• quinze •

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O celular estava ligado na interface do jogo, observava todos os passos do garoto com aflição. Uma mistura de culpa e preocupação lhe invadiam o peito e ela sabia que se algo acontecesse, jamais se perdoaria.

Vez ou outra acompanhava algo no twitter. Uma tag já estava nos trend topics e o seu irmão havia se transformado numa espécie de celebridade teen dos adolescentes maníacos.

O trem andava a todo vapor, mas Jennie sentia que estavam em câmera lenta, seus pensamentos iam e viam, ela não sabia em que se concentrar. Jisoo estava ao seu lado, segurando a sua mão e com a cabeça tombada em seu ombro. A namorada estava cansada e a menina não a culpava.

Assim que escutou Seulgi falar que seu irmão estava jogando Nerve, o mundo da garota parou. Quando descobriu o motivo, ele quebrou em mil pedacinhos.

Não tinha tanto dinheiro, teve que pedir aos amigos, mas aquilo não importou, ela faria de tudo pelo seu irmãozinho. Taehyung sempre cuidou dela, era hora de ela retribuir o favor.

Sentiu o aperto em sua mão reforçar, olhou para a namorada com carinho.

— Por que você não tenta descansar? O dia foi longo e ainda falta pra gente chegar em Seul. — sua voz estava falha e Jennie desejou poder ouvir aquele tom pra sempre.

— Não estou com sono e mesmo que estivesse, você sabe que não conseguiria parar de pensar na burrada do Taehyung. — deu de ombros, olhando pra frente. Não havia muito a se observar, somente bancos.

A criança que estava na cadeira da frente resolveu subir nela e olhar pra trás. Jennie sorriu, adorava crianças, entretanto um relance rápido a fez sobressaltar-se.

Jurou ter visto uma faca atravessando a cabeça da garotinha. Seus olhos se encheram de lágrimas.

— Jen, tá tudo bem? — a voz da namorada pareceu extremamente distante, mesmo assim a garota contentou-se em acenar positivamente. Era somente coisa da sua cabeça, estava sem tomar os remédios e um pouco cansada.

— Eu só preciso ir ao banheiro, ok? — sorriu amarelo, levantando-se.

Andou por entre algumas cabines, até finalmente parar na frente de um dos banheiros. Entrou no cubículo apertado e se olhou no pequenino espelho que tinha ali, estava péssima.

Respirou fundo, abriu a torneira e lavou o rosto. Quando subiu o olhar, gritou.

Havia sangue por todo o lado e agora via uma criancinha através do espelho. Ela segurava uma faca e sorria para si.

Jennie piscou os olhos rapidamente e tudo voltou ao que ela considerava normal.

Precisava dos seus remédios.

(...)

Seu coração pulsava agitado enquanto batucava impaciente o corrimão da velha escada rolante, olhando para todos os lados possíveis a fim de checar se algum Observador estaria lhe espreitando nas sombras. Ele sabia que sim.

O endereço da balsa que aparecia em seu celular mostrava que Taehyung estava no lugar certo. Sozinho, como o combinado, mesmo que Jeon tenha relutado em ter se separado. Só fora embora quando Taehyung implorou para que ele colaborasse, mesmo que sua vontade fosse de agarrar sua mão e sair correndo de todo aquele mundo on-line. O mais novo só subiu na moto depois de puxar Taehyung para mais um beijo, que, mesmo que não fosse o primeiro – e mesmo que os dois fingissem que nada havia acontecido –, deixou o acastanhado um tanto atordoado.

Apenas aquele pensamento era capaz de lhe deixar atordoado. Tanto que não percebeu quando seus pés quase engancharam no fim da escada, nem quando duas figuras mascaradas surgiram no portal de desembarque lhe chamando.

nerve » kth+jjkWhere stories live. Discover now