"- falei sem pensar e sei que agora as perguntas vão surgir e a vontade de falar é nula

" Em quê??"- e pronto começaram as perguntas e eu não lhe vou mentir

" Em nós"- encarei e vi as sua feições a ficarem mais tensas-" Eu não posso correr riscos André, não agora"- o seu olhar ficou triste e pesado

" Não queres isto?? Não confias em mim??"- não queria olhar para ele, não queria ver o quanto o estou a desiludir

" Eu quero isto, eu quero estar contigo e sim eu confio em ti, mas não podemos correr riscos"- encarava as minhas mãos para não o ter que encarar

" E não vamos, tu para mim és a minha suposta melhor amiga"- olhei a para ele com a testa franzida e vi-o a piscar-me o olho

" Vamos ver essa dos "best friends forever" cola então"- pisquei-lhe o olho igualmente

" Eish tenho que ir para o treino"- olhou para o relógio do seu pulso

" Vou pagar e deixo-te onde quiseres"- peguei na minha mala e fui pagar, desta vez o André nem reclamou por não pagar

Ao longo do pequeno percurso fui-me o focando onde era a sua casa, tive que o deixar lá para ir buscar as coisas que precisava para o treino e também iria mudar de roupa, ir com a mesma roupa não iria certamente uma boa escolha.

" Depois do almoço ligo-te"- sorriu e deu-me um beijo na boca, saiu antes de eu reclamar com ele, quando eu disse que não podemos correr riscos referia-me a isto

Passei a manhã no escritório trancada a trabalhar na parceria que temos com o FC Porto, o contracto está a acabar e o meu pai encarregou-me de lhe apresentar um contrato economicamente plausível para ambas as instituições, se for aprovado pela administração irá ser um grande passo na minha carreira e mais um tópico a acrescentar no meu corriculo.

" Vamos, filha"- o meu pai bateu à porta e sem que eu desse permissão entrou

" Vamos"- peguei nas minhas coisas e segui o meu pai até ao seu carro, entramos e fomos até ao restaurante do almoço

Será que a escolha do FC Porto nunca muda, é sempre no mesmo restaurante, era bom não posso negar, então as sobremesas como está que estou a comer está no ponto.

" Eu sei que à mesa não se fala em negócios, mas nos estamos aqui para isso mesmo"- o meu pai deu um ar de bem humorado perante os dirigentes do Porto-" Como tínhamos acordado irá haver uma renovação de contrato no final do outro, com novas condições e nos estamos aqui para que antes de que haja um proposta definitiva, também haja hipótese de vocês fazerem as vossas exigências"

" Nós estamos satisfeitos com o contrato anterior, se conseguirem basear-se na proposta anterior para fazer uma melhor para ambas as partes seria óptimo"- o Tio Pinto da Costa falou de uma maneira bastante mais formal do que aquilo que estou habituada

" Possível é sempre, mas nós também queremos saber quais são as vossas exigências"- desta vez falou a única rapariga e com certeza a mais nova ali, eu claro

" As nossas exigências mantêm-se iguais, agora surpreendam-nos"- um dos directores falou

" Não irá ser fácil, o último contrato era um bom contracto e bastante satisfatório para ambas as partes, mas iremos fazer os possíveis"- o meu ar era simpático, também depois da noite que tive era impossível estar triste

" Nós acreditamos que sim, Constança"- o Tio sorri orgulhosamente para mim

Senti o meu telemóvel a tocar e vi que era um número desconhecido, deve ser o André a avaliar pela hora...

" Peço desculpa, mas vou ter mesmo que atender"- pousei o guardanapo de pano na mesa e levantei-me para ir para um sítio mais isolado

"Estou"- falei de uma forma mais formal, tanto podia ser o André como não
" Olá bé , era só para dizer que Sófia e eu vamos agora para minha casa, está lá o Afonso, o Rui Pedro e a namorada dele"- o André que eu conheci era agora o mesmo André, já não era mais aquele André revoltado por não me poder ter-" A namorada do Rui vai ajudar a Sófia a fazer as frases que ela tem que fazer sobre o teatro"
" Se ela fizer isso era óptimo e quando sair daqui passo por lá para a ir buscar"- a minha voz era igualmente feliz, já não me sentia assim há anos
" Lanchas cá connosco"- falou com uma voz empolgada​
" Já te disse que não podemos correr riscos"- suspirei só de pensar nas consequências
" E eu já te disse que não iremos, besti"- brincou comigo
" Até já, André Miguel"- ri-me com o que me chamou

Desliguei a chamada e voltei para o meu lugar, os homens que era todos para cima dos 40 anos riam-se e falavam divertidamente entre si, tomei o meu café e riam-me das conversas dele só para não parecer mal.

" Eu vou ter que ir andando"- sorri para todos os homens-" Ainda tenho que tratar de uns assuntos"- levantei-me e dei um beijo na face do meu pai e no do Tio para me despedir

" Filha, a menina não tem carro"- o meu pai deduziu o que eu já tinha deduzido há imenso tempo

" Eu sei, não se preocupe que apanho um táxi"- dei um levo sorriso-" Não me posso mesmo atrasar mais e não quero de maneira alguma interromper o seu convívio"

" Obrigada, filha"- sorriu e acenou-me

O rapaz que trabalha no hotel chamou-me um táxi e esse levou-me até ao meu escritório, ainda tinha lá o meu carro. Voltei a fazer o mesmo caminho que o André me tinha indicado para sua casa hoje de manhã, cheguei lá rapidamente.

I CAN'T |A.S|Donde viven las historias. Descúbrelo ahora