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Quarta, 31 de maio de 2017

André on

Eu não quero ser igual a ela... Eu não posso ser igual a ela... Nunca me senti tão perdido e tão encurralado por umas palavras... Estou destruído pelo poder das palavras... As palavras derrubam, revoltam, ferem, destroem... Podem ser pontes para nos segurar ou podem ser muralhas para nos fechar dentro delas... Tanto estão unidas como estão separadas... Têm uma força inatingível, um peso insuportável e um poder descomunal... Provocar uma guerra interior ou até mesmo exterior... Palavras têm ressonâncias eternas, têm consequências inesperadas e irreparáveis... Tanto nos podem levar ao céu como podem levar-nos ao abismo... As palavras são como os vidro, depois de colados e tratados, ainda ficam as cicatrizes dos estragos... Estas exigem reflexão, cautela, serenidade...Jamais a impulsividade... A reflexão e o cuidado, previnem estragos que podem ser evitados... A impulsividade gera atritos e desentendimentos...

" Ficaste caldo do nada"- o meu irmão sentou-se ao meu lado no sofá

" O que queres que te diga?? Chegaste aqui a dizer que sexta vais com a Constança, que por acaso é a rapariga que eu gosto e a rapariga que parecia me amar, queres que eu fique com um sorriso na cara e te grite "Boa Viagem"?? Tens azar então"- estava cheio de raiva, raiva dela, raiva de mim, raiva de toda a gente. Quero ir embora, quero sumir durante uns tempos.

" Quero que deixes de estar assim pelo uma gaja, André"- o meu irmão gritava-me-" Tu não és isto, tu não ficas assim por causa de uma gaja"

" Ela não era uma qualquer, vê se entendes isso"- gritei-lhe-" Eu amo, era com ela que eu queria passar o meu tempo"- falei mais baixo na última parte, pois as lagrimas queriam sair

" A culpa dela ter indo embora é minha"- o Afonso não me encarava e a voz saiu quase em sussurro

" A culpa é dela, que andou a gozar com a minha cara"- suspirei

" A culpa é minha, fui eu que lhe pedi para se afastar, não quero que tu sofras, não suporto pensar em ver-te sofrer futuramente"- o meu irmão levantou-se e gritou-me tudo na cara, eu não posso acreditar no que acabei de ouvir, não posso

" Não podias ter feito isso"- gritei-lhe-" Sai daqui, vai para casa dos pais, vai para onde tu quiseres, mas desaparece da minha casa"- as lágrimas já deslizavam sobe o meu rosto

" Desculpa"- ouvi-o a falar antes de ir para o quarto

Não me acredito que ele me fez isto, não me acredito que ela fez o que ele pediu. O mundo está todo contra mim?? Tenho de ir falar com ela, tenho de lhe fazer ver o quão está errada sobre isto tudo. Mas ela é igual a ele, ambos me esconderam isto é ambos definiram a minha vida sem o meu consentimento. Não é melhor apenas esquecer?? Esquecer que ela existe, que um nós existiu e esquecer os meus sentimentos.

Ouvi a porta a bater é suponho que tenha sido o Afonso a ir embora. Não vou voltar atrás com a minha palavra, eles são os dois uns traidores que só me estão a fazer sofrer.

Peguei no telemóvel e liguei para a minha mãe, sei que é a única que me vai conseguir consolar neste momento.

" Olá, filho"- a voz da minha mãe era carinhosa
" Mãe, preciso que venhas a minha casa"- o meu choro estava quase incontrolável
" O que se passa?? Porque é que estás a chorar, André??"- a voz da minha mãe era preocupada
" Vêm, por favor"- estava a implorar-lhe
" Já vou, não chores"- esta é a mulher da minha vida disso eu tenho a certeza​-"Até já"
" Vêm rápido"- desliguei a chamada e atirei o telemóvel para o outro lado do sofá

Há tantas coisas por esclarecer entre mim e a Constança. Eu quero tê-la de volta, mas não suporto o que ela me fez, não suporto que ele me tenha mentido para encobrir os desejos do meu irmão. Ele pode não me querer ver sofrer, mas a única coisa que ele está a fazer é fazer-me sofrer, por estar longe dela é por me ter afastado dela.

Ouvi a campainha... Olhei pelo telecomonicador e vi a minha mãe, abrir porta de baixo e deixai a do meu apartamento entreaberta. Foi rápida a chegar aqui.

" Filho"- passado 2 min ouvi a voz da minha mãe

" Na sala"- falei em desânimo

" O que se passa campeão??"- a minha mãe corre até mim e abraçou-me

" Eu e a Constança namorávamos as escondidas porque o pai dela nunca me iria aceitar como namorada da filha, só o Afonso é que sabia e ele foi pedir-lhe para que se afastasse de mim, porque mais tarde ou mais cedo ele dizia que eu ia sofrer, hoje ele contou-me tudo"- senti novamente os braços da minha mãe a apertar-me e as lágrimas a correrem

" O teu irmão não devia ter feito o que fez, mas só o fez para te proteger. Ele ama-te, tu és o maior exemplo dele e ele não quer que sofras por nada deste mundo, não o estou a ver a fazer isso por maldade"- dei-me um beijo na testa-" Se tu gosta da Constança luta por ela e faz com que o pai dela te aceite tal como és, tu és tudo aquilo que uma rapariga quer para ser feliz"

" Obrigada mãe, mas eu não consigo perdoar o Afonso"- suspirei e limpei as lagrimas

" Com o tempo consegues"- sorriu e fez-me sorrir-" Quando tudo acalmar, quando pensares e delineares bem o que queres para a tua vida tu vais conseguir perdoar o teu irmão, vocês não vivem um sem o outro"- riu na última parte

" Obrigada, mãe"- dei-lhe um abraço e depositei um longo beijo nos seus cabelos profundos

" Há coisas que não se agradecem e está é uma delas"- está mulher faz-me reclamante bem-" Agora vai tomar banho e mete-te giro para irmos lanchar alguma coisas os dois"

" Tu mandas"- levantei-me​ pronto para ir tomar um duche relaxante

I CAN'T |A.S|Hikayelerin yaşadığı yer. Şimdi keşfedin