Ponto 13 - Tanglodon III

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Os guardas não sabiam o que fazer, olhavam de um para o outro procurando uma solução.

— Eu não aprovo — disse o Paxhas, — não vou correr o risco, não quero Hanigamis dentro de Tanglodon.

Sutura trincou os dentes, sentiu uma vontade enorme de costurar aquele velho e aquele moleque estúpido que sorria de forma desdenhosa para ela.

— Se quiser entrar senhorita, terá que deixar a Hanigami.

— Não vou fazer isso.

— Então está decidido, os portões vão se abrir e os demais podem entrar — disse o Paxhas dando as costas para ela.

Algo borbulhava dentro dela, uma vontade enorme de montar em Arky e abandonar tudo aquilo. Sentiu o bico de Arky a empurrando na direção do portão.

— O que foi Arky? — se voltou para a ave. — Nós não vamos entrar.

A Gorak grasnou e em seguida olhou par ao deserto.

— O que você está tentando me dizer?

A empurrou novamente, deu dois passos para trás e olhou para o deserto. Sutura franziu o cenho, Arky havia entendido que não era bem-vinda naquela montanha.

— Você quer ficar aqui no deserto e é para mim entrar na montanha?

Arky grasnou e Sutura sentiu um aperto no coração.

— Não vou te deixar sozinha — deu um passo na direção dela que recuou e grasnou.

A mão de Demetorios pousou em sua cabeça.

— Deixe Arky fazer o que bem entender. Você sempre disse que ela é livre para fazer o que quiser. Pense que ela pode estar melhor aqui onde é livre para correr e lutar a vontade do que estar presa dentro dessa montanha. E não se preocupe — se ajoelhou ao lado dela, — Arky vai voltar para você quando atravessarmos esse lugar.

Sutura olhou para a ave com os olhos marejados.

— Você vai voltar?

Arky piou e esfregou a cabeça nela

— Então está tudo bem, mas volte, por favor, ou eu vou ficar maluca se você sumir e eu nunca mais te ver.

A ave tentou arrancar a cabeça dela, mas Su se desviou e deu um pequeno sorriso. Deu a volta nela e tirou os alforjes e a sela, o cabresto e as caixas, deixaria Arky livre sem todas aquelas coisas que poderiam atrapalhá-la

— Vou te esperar — disse Su abraçando e afagando seu pescoço.

Arky grasnou e correu para longe desaparecendo em meio ao deserto. Os guardas ainda mantinham os portões abertos. Sutura sentiu os olhos lacrimejarem, não gostava de a deixar sozinha naquele deserto horrível, não queria ficar longe dela.

— Sua ave é poderosa — disse Rayner, — confie nela.

— Eu sei que ela é, mas mesmo assim, não queria que ela ficasse longe de mim.

*

A sensação de claustrofobia aumentava a medida que avançava naquele túnel. Rayner, Demetorios, Helen, Alef e alguns dos chevalies a ajudaram a carregar as coisas de Arky. Tudo era tão pesado e cansativo sem Eyn Sofh e esse era o motivo da sensação claustrofóbica que sentia.

Estava tentando não se incomodar demais por ter seu poder selado, mas era difícil.

Como pode ter pessoas que eram privadas de usar o Eyn Soph e ainda assim continuam a viver?

Olhou para Alef a sua frente, deveria estar se sentindo horrível, pois já havia sido escravo. Respirou fundo e tentou manter a calma, pelo menos naquele túnel não precisava usar o incomodo equipamento de repulsão.

Chegaram a uma plataforma onde pequenos carros de carga deslizavam sobre um longo trilho de metal. Todos embarcaram em um que se moveu rapidamente para o interior da montanha. A cada curva que faziam, ela achava que seria arremessada para fora e se estatelaria numa daquelas paredes rochosas, choramingou dizendo que queria ir embora e poder fluir Eyn Soph novamente, se agarrava a uma barra de metal a sua frente e no braço de Rayner, ele se mantinha firme e não reclamava dela apertá-lo.

Um brilho ofuscante a cegou por um momento enquanto o carro deslizava pela lateral do interior da montanha, haviam adentrado o lugar onde se encontrava a cidade. Um grande lago existia ali, haviam árvores de folhas amarelas, casas feitas de madeira e pedra, campos com plantações e gado. Mas o mais incrível de tudo naquela gigantesca caverna, era o esplendoroso cristal que brilhava no alto dela, parecia uma pequena estrela, e iluminava tudo ali. Aves voaram em bando se dirigindo ao lago e o carro finalmente parou em uma plataforma de desembarque próxima da cidade.

Pessoas andavam de um lado para o outro como em qualquer lugar que já tenha visto, a grande maioria era de Rodureans, mas existiam de outras raças ali também. Pareciam levar uma vida normal, conversavam, riam, namoravam. Haviam bares e lojas, mas mesmo parecendo apenas uma cidade dentro de uma montanha, as pessoas usavam uma espécie de coleira escura com um cristal na frente, alguns tinham um vermelho, enquanto outras azul ou verde.

Um grupo de crianças passou correndo por eles seguindo em direção ao lago.

— Por que tem crianças aqui? — perguntou Rayner se aproximando do Paxhas.

— São filhos dos prisioneiros — respondeu.

— E por que eles estão presos?

— Os crimes dos pais também são dos filhos.

— Isso é ridículo — disse Helen, mas em seguida tapou a boca ao ver o olhar da senhora Megan.

— Essas crianças, em sua maioria, nasceram aqui — disse o Paxhas. — Se acha tudo um absurdo, pergunte aos pais delas se eles gostariam que elas fossem mandadas para longe.

Aquilo parecia crueldade, mas era obvio que os pais não deixariam seus filhos pequenos irem para um mundo desconhecido, jogados em algum canto, ou em orfanato.

— E quando essas crianças se tornam adultos, são libertos?

— Claro que não.

Sutura notou que Rayner apertou os punhos.

— Isso é um absurdo — olhou para onde as crianças brincavam.

— As regras são essas — disse o Rodurean um pouco irritado, — se os prisioneiros tiverem filhos, essas crianças só sairão quando os pais cumprirem sua pena, se acha isso ruim, Hoen, vá reclamar com o Sultain ou com a Mabethliha.

Rayner trincou os dentes, não havia o que falar, aquele era um reino de Rodureans, com leis e costumes de Rodureans, e Rayner sendo um Hoen não tinha como interferir nisso, ou seja, o que quer que ele achasse errado era irrelevante para aquelas pessoas.

O Paxhas se voltou para Megan que pediu desculpas pela conduta dos seus chevalies.

— Está tudo bem minha senhora — disse ele esboçando um sorriso gorduroso, — somos raças diferentes. Aqui em Tanglodon as pessoas trabalham e ganham por ele. Algumas cuidam da terra, outras dos animais, a grande maioria trabalha nas minas que é a grande fonte de prosperidade de Rodurantins. Os minerais aqui encontrados são de alta qualidade e o ferro rubro, um valioso e raro componente para NoAni, é apenas encontrado aqui.

— O que são essas coleiras? — perguntou Megan.


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Olá pessoas, essas partes eram para ter saído no final de semana, mas como estou com uma internet pior que a da xuxa, só pude postar hoje hehe

O Ovo da Fada Negra (Completo)Where stories live. Discover now