Accidentally In Love

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Pov- Cosima

Estar apaixonada pode ser bizarro e completamente letal. Tal sentimento te consome por inteiro, te devora, te transborda e, às vezes, te apavora. Tome como exemplo minha relação com Delphine...

Ah! Há horas que quero fazer carinho e cuidar, porém, em raros momentos obscuros, quero matar, sufocar, afogar aquela loucura de mulher na tormenta de meus oceanos.

Entretanto, todavia...

A sanidade em nossos momentos é tão regular quanto nosso desequilíbrio. Somos como bola de neve ladeira à baixo.

Entre seus devaneios de cigarro, minha namorada me observa enquanto eu a assisto. Foram várias as vezes, quando me perguntou em seu irresistível sotaque:

"Qual é o problema?"

Era impossível não sorrir ao ser invadida por sua beleza, por seu jeito feito para acabar comigo.

"Estou apaixonada." Eu respondia a cada pergunta, a cada dúvida, com o mesmo olhar mirando nos castanhos daqueles olhos redondos.

Amar Delphine me deixa leve feito pluma, flutuante feito pena, airosa feito o vento. Ela veio como relâmpago, sem que eu a percebesse, e quando ela se vai, deixa os rastros de seu trovão.

Nossas manhãs são regadas a preguiça e manha, com beijos ora delicados, ora famintos. No café há frutas, ovos, às vezes até pães e doces, porém, em meio à deslizes de uma rotina recém-casada, há dias que nossa fome só é saciável na cama.

Cormier é meu prato ferido, meu vício, o resultado de muitos sacrifícios, minha tentação, dona de minha total concentração.

É engraçado como aprendo suas manias, decodifico seu ostentoso vocabulário, o qual, aos poucos se torna parecido com o meu. Mas essa ligação estranha é de mão dupla, já até reparei em minhas ações sendo transformadas nas delas.

Nossas noites são cansativas, às vezes dançantes, porém sempre satisfatórias. Há dias que Delphine fica até mais tarde no lab, estes são os mais solitários. Entretanto, no meio da madrugada, quando a temperatura cai lá fora, sinto seus mornos braços longos aquecendo meu corpo aqui dentro do edredom.

O amor está nas pequenas coisas, está no beijo inesperado, no toque apropriado, no "Bom Dia" atordoado. Tal afeição é o resultado de ações tão apaixonadas quanto a paciência ao esperar ela se trocar, para sairmos. Seja à lazer, seja à trabalho. Minha mulher é vaidosa, é arrogante, narcisista e tirana, mas estas são qualidades disfarçadas em mínimos defeitos.

Delphine é mandona, controladora. E eu amo cada uma de suas imperfeições.

Ontem após o expediente, tentei saber mais sobre minha cobaia humana.

"As informações são confidenciais. " Dr. Silva é o cientista mais tranquilo da equipe, sempre com piadas ligeiras e olhar chapado. Nós já fumamos uns becks juntos.

"Eu sei que você pode me dar alguns detalhes." Insisti novamente.

"Olha, qualquer coisa que eu fale pode comprometer o experimento." Respirou fundo, "Você quer mesmo se encrencar com Dr. Leekie." Eu estou à beira de sair na porrada com esse velho babão.

"Não, Dr. Silva." Reconheci o sotaque tentador entrelaçado naquela voz sensual, "Dra, Niehaus não quer se encrencar. Pode deixar que eu assumo a culpa."

"Dra. Cormier..." O cientista tinha tom de pele parda, porém suas bochechas ganhavam cada vez mais cor rosada.

"Fique calmo, Silva. Envie os arquivos por email à Dra. Niehaus pela manhã." Delphine demandou envenenada por seu próprio imperialismo.

She's Got Me DaydreamingWhere stories live. Discover now