Epílogo.

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"- Faça um desejo.

- E se eu não tiver nada pra desejar? E se eu já tiver tudo o que eu quero?

- Então deseje que nada mude."

-Você leu isso, amor?

Saí do banheiro enrolado na toalha. Estava fazendo a barba, Thiago e Filipe estavam dormindo no hotel onde Kaká estava, por causa de Luca e Bella e Duda havia acabado de dormir, depois de cantar horas pra ela –ela só dormia, para desespero de Anahí, com minhas canções.

Alfonso: O que?

Anahi me mostrou a capa da revista.

Anahi: Um conto de fadas real –sorriu.

A foto era de nós dois, sorrindo felizes e apaixonados.

Alfonso: Conto de Fadas, rainha?

Anahi: Unrun. Olha isso: Como conquistar seu príncipe e ter um conto de fadas real, baseado no casamento de Alfonso e Anahí.

Alfonso: Casal modelo –voltei a me barbear.

Anahi: Escuta... Que Anahí é uma sortuda de mão cheia, mãe de três filhos lindos e casada com um dos caras mais lindos –e rico –do Brasil, ninguém precisa dizer. Mas não precisa ter um par de olhos azuis para conquistar um amor assim. Meu Deus, amor, tem coisa aqui que eu nem sabia que fiz.

Alfonso: Tipo?

Anahi: Top 5 para o sucesso: "Primeiro: Anahí é conhecida pela marra, sempre rápida e direta nas respostas, sem perder a classe em público. Então, não basta ser difícil, tem que ser simpática."

Alfonso: Confere.

Anahi: "Segundo: não importa o quanto o cara seja rico, lindo ou famoso, não pode demonstrar sede ao pote de outro. Simplicidade e pureza devem fazer parte, sem deixar claro que é muito louca pelo cara."

Alfonso; Você nunca foi muito louca por mim.

Anahi: Não antes de me apaixonar.

Alfonso: Terceiro?

Anahi: "Conseguir abrir mão do cara, se este for o melhor pra ele." What?

Alfonso: Boa essa, eu te odiei na época.

Anahi: Não sabia que me odiou em algum momento.

Alfonso: Só um pouquinho, quase nada e passou rápido. Quarto?

Anahi: "Determinação. Anahí correu atrás do que quis, lutou sem desistir jamais; homens adoram uma mulher determinada."

Alfonso: Confere.

Anahi: A última é absurda –riu.

Alfonso: Como é?

Anahi: "A alegria de Any é contagiante, apaixonante e ela é divertida, mas não basta só isso, um par de olhos azuis impactantes e um corpo que mesmo depois de três filhos é de dar inveja em qualquer mortal, você precisa descobrir o que o agrada para alcançar seu coração. Qualquer mulher pode ter um conto de fadas se fizer tudo certo."

Alfonso: Onde está o absurdo? –saí do banheiro.

Anahi: Eu nunca fiz nada para te agradar. Aliás, eu era tão imprevisível, hesitante e chata que fico espantada que tenha mesmo se apaixonado por mim.

Alfonso: Também me espanto –ri.

Anahi: Palhaço. –jogou o travesseiro em mim.

Alfonso: E ainda me agride –provoquei.

Anahi: Não provoca, Alfonso, será que alguma mulher consegue um conto de fadas come essas dicas piegas e idiotas?

Alfonso: Não.

Anahi: Por que não?

Alfonso: Pureza, inocência, determinação e amor incondicional não se aprende, nasce com a gente.

Ela sorriu.

Anahi: Você não tinha nenhuma dessas qualidades, mas eu te amo assim mesmo. Fazer o que se não tive a mesma sorte?

Por apenas dois segundos, toda nossa historia de quase dez anos brilhou em minha mente. O modo como eu a conheci. O quanto ela me assustou com tanta segurança em minha casa. Como ela foi me conquistando aos poucos com aquele jeito marrenta de quem não tá nem aí pras coisas. Nosso namoro. Dulce tentando atrapalhar. Minha viagem pra Madri. O término e o quanto eu fiquei mal com isso. Lembrei de quando nos reencontramos e do poder que ela conseguiu exercer em mim. Lembrei do nosso casamento simples que irritou a imprensa e, principalmente, da nossa Lua de Mel em Veneza. Lembrei do nascimento de Thiago, do quanto Filipe deixava sua mãe sem ar ainda na barriga, dos pedidos estranhos que ela fazia grávida dele e que eu saía correndo de casa pra resolver –quando estava em casa, obviamente. Lembrei da gravidez de Line. Da nossa felicidade por uma menina. Do acidente. Da depressão em que ela acabou caindo. Dos momentos ruins que tive que passar ao seu lado. De todo mundo me mandar abandonar o barco. Lembrei do quanto eu fui firme e naquele momento eu poderia realmente ficar feliz por isso. Se Anahí estava bem como estava eu não ia ser modesto e dizer que não ajudei. Lembrei então dela tentando se recuperar. Do medo que senti com ela grávida de Duda. Das brigas bobas. Das brigas sérias. Das brigas só pra lhe tirar do sério. Da felicidade plena que depois dos obstáculos nos encontramos. Anahí e eu não tínhamos nada em comum e isso era claro. Mesmo com o passar dos anos, era difícil encontrar algo que realmente chamasse atenção dos dois além dos filhos e, agora, da ONG. Qualquer pessoa teria dito que nunca daríamos certo. Nós não havíamos sido feitos um para o outro. Não. Ainda assim ela me completava, me guiava, segurava a minha mão e me deixava tranquilo. Por outro lado, eu a deixava segura, era o pai que ela nunca teve, mesmo tendo a mesma profissão, eu realizava seus desejos e sonhos mais idiotas, e a fazia feliz(eu, sendo seu marido, companheiro, melhor amigo, confidente, amante via o quanto isso era necessário). Nós nos amávamos, apesar de toda nossa diferença clara, isso não ofuscou nosso sentimento. Seria para sempre. Eu tinha certeza. Porque depois de toda a tormenta que passamos juntos qualquer coisa que viesse íamos tirar de letra.

Danem-se todas as probabilidades, ou o que faz a gente se apaixonar por uma pessoa! Isso não existe. Às vezes o amor só acontece no lugar mais estranho com a pessoa mais improvável. Basta olhar nos olhos dela e... já era. Não importa se ela fuma, tem quatro olhos ou veio de outro planeta. O amor acontece. E não há nada que possa mudar isso. Nem mesmo o fato de que segundo a maioria vocês nunca conseguiriam ficar muito tempo juntos. A maioria das pessoas desistem antes de tentar quando veem que a relação é difícil. Eu estava muito feliz por nunca ter desistido de Anahí. Toda essa divagação não durou nem dois minutos, Anahí ainda me olhava sem perceber exatamente o que pensava e passava por minha cabeça. Então larguei a toalha e disse:

Alfonso: Você não muda –ri –Mas agora, por que não deixa essa revista idiota de lado e vem me levar ao paraíso do nosso conto de fadas?

Me deitei em cima dela e joguei a revista para trás. Ela caiu num baque surdo no chão, estampando nossas fotos que não transmitiam 1/3 da felicidade que vivíamos.

Ela era minha.

E eu dela.

E eu não precisava de mais nada.

Não era conto de fadas, era realidade e eu nunca me cansaria de agradecer a Deus por minha vida, pelos meus filhos.

Por ela.

FIM.

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