• dezesseis •

2.2K 424 756
                                    

Taehyung pareceu ficar três vezes mais pálido após aquelas palavras. Não que já não suspeitasse que o jogo seria violento à tal ponto, mas ouvir aquela sentença era demais. Sabia que seria um erro entrar naquilo tudo para começo de conversa. E, com entrar naquilo tudo, ele quer dizer ter entrado no Planeta Terra assim que saiu do útero quentinho de sua mãe.

As luzes coloridas refletiam no rosto duro de Jeon. Ele o olhava na mesma intensidade, a arma pendendo na mão direita e o maxilar trincado. Seu cérebro tentava trabalhar assim que o som de um tiro explodiu no céu, indicando que tinham vinte segundos para decidir quem iria morrer ou não.

O som selvagem das arquibancadas era quase desesperador. De repente só conseguia ver o borrão do rosto de Jeon ali no meio. O garoto se movia, tentava lhe dizer algo. Taehyung tentou clarear a visão, piscando várias vezes para entender os sinais de Jeon. O moreno apontava para o ombro esquerdo, sua boca se movia dizendo "Atire".

Quando finalmente entendeu a mensagem, Taehyung negou com a cabeça repetidamente.

Ele não podia fazer aquilo, não mesmo.

O relógio apitava indicando apenas dez segundos agora. Jeon gritava frenético, à todo momento dizendo que estava tudo bem, tinha que atirar. O estádio inteiro iniciou sua contagem regressiva em uma só voz.

Jeon continuava lhe olhando diretamente nos olhos, ainda apontando para o ombro.

— Eu não consigo. — gritou. — Atire você!

Jeon abriu a boca para dizer algo quando o som do disparo de uma arma chamou a atenção de todos.

Era uma figura pequena que pulava os limites da arquibancada, arrumando a bandana vermelha na testa.

Min Yoongi vinha caminhando pela arena, em mãos uma pistola apontada para os dois rapazes.

— Cansei dessa patifaria! — gritou, chamando a atenção de todos. — Vocês não mereciam disputar esse lugar.

— Mas que diabos... — Jeon deixou escapar.

— Calado. — chiou, ameaçando atirar.

Ninguém moveu um músculo. Até mesmo os gritos da arquibancada abrandaram. O esverdeado mordeu o lábio.

— Você não vai matar ele, Jeon? — Yoongi perguntou. — Não mesmo?

— Yoongi... — Jeon tentou chegar até o esverdeado.

— Pois bem. — O mais velho se virou. — Então mato eu.

E antes que alguém pudesse dizer algo, Yoongi puxou o gatilho e Taehyung foi de encontro ao chão.

(…)

Todos trabalhavam duro no QG, até mesmo Seokjin se mantinha calado, assistindo a transmissão do jogo e olhando nervoso para os hackers que suavam.

Ninguém esperava pelos mascarados. Namjoon, que sabia tudo sobre as edições do jogo, estava estupefato na cadeira.

— Qual o motivo? Esse cara tá arriscando o pescoço, tem que ter um motivo. — o garoto disse, enquanto seus dedos digitavam nervosos no teclado.

— Talvez ele seja algum tipo de sádico ou sei lá. — Jin deu de ombros. Ele não estava preocupado com o pescoço do doente por trás do jogo e sim com Taehyung.

Se culpava imensamente por tudo o que estava acontecendo.

— Já invadiu o sistema de segurança da arena, Joonie? — Jihoon perguntou nervoso. O menor era o mais preocupado dali, já havia chorado de nervosismo e agora sentia que o destino do melhor amigo dependia de si.

— Sim. O difícil é me manter aqui, malditos-

— Gente… — a voz de Jin soou quebrada, em um fio, interrompendo a fala de Namjoon. O loiro estava prestes a chorar. — O plano deu errado.

— Quê?! — Namjoon e Jihoon exclamaram.

— Liga pra polícia. Agora!!!

(…)

O eco do disparo foi suficiente para fazer o corpo de Jeon estremecer. Tudo o que viu em seguida foi o corpo de Taehyung caindo de imediato no chão de cimento.

Correu desesperado até o acastanhado, tendo uma vaga noção do estádio gritando em histeria e um Yoongi sorrindo como um maníaco.

Taehyung parecia estar desmaiado quando se ajoelhou ao seu lado, o colocou em seu colo e tentou estancar quaisquer sangramentos com a jaqueta, mas não havia nenhum vestígio.

Antes que assimilasse a situação, tiros soaram próximos dali. Jeon subiu os olhos rapidamente para ver o mascarado levantando-se de sua espécie de trono e o estádio entrar em silêncio absoluto.

— Vocês acham que eu sou idiota? — perguntou. — Levanta daí, garoto, tá achando que é quem? Leonardo DiCaprio?

Jeon franziu o cenho para o homem, confuso. O mascarado se aproximou de Yoongi, o empurrando e tomando sua arma.

— Eu fui bem claro aqui, não fui? — jogou a arma de Yoongi no chão. — Quem matar o outro primeiro vence. Eu já disse pra levantar daí, garoto, porque pistola de Paintball não mata ninguém.

Taehyung abriu um olho, encarando Jeon, que suspirou aliviado, porém muito mais confuso.

— Yoongi, Yoongi... Você não mudou nada. — o mascarado disse baixo e agarrou os cabelos esverdeados do rapaz, que ralhou, sentindo o cano do revólver em sua têmpora. — Vocês devem achar que eu estou aqui para gracinhas. Pessoal, vocês acham que eu estou aqui para gracinhas? — perguntou para a platéia.

O telão abriu cena para diversas tomadas da arquibancada gritando em diversas vozes um intenso não.

— Isso aqui é Seul. — continuou, sacudindo Yoongi. — É o meu show, e ele só está começando.

A platéia novamente respondeu com gritos brutais. Ele soltou o esverdeado, que ficou no chão com a mão pressionando o couro cabeludo dolorido.

Jeon observava cada movimento do mascarado, com Taehyung ainda em seus braços. Não estava entendendo o que acabava de acontecer ali.

— Eu fui bem claro com os dois sobre o desafio. — o mascarado se voltou para os jogadores, sua voz abafada pela máscara saía raivosa. — Você já pode se levantar, Veectory. Vamos estipular uma nova regra aqui.

Taehyung rapidamente se levantou, assim como Jeon.

— Você tem que jogar para vencer. — falou o mascarado. — É isso que te separa de um Vencedor e um Perdedor. E já que vocês dois perderam, vamos ver quem pelo menos sobrevive por mais tempo.

O homem sacou sua arma. Mas antes de fazer qualquer coisa, ele levou a mão livre até a cabeça e fez o improvável naquele momento.

Ele tirou a máscara.

E por um momento Jeon pensou que toda aquela adrenalina estava lhe fazendo ver coisas.

Ele só podia estar vendo coisas, não podia ser possível que Park Jimin estivesse bem ali, apontando uma arma em sua direção.

🍌🍌🍌

Oi, rs.

Nossa cara de pau é enorme mesmo, viu???

Desculpem pela demora em atualizar Nerve, mas além de estarmos tomando muito cuidado com os próximos acontecimentos, estávamos muito ocupadas com o que chamamos de vida.

O que acharam desse plot twist? Hehehe, um leitor tinha levantado essa teoria nos comentários, ficamos putas com a audácia de desvendar o mistério por trás do cara que queria ver Seul queimar ao som de Sweet Dreams.

Nerve já está no fim :(
Mas não se preocupem, vocês ainda verão nossas caras de pau por aqui.

Desculpas e obrigada por ler,
Luna e Maduh.

nerve » kth+jjkWhere stories live. Discover now