Explicações

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Rodrik viu Nina sentada ao lado de Elonnora na sala onde eles iam quase todos os dias. Ela e Elonnora estavam falando baixinho entre si, talvez trocando segredos. Ele estava feliz de ver a menina limpa, de cabelos lavados e embora ela parecesse chateada, ela estava bem cuidada e alimentada. Isso era alguma coisa.

- Nina. - Rodrik sorriu. - Elonnora! Olá meninas! - Comemorou.

- Rodrik! Oi! - Elonnora sorriu. - Você deve estar sabendo de tudo já... O Conde trancou Vladslau em um caixão... um século! Os pais dele estão péssimos!

- Eu imagino. - Rodrik observou a reação de Nina. - Escutem... eu estava pensando... Nina quer fazer a máquina dela e a gente podia ajudar. Pelo menos um pouco.

Elonnora engoliu seco, limpando as mãos no vestido azul.

- Ai... eu não sei não... minha mãe não gosta dessas coisas... eu teria que pedir.

- Peça. - Nina compreendeu o medo de Elonnora. - Se ela deixar.. eu ia adorar sua ajuda. A chance de funcionar é pequena... de qualquer forma. - Lembrou.

- Eu vou ficar feliz de ajudar. - Sorriu a menina. - E o que vamos fazer hoje?

- Jogar xadrez. - Decidiu Rodrik. - Nós três.

- Eu não sei se estou com humor pra xadrez. - Nina suspirou. - Eu estou mais curiosa sobre o Conde na verdade e sobre o poder dele nessa vila.

- A Vila é dele. - Elonnora riu. - Sempre foi.

- Pois é... e ele trancou Vladslau em um caixão, por cem anos.

- O que ele fez foi grave. - Argumentou Rodrik. - Está bem claro que o Conde não pesou a mão... e você ainda está bem machucada pra provar isso.

- Não estou preocupada com Vladslau.... eu estou preocupada com o poder absolutista do Conde.

- Nina... - Rodrik riu. - É 1780... nós 3 temos que concordar que o Conde é bem razoável em relação ao tempo.

- Rodrik tem razão, Nina. - Elonnora concordou.

- E as noivas dele.... 3! Ele tem 3 mulheres! As três me deram banho e pareciam se divertir com isso. 3! - Falou alto levantando o número 3 nos dedos da mão.

- Eu não sei se ia aguentar 3 Anninkas. - Rodrik brincou. - Antes seu problema era com Dragomir... agora...

- Meu problema é que eu estou presa aqui. - Admitiu. - E agora o Conde achar meu comportamento... impróprio. - Passou a mão no rosto. - É um pesadelo. Essa merda toda é um pesadelo... e eu nem consegui chorar ainda com tudo que aconteceu comigo....eu fui atacada e na minha cabeça a coisa toda parece só um borrão surreal no meio de toda essa loucura.

- E você vai continuar lutando contra. - Rodrik entendeu. - Sabe, Nina, pra uma estudante de física que estuda viagem no tempo, você devia ser mais inteligente. Você sabia que a cultura era diferente... você sabia que podia haver erros... que você podia ficar presa ou perdida... ou... qualquer coisa. Você deve ter considerado as possibilidades.

- De vampiros? De ser tratada como uma criança? Eu acho que perdi esse memorando! - Nina riu.

- Nós todos sofremos um bocado. - Elonnora concordou. - Eu sofri um bocado quando cheguei, até me entender com Ewa. Rodrik também...

- Eu só quero trabalhar hoje. - Nina suspirou. - Eu vou pegar papel e tinta e começar a tentar lembrar dos cálculos... meu material deve chegar logo e eu preciso de coisas prontas....

Rodrik concordou, enfiando as mãos nos bolsos da calça em cor clara.

- Você vai achar papel e tinta na sala do lado. - Ele falou.

- Certo.... - Nina saiu, emburrada e de braços cruzados, com cara de poucos amigos. Pronta para trabalhar.

Elonnora virou-se para Rodrik, um pouco curiosa.

- Ele bateu nela... e....

- Ele não a estuprou. - Rodrik comentou estalando a língua. - Ela não lembra de muita coisa mas isso com certeza vai mexer com a cabeça dela nos próximos dias.

- Quais as chances dela... com essa máquina.

- Honestamente? - Rodril suspirou. - Ela não entende de circuitos de informática e tem coisas que não se fabrica na mão... e ela não está mais em 2017. Eu diria que.... zero.

- Por quê não diz isso para ela, Rodrik? Ela vai passar meses... anos até trabalhando nisso... para não chegar em lugar algum e...

- No fundo, ela sabe. - Mordeu a boca. - Mas eu acho que todos nós precisamos de esperança, não acha, Elo? E não vou ser eu que vou tirar isso dela...

- Ela vai sofrer quando souber que não pode voltar.

- Oh... mas ela voltar. - Rodrik sorriu para a amiga. - Só vai demorar uns 200 anos. Espero que até lá ela já esteja bem adaptada, Elo... vamos tentar ajudá-la... ela não precisa passar 200 anos infeliz.

A fenda temporalOnde histórias criam vida. Descubra agora