Out Of The Woods

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Out Of The Woods

POV-Delphine

O aroma era cativante, o âmbito era acolhedor, entretanto, eu não pertencia mais àquele universo.

O homem que me trouxe tanta alegria e paz, curou as feridas deixadas por outros amantes leigos do assunto amor. O rapaz, sagaz e inteligente, que cuidou e encantou meu coração duro e frio, vestia seu melhor terno e sorriso. A música era lenta, enquanto meu pulso era veloz. Havia flores espalhadas sobre o chão, sobre a mesa, sofá e balcão.

"Bem-vinda, meu amor!" Aproximou-se de mim, pousando beijos em meus lábios.

"Paul! O que é isso?" Ainda espantada com a surpresa indesejada, questionei.

"Isso é uma pequena demonstração do meu amor por você." Removeu meu casaco e bolsa, "Vem, senta aqui."

As luzes estavam baixas e as velas queimavam em sintonia.

"Tudo está lindo, mas talvez eu não mereça nada disso." Engoli o vinho servido à mim.

"Claro que merece, amor! Entendo que você esteja conturbada e estressada com o trabalho e tudo mais. Só quis te agradecer por ainda estar comigo." Meu pobre namorado não sabia sobre metade de minhas intenções ou planos.

Saboreou com gosto da refeição e de minha presença, enquanto eu empurrava cada garfada para meu estômago repulsivo. Ao final do jantar, supliquei em segredo para que Paul não procurasse meu corpo como gula pós sobremesa.

"Dança comigo?" Estendeu o braço, sem tirar o sorriso do rosto.

Respondi com os olhos e deixei que guiasse-me em uma dança casta e pudica. Até o modo com o qual suas mãos grossas seguravam minha fina estrutura, pareceu-me cru e errado. Ardia e queimava-me por dentro o sentimento de não ama-lo mais, de não quere-lo por perto. A ânsia invadia-me sem perdão.

Fugi de seu contato como um ladrão em Alcatraz.

"Del! O que foi?" Seu timbre era inofensivo e digno de pena.

"Aaah!" Suspirei alto o suficiente para denunciar meu incômodo, "Eu não sei, Paul! Eu ando confusa e não me reconheço mais. Nada parece certo ou racional."

"Foi algo que fiz?" Aproximou-se franzindo a testa.

"Não." Respondi com a certeza de que ele não era o culpado de tanta confusão.

"Foi algo que não fiz?" Insistiu em respostas que, nem ao menos eu, conhecia.

"Não!" Seu olhar era desesperador e seu medo ecoava aos cantos.

"Delphine, o que houve? Estávamos tão bem e agora você diz que nada faz sentido? Eu não faço mais sentido pra você?" Perguntou já irritado com a falta de informação.

Meu silêncio gritava tanto por dentro quanto por fora.

"Delphine! Fala comigo!" Submersa na imensidão daqueles olhos tristonhos, pude perceber que não era com Paul com quem queria estar. Não era o jantar caro ou a joia extravagante que impressionavam-me. A única coisa que eu desejava era a palidez de uma certa pele com espessura suave. Queria estar navegando no infinito oceano dos olhos de Cosima. Careço de seu sabor e afeto. Nada parecia correto, porém estar com Paul era o mais claro de meus erros.

"Eu preciso ir. Me desculpe." Escapei da conversa, peguei minha bolsa e me dirigi à porta.

"Ir pra onde? Delphine, para e me escuta." O robusto e enorme corpo de meu namorado impediu minha saída.

She's Got Me DaydreamingWhere stories live. Discover now