Surpresas

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– Achei que não fosse voltar a respirar mais. – Comento, quase que gaguejando. – Fiquei assustada.

Minhas mãos estão um pouco trêmulas quando solto-me de Luke e sento-me no chão, ao seu lado. Olho ao redor, certificando-me de que os lobisomens não estão mais por aqui. E finalmente respiro fundo, sentindo nada mais e nada menos que o alívio.

Ele parece tão arrasado quanto eu, talvez um pouquinho mais. Toda aquela água certamente o enfraqueceu, afinal, é um feiticeiro negro.

Você salvou minha vida. – É tudo o que Luke diz.

Suas palavras me pegam de surpresa, para falar a verdade. Quer dizer, quem sempre me salva é Luke, e não o contrário.

– Tinha que retribuir as outras várias vezes em que você me salvou. – Murmuro. Ainda estou meio em estado de transe e por isso não sorrio.

Estou ensopada, assim como Luke. Um vento gelado sopra em direção aos nossos corpos e tenho de admitir que ele não me incomoda. Apenas roça minha pele fazendo poucas cócegas, tão poucas que não chego nem a arrepiar. Na verdade, isso me faz até bem, como se recuperasse um pouco de minhas energias.

Chego à conclusão que isso se deve ao fato de ser uma feiticeira branca, já que Luke aparenta estar com tanto frio, que chega a tremer. Além disso, seu lábio inferior está levemente arroxeado.

– Temos de sair daqui. Ou você vai congelar.

Luke parece distante e pensativo, além de extremamente exausto. Ele ignora minha preocupação e continua sentado, na mesma situação. Sinto que devo fazer alguma coisa, então coloco-me de pé e recolho nossa mochila jogada próxima à uma moita, onde deixei antes dos lobos aparecerem.

Noto que minhas roupas estão demasiadamente encharcadas, quando as sinto pesar. Abro a mochila procurando por algo que sirva para nos secar, mas logo lembro-me de que deixamos as toalhas dentro da caverna em que acampamos. Seguro minhas roupas com as mãos e torço-as, fazendo com que o excesso de água escorra. Não que isso mude tanta coisa, já que ainda continuo ensopada.

Sugiro que Luke faça o mesmo, mas ele continua absorto em pensamentos.

– Por que eles te querem tanto? – Questiona, como se não houvesse nenhuma explicação plausível em sua mente. – Falo dos lobos. Eles não atravessariam o Shadow Island se não fosse algo realmente importante. E não conseguiriam fazer isso sozinhos. Deve ter alguém por trás disso tudo.

Franzo o cenho pensativa e talvez um pouco nervosa com suas indagações.

Concordo com Luke sobre os lobos terem a intenção de me sequestrar, afinal, é a explicação mais aceitável para nos perseguirem tanto. Mas por que? O que eu tenho de tão especial que os lobisomens fossem precisar? Provavelmente, estão mesmo sendo liderados por alguém. Alguém que precise de mim.

Por um segundo, fico assustada e me lembro que os lobisomens não são os únicos que têm interesse na minha pessoa... Há um outro alguém, na verdade. Um homem alto e misterioso, com um ar sombrio. Todas as vezes em que o vi, mesmo que não tenha sido real, estava envolto por um manto branco, indiciando ser um feiticeiro branco. Além disso, ele diz ser meu pai.

– Luke. – Decido dizer o que estou pensando, mesmo que Luke não acredite muito nas minhas teorias. – Não faz sentido para você?

– O que? – Ele pergunta, curioso.

– Os lobisomens foram enviados pelo meu pai. Quero dizer, o cara esquisito dos meu sonhos, – Ou devo dizer "pesadelos"? – que menciona dominar Opposite. Ele diz que precisa de mim, dos meus poderes.

Opposite - Chamas IniciaisOnde histórias criam vida. Descubra agora