Um hóspede

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"Final de semana chegou finalmente, essa semana foi um tédio total, vou aproveitar que hoje é sexta e me divertir muito na balada, quero sair beijando muitos garotos. Hoje vou extravasar" Eu estava falando comigo mesmo em pensamento ao abrir os olhos. Eu tinha acabado de acordar. Peguei meu celular, não tinha nenhuma mensagem para mim no WhatsApp. Por favor, será que ninguém lembrou que eu existo? Cade um bom dia? Amigos egoístas esses que eu tenho. Abri o App de pegação, havia uma mensagem de "Loiro com local". Bom ao menos alguém me deu um bom dia não é mesmo? Eu parecia um idiota brigando com meus pensamentos. Não respondi, levantei da cama e fui para o banheiro tomar um banho. É um costume que eu tenho, levantar e tomar banho, se não parece que a sujeira está grudada em mim, mas não sou do tipo de pessoa fanática pela limpeza não. Tenho 1,65 de altura, sou branco, olhos castanhos, cabelos castanhos também, uso aparelho nos dentes, eu odeio usar isso, ter um metal que te impede de comer muitas coisas, é horrível.

- André, vem tomar café, eu sei que ja acordou, escutei o barulho do chuveiro. - Minha mãe estava me gritando logo cedo.

Ah é, esse é meu nome André, é um pouco estranho ficar soando o nome no pensamento, não sei se vocês já tiveram essa impressão. Eu estou fazendo isso de novo não é? Falando sozinho como se tivesse alguém me escutando, eu as vezes crio umas paranóias na minha cabeça, devo ser louco só pode. Terminei o banho, me troquei peguei o celular e fui correndo para a cozinha tomar café. Minha mãe estava assistindo "Mais Você" aquele programa sem graça da Ana Maria Braga, que só gente velha assiste.

- Tira o olho da TV dona Carmen. - Eu falei olhando para ela.

- Cala boca, eu estou tentando anotar essa receita. - Ela estava sentada na mesa com uma caneta e um caderninho na mão. Eu meio que ri da situação.

- Mãe, estamos no século 21, existe internet, é tão mais rápido e prático. - Falei colocando leite no meu copo.

- Aff, não consegui marcar todos os ingredientes, culpa sua fica me atrapalhando. - Ela fala jogando a caneta em cima da mesa. - Esse negócio de internet ai é coisa para jovem, já estou velha não sei mexer nessas coisas.

- Eu ja falei para a senhora que eu ensino a senhora mexer. - Falei me sentando na mesa e passando manteiga no pão.

- Eu não tenho paciência para aprender essas coisas não. - Ela levanta da mesa resmungando. - Depois você entra ai na sua internet e marca a receita para mim. Pretendo fazer um jantar gostoso hoje.

- Porque? Hoje é algum dia especial que eu ainda não estou sabendo? - Falei levando o copo de leite até a boca.

- Não, seu primo Ricardo vai vir morar com a gente.

- O que? - Falei quase cuspindo o leite.

- Ele só vai ficar por alguns meses, e pretende estudar na mesma faculdade que você. - Eu odeio Ricardo. - Arrume o seu quarto.

- Porque? - Eu olho para ela.

- Você quer que ele durma onde? Na sala? - Ela faz cara feia.

- Mas e o quarto da Bruna? - Perdi a vontade de tomar o café, coloquei o copo com o resto de leite em cima da mesa.

- Ricardo é homem, não vou deixar ele dormir no quarto da sua irmã.

- E eu que tenho que dividir meu quarto com aquele chato. - Resmunguei baixinho.

- Eu escutei viu André? É para tratar ele muito bem. - Ela fala pegando o copo para lavar.

Voltei para o meu quarto, eu teria que arrumar tudo, esconder minhas coisas, porque meu primo não pode saber que sou gay, aliás ninguém pode, minha mãe é super de boa, mas se meu pai machista como ele é descobrir que tem um filho gay, ele me mata. E Ricardo é o sobrinho favorito dele, todo metido a machão, pega muitas garotas, ja estou até vendo meu pai dizendo: "Siga o Ricardo como exemplo filho." Dois idiotas. Coloquei uma música e comecei a ajeitar o meu quarto, não quero que ninguém fique mexendo nas minhas coisas.

O idiota do meu primo (Romance gay)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora