Still Here

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Pov-Delphine

Sentir-se mergulhada no profundo peso do prazer.

Pov- Delphine

Inserir-se em quadros de uma rotina colorida, porém às vezes, preta e branca.

Experimentar momentos de ternura delicada e raiva mal compreendida.

Estar com quem se ama, é assim...

Estudando os arredores dos corredores estreitos que formam o corpo de Cosima, vejo seu abdome levantar e abaixar conforme manda seu respirar. Eu poderia observa-la a noite inteira.

Caminho em sua epiderme com meus dedos de maneira suave. É possível constatar o clarão de seus pelos arrepiarem-se ao toque meu. Sua estrutura tem a temperatura adormecida e preguiça convencida. Seus cabelos estão mais compridos e menos selvagens. Os grossos fios descem e falham em cobrir os fartos e deitados seios de sonolenta moça. O castanho das mechas tocam os sensíveis mamilos enrijecidos. Analisando com maior profundidade, sigo a linha esculpida que define cada um dos músculos de uma barriga lisa e branca. E quão branca é! Parece uma jovem nuvem roubada do céu. As curvas da cintura, os abismos dos quadris, e o lençol do mesmo tom que cobre a virilha atentada e o íntimo de uma mulher só.

O abdome ainda sobe e desce.

As pernas curtas parecem uma mentira bem contada. São tão perfeitas e manipuladoras com sua suavidade e pintas tímidas em poros selados. Joelhos pontudos e donos de cicatrizes denunciantes de uma infância feliz. Panturrilhas firmes e definidas por tanto pedalar e, por às vezes, salto alto calçar. Tornozelos finos, frágeis, porém mais fortes do que os meus. Pés magros e quase tão claros quanto as costas largas e robustas. Os dedos de unhas pintadas em tom melancólico e aquela mística pinta à lateral.

Em minha visão completa, mas não satisfeita, voltei meus olhos ao pescoço de minha namorada. Clavícula sublinhada por ossos aparentes, espaço profundo pela falta de carne. Trapézio generosamente sadio e ombros casa de muitas sardas.

Ela dormia, eu sorria.

Seus lábios levemente ressecados separavam-se em uma pequena abertura para expulsar o ar. Alguns suspiros mais fortes, alguns ganidos preguiçosos. E uma beleza sem igual, só dela e só para mim. Cosima havia bebido um pouco mais do que o normal na exibição de Felix, então o cansaço a impediu de tirar a maquiagem de seu rosto. Os olhos ainda pretos do lápis e as bochechas rosadas. O cheiro do perfume usado misturado com natural odor de sua doce essência. Cada detalhe, por mim, foi observado. Entretanto, meus olhos ainda não sentiam-se prontos para abandonar a açucarada realidade e entregar-se ao repouso da fantasia.

Virei-me para avistar o quadro que comprei. Cosima fumava sua erva no parapeito da janela. As pinceladas em óleo de tom monocromático não foram capazes de captar os detalhes descritos por mim, porém apreenderam a natureza silvestre de uma jovem mulher. E ela tragava sua medicina ao pensar em mim. Sim, ela pensava em mim. Amedrontada por sentimentos nada vulgares ou leais. Consumida pela curiosidade de uma recém paixão descoberta. Inserida na ruptura de seu caráter festivo e boêmio. A moça na tela não fazia a menor ideia de que um dia estaria onde está, despida e deitada sendo observada por mim.

Não pude evitar, então sorri.

Aos poucos, dobrando os segundos, passando os minutos, esquivando o cansaço, adormeci ao lado de Cosima. Porém antes de ir, pousei minha cabeça sobre seu colo. Não há maneira melhor de aceitar a fantasia sem despedir-se da realidade.

As malas já estavam prontas. A casa já recebia o vazio de sua alegria. E Dra. Niehaus, como de costume, estava atrasada. Seu voo partia em uma hora, ela retornaria a Rhode Island sozinha, pois eu ainda precisava assinar os papeis da guarda de Charlotte.

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⏰ Last updated: Feb 14, 2018 ⏰

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She's Got Me DaydreamingWhere stories live. Discover now