Capítulo 5

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Merda. Merda.

-Merda- levantei xingando da cama enquanto corria pro guarda-roupa pra por minha roupa. Decididamente, por que eu sempre me atraso para compromissos importantes? Tenho uma prova agora e estou procurando uma roupa ainda.

Vejo minha morte no fim da rua.

Sai correndo com um pé só para tentar por o tênis no outro e meti a cara, literalmente,   na parede, um dia eu aprendo. Toda vez que faço isso bato na parede, ser loira é um problema.

Dulce: Tá tudo bem aí, Any?-resmungou.

Anahi: Tá sim-levei a mão na testa onde, provavelmente, vai nascer um galo e corri pra cozinha.

Eu devia mesmo ter colocado o despertador para mais cedo.

Peguei minha bolsa, tropecei em mais uns 5 móveis -acho que minha sala tem bem menos que isso - e abri a porta.

Dei de cara com um vendedor idiota querendo que eu fizesse obras de caridade à essa hora da amanha. Já reparou que crente e vendedor autônomos só batem na sua porta nas horas que você tá mais atrasada? Nada contra os crentes, deixo claro

-Vamos, senhora, só cinco reais.

Anahi: Volta mais tarde, eu tô atrasada, não tá vendo?-fechei a porta.

-Para obras de caridade e Deus nós nunca podemos ficar sem tempo- proclamou categórico.

Que sorte a minha, dei de cara com um vendedor autônomo chato & crente. Qual é a chance disso acontecer numa quarta-feia, as oito da manha, em Sao Paulo num dia em que voce não pode se atrasar?

Um a cada mil pessoas? Não. Uma a cada um milhão, porque, sinceramente, não está muito cedo pra esse cara pedir donativos para sua igreja em forma de rifa de tv usada e liquidificador quebrado, não?

Detalhe: Eu moro no sétimo andar. Ele deve ter batido no primeiro as, no minimo, seis.

Anahi: Ok- olhei pro elevador e pro meu relógio- me dá uma.

Abri a bolsa procurando a carteira, que, obviamente, desapareceu da minha vista como passo de mágica.

Alguém arrisca que hoje é um dia bom pra mim??

-Que número?

Anahi: Meu filho, eu tô atrasada e só tô comprando porque não tô com saco pra ouvir crente me amaldiçoar. Você tambem quer que eu de um número?

HEEEEEEEEELLO!
Esse cara ta querendo que eu jogue o extintor de incendio na cara dele.

Fact.

-É só dizer um numero.

Anahi: Dez-rolei os olhos- É a nota que eu tenho que tirar nessa prova se você não quer que eu rode essa cidade atrás de ti e cometa meu primeiro homicídio.

Ele fez cara de assustado e me entregou o papel correndo e pegando o dinheiro.

-Não quer saber o prêmio?

Mostrei o dedo do meio pra ele bem educadamente, claro, uma dama jamais desce do salto -e sorri.

-Que Jesus a acompanhe.

Anahi: Ele devia te acompanhar. Vai que tu da de cara com um psicopata?

O elevador fechou e eu sorri.

Olhei pro papel na minha mão, amassei, e joguei dentro da bolsa.

Cheguei exausta em casa. Afundei na prova, não passei no teste. Mais uma noticia boa assim e eu pulo do Rio Tietê.

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