Coragem

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Os três feiticeiros negros diante de mim perdem o fôlego com a inesperada revelação. Jeremy tapa a boca com as mãos, Nina grita com a surpresa e Luke cai de joelhos ao meu lado. Todos têm seus olhos arregalados e posso ouvir seus batimentos cardíacos bem mais acelerados que o normal.

Encaro ao Oráculo, bem atrás de nós, que já possui meu verdadeiro nome gravado em runas douradas. Emily I. Darkbloom. Essa é minha verdadeira identidade, afinal. Meu nome vai desaparecendo lentamente, junto com a luz dourada e eu reprimo a vontade de gritar e colocar para fora toda a agonia que sinto.

Luke ainda está caído de joelhos, um pouco distante de mim. Parece tão arrasado como jamais o vi. Por um momento me sinto culpada, por outro, triste.

– Não pode ser. Não faz nenhum sentido. Blake Darkbloom é uma feiticeira negra, – Jeremy quebra o silêncio, me assustando. – enquanto que Emily é uma feiticeira branca.

Luke respira fundo e me encara finalmente. Ele franze o cenho e me observa com raiva e decepção, como se a culpa fosse minha. Tenho de evitar andar até ele e começar a gritar certos absurdos. Ou talvez só esteja imaginando coisas, estou tão atordoada que poderia ter um colapso nervoso.

Nina para ao meu lado e coloca uma de suas mãos em meu ombro direito, numa tentativa frustrada de me acalmar. Meu coração está tão acelerado que fazem minhas mãos tremerem e é claro que ela percebe.

Sinto-me péssima, traída por mim mesma, traída pelo meu passado. Lágrimas enchem meus olhos de novo, mas dessa vez eu as enxugo com rapidez, antes mesmo que despenquem e rolem pela minha face.

Totalmente destruído, Luke se levanta e volta a ficar paralisado, com o olhar congelado na minha direção. Não o culpo, afinal, tem razão em estar tão inconformado. Tudo o que ele sempre procurou estava bem debaixo do seu nariz durante o último mês.

– Emily, e quanto ao seu pai? – Nina pergunta, com toda a delicadeza do mundo. – E sua verdadeira data de nascimento?

– Nasci no dia vinte oito de outubro de 1996. – Respondo com a voz tão estridente, que não a reconheço. – E quanto a meu pai, ele é sim o homem esquisito que se comunica comigo através dos meus sonhos. Seu nome é Agramon Illuminati.

Para a minha surpresa, meus amigos parecem novamente chocados com o que acabo de dizer.

– Agramon Illuminati! – Nina repete, perplexa.

– Impossível! – Jeremy contesta, balançando a cabeça. – Esse cara já não está morto há anos? Não poderia ser o pai da Emily. E além disso, feiticeiros brancos e negros nunca se relacionaram antes, não no sentido de procriar. Tem alguma coisa muito esquisita nessa história!

Respiro fundo, meio confusa sobre o que conversam. Eu realmente não faço ideia de quem possa ser Agramon Illuminati.

– Acalme-se, Em. – Nina tenta me consolar, já passando um de seus braços por cima de meus ombros. Percebo que está na ponta dos pés para fazer isso, já que não é muito alta. – Você não é filha de Therion... Vai ver a princesa desaparecida ainda está por aí.

Não sei nem como responder à sua tentativa de consolo então não o faço.

– Ela é a princesa desaparecida. – Luke finalmente coloca para fora com um rosnado. – A data de nascimento... Não tinha como Blake Darkbloom ter duas filhas na mesma data. A não ser que Emily tenha uma irmã, mas ainda assim, isso não faria o menor sentido.

O fato de Luke referir-se à minha pessoa como se eu não estivesse presente me deixa aborrecida, não que isso me afete muito. Tenho outros problemas maiores para lidar, como ser a princesa desaparecida.

Opposite - Chamas IniciaisOnde histórias criam vida. Descubra agora