Ponto Final - Asa Negra VII

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Tocou nos cabelos dele e depois se afastou. Rayner e os chevalies começaram a trabalhar para tirar o corpo de Eric de debaixo dos escombros.

Helen ajudou Sutura a sentar sobre uma pedra lisa, achou aquela pedra estranha, pois pedras não tinham aquele formato naturalmente como se fosse a tampa de alguma coisa.

Os olhos das duas garotas se encontraram, Sutura parecia pensar a mesma coisa que ela. Aquilo era a tampa de alguma coisa, e a queda das pedras naquela câmara fez uma ponta da tampa rachar. A garota retalhos saiu de cima da tampa e depois Helen forçar para abrir, era curioso para ambas a existência daquilo ali. Poderia ter outro Agjinn ali dentro. O pensamento a arrepiou, se tivesse um ela mataria antes dele abrir os olhos, Helen não deixaria que ele tocasse em Sutura.

Torceu para que tivesse apenas ossos ali, e agradeceu aos Arkhons por encontrar corpos secos vestidos com farrapos. Sutura se aproximou e olhou dentro.

— Ali! — disse apontando para algo entre os dois corpos.

Era um livro, Helen esticou o braço e pegou na mão, em seguida entregou para a amiga que ficou com os olhos arregalados quando o segurou em mãos. Curiosa, Helen olhou para a capa.

Norami — era o que estava escrito ali.

Sutura abriu o livro, mas Helen não entendia uma palavra do que estava escrito e pela expressão no rosto da amiga, ela também não entendia.

— Se isso realmente pertenceu a Norami — disse Su, — então essa escrita é o idioma dos Faer.

— Parece ser muito antigo mesmo — Helen virou uma página e ela trincou.

Rayner se aproximou delas, haviam terminado o trabalho, seus olhos se fixaram no livro. As garotas Indicaram o túmulo e mostraram a capa do livro.

— São duas pessoas ali dentro, será que uma delas é a Norami? — Rayner indagou.

— Não faço ideia — disse Sutura fechando o livro com cuidado, — a história diz que ela desapareceu depois de derrotar Malina, mas não podemos descartar a possibilidade de que ela descanse aqui.

Nenhum deles queria tocar nos corpos ali.

— Se um deles é dela, de quem seria o outro? — Helen levantou essa questão, olhou para Sutura que deu de ombros.

— Acho melhor fechar o túmulo e deixar, seja quem for que aqui descansa, continuar assim — disse Rayner se agachando perto de Sutura para ela subir em suas costas.

— Será que o Chi-jo Wallace conseguiria traduzir isso? — Sutura perguntou.

— Acredito que sim, o Chi-jo está mais para um erudito do que um lutador e conhece muitos idiomas.

Sutura assentiu. Helen foi até uma das macas improvisadas e ajudou a carregar um dos corpos. Aquilo era estranho, Midori e Eric caíram no mesmo local onde outras duas pessoas estavam repousando por vários séculos.

*

Vários funerais aconteciam em Tanglodon. Os Rodureans tinham o costume de mumificar seus mortos e levou certo tempo para eles terminarem todos os preparativos e ritos religiosos para então sepultarem numa pirâmide subterrânea, ela se localizava em um dos locais mais profundos daquela montanha. As pessoas do lugar realizaram uma procissão, se vestiam de branco, cantavam hinos e levavam estátuas de madeira do Arkhon Enunreos, com cabeça e asas de corvo, e corpo de chacal. Era o guardião da balança do julgamento, onde ele pesava o carma da essência de uma pessoa e então ela era enviada para o precipício negro ou para o mar da essência. A religião em Hon possuía algo parecido, mas o Arkhon era outro.

Os Hoens cremavam seus mortos, cantavam e jogavam flores de tecido, louvavam a trindade sagrada, YGA — Yalh, Gotzime e Ananola. Depois dos ritos, as cinzas eram recolhidas, e cada família tinha um local onde eram colocadas, ficavam ali em potes de cerâmica por vários anos e em seguida o pote era levado para uma Arkhta particular e as cinzas jogadas em poço.

Rayner assistia os corpos de seus leais companheiros serem cremados, eles perderam a vida lutando bravamente. Cada um deles estava em sua pira funerária, preparados com suas melhores roupas.

As canções se elevaram, mas Rayner não cantava, apenas assistia tudo em silêncio e desejava ter sido mais forte. Se tivesse mais poder quem sabe eles não tivessem pedido a vida.

Tudo volta a Sofhya. Rayner questionava se isso era verdade. Todas as religiões que conheceu tinham algo em comum, exceto em Unululum, a terra dos Unalus, eles não acreditavam que existisse um ser cósmico chamado Sofhya que estava acima dos Arkhons. Já as outras tinham isso em comum. E esse fato se deu por causa de Bodarhima com sua congregação que espalhou isso enquanto peregrinava pelo mundo. Ele teve muitos seguidores, e os choques de religiões e o passar dos anos fez com que certos aspectos da crendice dele acabasse influenciando em quase todas elas.

Chamas crepitavam, lágrimas e lamentos estavam por todo canto, em cada rosto. Sutura estava em pé ao seu lado, dois dias haviam sem passado após resgatarem os corpos de Midori e Eric, e ela já estava firme e forte.

A fitou com o canto do olho, sua expressão era séria e seu olhar distante, parecia pensar em outras coisas. Apesar do pesar em perder seus companheiros, sua mente pensava em outras coisas principalmente nas palavras de Agjinn — Princesa da Escuridão.

O filho do metal não era uma criatura conhecida, Chi-jo Wallace disse que teria que pesquisar nos livros da estudiosa Cagliostro, ela havia escrito um livro chamado: Os Filhos das Forças Naturais. E quem sabe tivesse algo relacionado a ele. A impressão que teve ao ver a criatura de prata, é que ele parecia ser algo antigo e ele não chamaria Sutura de Princesa da Escuridão sem um motivo.

Enumerou as coisas que não sabia sobre ela. Primeiro: ela não tinha memória de nada além de quatro anos atrás e sua primeira lembrança é de estar junto da Estrela da Manhã. Talvez ela soubesse de algo sobre o passado de Sutura talvez não. Se concentrou para lembrar de histórias relacionadas a perda de memória, uma delas se chamava Afeito Amnesia — uma pessoa aparece sem saber de onde veio e sem ninguém a reconhecê-la.

O Ovo da Fada Negra (Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora