6. Ímpeto

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adorei escrever esse capítulo, espero que vocês aproveitem-o <3

Eu estava exausto. Fisicamente e psicologicamente.

Nunca pensei que o terceiro ano fosse ser tão cansativo como ele estava se mostrando ser. Era difícil para mim me concentrar em estudar quando o final do período se aproximava a cada dia e eu não fazia ideia de como convencer meus pais que não estava com a mínima vontade de seguir seus passos.

Eu amava ler, amava rabiscar meus cadernos com poesias provenientes das situações cotidianas que eu presenciava, mas sentia que aquilo tudo pertencia a mim, então publicar um livro como a minha mãe não estava nos meus planos — pelo menos não agora. E mesmo me dando bem até demais com matérias exatas e ciências da natureza, a ideia de passar o resto da minha vida mexendo com números dentro de um escritório por mais confortável que fosse, não me agradava nem um pouco. Sempre deixei claro meu desgosto por substituir meu pai no comando da empresa, mas não é como se eles achassem a minha opinião sobre o meu futuro como sendo algo relevante.

Suspirei, me sentindo mais do que cansado quando o sinal tocou, indicando o início do almoço. Guardei minhas coisas rapidamente, esperando que o Bambam, com toda a sua lentidão, guardasse os seus para que nós pudéssemos sair da sala.

— Você está horrível — proferiu o garoto assim que parou do meu lado.

— Não precisa jogar isso na minha cara, tá?

E comecei a fazer meu caminho pelas carteiras, com o meu amigo atrás de mim soltando uma risadinha baixa.

— Mas o que houve? Não está dormindo direito? — Perguntou, mas logo completou: — Se bem que você vai dormir sete horas da noite, Youngjae, não tem como essas olheiras aí serem por causa disso. — Revirei os olhos.

— Eu só estou... cansado.

Bambam ficou em silencio até nós chegarmos aos corredores não tão movimentados agora. Parecia que todo mundo tinha ido direto para o refeitório.

— Seu pai tá enchendo o seu saco de novo?

Suspirei. Na noite anterior, durante mais um dos inúmeros jantares com sócios dele onde nós fingíamos ser uma perfeita família com uma perfeita harmonia familiar, ele estava se glorificando por ter um filho tão inteligente e prestativo que já havia começado a frequentar o prédio da família para se familiarizar com tudo de lá. Eu fingi que não tinha ouvido e continuei a comer meu jantar, meu pai justificando a minha expressiva falta de interesse como um "ele é tímido" enquanto eu revirava meus olhos sem que ele visse.

— Por que não chega pra ele e fala que não é isso que quer? — Bambam parou de andar para amarrar o tênis.

— Você acha que eu não já tentei? — Me escorei na parede. — Mas ele não me escuta...

— Já tentou a sua mãe? Ela sempre foi mais protetora e tudo mais.

Dei os ombros. Também não é como se minha mãe fosse contrariar uma decisão do meu pai.

De repente, um garoto do primeiro ano passou por nós gritando e correndo em direção ao refeitório como se o colégio estivesse pegando fogo. Olhei para trás para ver mais outros cinco ou seis fazendo a mesma coisa, passando por nós a toda velocidade. Olhei para Bambam, que já terminara de amarrar seu cadarço e agora me olhava com confusão estampada no rosto, assim como eu estava naquele momento. Temendo ser algo mais grave — como se o colégio realmente estivesse pegando fogo — nós dois começamos a rumar na direção do refeitório também, seguindo os garotos que já iam mais à frente no enorme corredor estreito.

Bad decisionsWhere stories live. Discover now