Sentença

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Nina estava sentada em uma cadeira de madeira simples, quando Dragomir entrou e encostou a porta. O homem parecia furioso, demais e olhou para ela com cara de poucos amigos. Ela, por sua vez, só queria ir embora.

- Nina.

Ela só olhou para o homem, que suspirou, se sentando na frente dela.

- Eu tinha 35 anos, quando o Conde me achou. - Fungou fortemente. - Eu era um idiota. Um camponês que achava que podia mandar no próprio nariz. Tinha perdido minha mulher e filhos, para uma doença qualquer. Eu tinha dois meninos, lindos, fortes. - Contou. - E aí veio o Conde e me trouxe para cá, para ser seu filho e seu companheiro. E como eu lutei Nina... lutei como você está lutando agora... Anninka era filha de um grande amigo do Conde, um vampiro antigo e forte e solitário. Anninka era boa com regras, eu... eu era um desastre. - Riu. - Banhos... punições... minha nudez exposta para vários. E eu era um homem... com pelos e tudo mais acompanhando. Eu demorei anos para entender obediência e os benefícios dela.

- Eu não te devo obediência.

- Eu também não devia ao Conde. - Lembrou Dragomir. - E nem Anninka ao pai dela. E nem Rodrik a mim. Mas nós, como você, não tínhamos outro lugar para ir. - Levantou-se, buscando espaço para andar. - A vinda para cá nunca é uma escolha, Nina, mas a felicidade aqui, pode ser. Nossa vila, no entanto, tem regras e todos nós estamos sujeitos à elas. Obediência é sempre uma regra severa, Nina.

- Rodrik te obedece? Não foi isso que vi hoje. - Nina provocou, cruzando os braços.

- Rodrik é mais sensível do que parece. Ele tem alguns receios, mesmo confiando em mim. Ele me obedece, mas ainda é jovem e imaturo, assim como eu era quando cheguei aqui.

- Se obediência para você significa me deixar ser banhada e segurada e vista... eu lamento, Dragomir. Não posso te oferecer isso.

- A quebra dessas regras, Nina, rendem castigos. Físicos, em sua maioria. Uma boa tira de couro nas nádegas podem te fazer mudar de ideia, talvez. Eu estou conversando com você, mas se achar que conversas podem ser dispensadas...

O rosto dela perdeu a cor e Dragomir agradeceu por isso.

- Não pode me bater.

-Posso e vou, se assim eu achar que deve ser feito. Como fiz no banho hoje. Eu sei que é confuso, mas logo você vai entender os benefícios, Nina.

- Não. - Protestou com a voz fraca. - Eu já te disse, eu não vou ficar.

- Oh, vai, Nina. Vai sim. - Sorriu gentilmente. - Você sabe das regras agora, obediência ou vai apanhar de mim ou de sua mãe.

- Vocês não são meus pais e eu não sou sua! - Falou braba.

- Este foi meu aviso, Nina e será a única conversa que teremos sobre regras antes de eu começar a aplicá-las. - Avisou. - Agora, desça e deixe Anninka te alimentar.

- Não estou com fome. - Falou furiosa.

- Então vá para o seu quarto. Está de castigo até segunda ordem.

- NÃO! - Gritou Nina.

- SERÁ QUE EU NÃO FUI CLARO, NINA VOZZ?! - A voz grave e forte de Dragomir gritou-lhe com autoridade, quase fazendo ela se encolher demais. - SERÁ QUE QUER UMA SURRA PARA PROVAR QUEM MANDA NESTA CASA?

- Não. - Abaixou a voz, com medo.

- RECOLHA-SE PARA O SEU QUARTO! AGORA!

- Mas eu falei que...

Ouvindo outro protesto, Dragomir colocou a mão nas calças e começou a desapertar a cinta que lhe segurava a cintura. Não, ele não ia ser desafiado assim.

A fenda temporalOnde histórias criam vida. Descubra agora