Capítulo 15

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Iris.

Meus olhos pesam e me sinto cansada, mesmo depois de uma noite de sono me sinto esgotada. Abro os olhos e sinto os braços de Henrique ao meu redor. Suspiro e agradeço que hoje nao tenho nenhuma sessão de fotos, seria dificil tirar fotos de modelos lindas me sentindo uma merda.

Com cuidado saio da cama e vou ate o banheiro, nao me atrevo a olhar Henrique, ainda sinto o peso de suas palavras, e so quero ficar sozinha.

Faço minha higiene, e desço ate a cozinha.

- Bom dia, tampinha. - Escuto Aquiles e o olho dando um sorriso fraco.

- Bom dia. - Caminho ate a maquina de café.

- O idiota ainda esta dormindo. - Apenas balanço a cabeça. Escuto o suspiro de Aquiles. - Mamãe ligou... - Fecho os olhos ja imaginando suas palavras. - Eles estão voltando.

- Droga. - Resmungo.

- Eu sei. Não falei nada sobre ontem. Mamãe disse que estava com muita saudades, e papai queria dar uma olhada na academia e ver como anda tudo. Eles estão com saudade de casa.

- Bom... Ja faz meses ne.

- Poise. Eles adiaram ate a saudade ser sufocante. Sabe com eles são, vivendo ate o limite.

Suspiro e caminho ate Aquiles com a xicara em mãos.

- Vou ligar para mamãe. - Sento em seu colo e me encolho.

- Vai falar tudo o que houve por telefone, baixinha? - Sinto suas mãos em meus cabelos e fecho os olhos recebendo o carinho.

- Tem razão, péssima ideia.

- Iris! - Henrique aparece apressado na cozinha. - Bom dia. - Ele parece envergonhado e olha para o chão com a mão bagunçando o cabelo. A calça esta pendendo e o tronco a mostra me deixa com agua na boca.

Fecho os olhos me repreendendo.

- Bom, eu vou para academia. - Aquiles me beija a testa. - Ou quer que eu fique aqui? - Ele sussurra olhando meus olhos. Sorrio e acaricio sua bochecha.

- Tudo bem. Eu preciso conversar com ele.

- Tudo bem. - Ele beija minha testa e me coloca em cima da mesa, saindo logo em seguida.

- Se machuca-la de novo eu vou enfiar meu punho no seu rabo e parar so quando ele sair pela sua boca. - Escuto os resmungos de Aquiles e me viro em tempo de ver Henrique engolir em seco.

Ele me olha e sorri sem graça.

- Seu irmão nao gosta muito de mim. - Sussurra me olhando nos olhos.

- Porque sera não é? Voce é um anjo. - Resmungo e pulo da mesa. - Coma. - Ordeno me sentindo forte.

Papai não me criou para ser uma menininha chorona.

- Ok. - O resmungo de Henrique começa a me irritar.

- Te espero na sala. - Saio sem dar chance de resposta.

Cansei. Henrique vai ouvir, e depois eu vejo o que faço. Esse filho da puta acha que é quem? Vou socar a cara bonita dele.

Me jogo no sofa e espero.

Dez minutos depois Henrique aparece e se senta na minha frente, com os cotovelos sobre os joelhos.

- Então voce achou que eu estava tento algo com voce enquanto era casada? - Sinto a amargura me corroer viva.

- Caramelo... - O interrompo.

- Meu pai, uma vez me disse, que se eu for vazia o suficiente, eu poderia trair. Disse que pessoas carentes e sem um pingo de amor proprio comete esse tipo de coisa vazia e nojenta. Eu sempre achei repugnante trair, eu olhava meus pais e pensava: eu quero isso. Quero um amor meu, um que me consuma e me deixe feliz ao ponto de dormir e acordar sorrindo. Que quando houvesse uma briga, eu ficaria irritada mas louca para me desculpar mesmo que a culpa não fosse minha, mesmo que eu estivesse certa. Porque meus pais são assim. Eu não estou dizendo que queria isso de voce, so estou tentando falar que traição é tão nojento quando lixo podre. Eu acho tão mais maduro terminar uma coisa do que transforma-la em algo sujo e reciclavel. - Olho em seus olhos e vejo um brilho de lagrimas. - Voce me enxerga como uma traidora, Henrique?

- Não. - Ele sussurra.

- Então porque me tratou daquela forma? Porque não se sentou comigo, e colocou suas duvidas na mesa? Se voce tivesse sido um pouco mais maduro, e perguntado o que Aquiles era meu, eu nunca me sentiria ofendida, porque é um direito seu ter duvidas, voce não me conhece, não sabe sobre minha familia, não tinha como adivinhar, mas não tinha o direito de me xingar, e me tratar daquela forma. Pela primeira vez na minha vida, eu me senti suja, Henrique.

- Eu sinto muito. - Ele sussurra. - Eu tinha medo de perguntar e voce afirmar, eu tinha medo de perder o poucos momentos que tinhamos, que estavamos começando a ter juntos, passei meses tentando um momento com voce, depois daquele dia na sua cozinha, e tinha raiva quando pensava em outro encostando em voce, te acariciando, cuidando de voce, fazendo o meu trabalho. Tinha raiva por dormir sozinho, enquanto pensava em voce, cheirosa, quente, enroscada contra o corpo dele, e eu me sentia um idiota pensando nessas coisas e saia, e me afundava em coisas passageiras, mas aquela sensação de perda sempre estava comigo, ela so foi reduzida quando estava com voce em meus braços, e quando a ideia de voce sair e voltar para ele, me consumiu, eu não vi mais nada, eu so queria te machucar como eu me sentia machucado.

- Que maduro. - Resmungo soltando uma risada fraca.

- Eu sei que foi idiota, completamente ridiculo da minha parte agir daquela forma, mas por favor, me de uma chance. - Ele caminha ate mim e se ajoelha na minha frente segurando minhas mãos e me olhando nos olhos. - So uma chance, eu juro que farei tudo certo, e passarei cada segundo te mostrando que posso te fazer feliz, e que voce não cometeu um erro me dando uma chance. Eu juro.

- Filha! - Escuto o grito alegre de mamãe e me assusto olhando para a porta e vendo mamãe e papai parados ali. Mamãe sorrindo e papai olhando Henrique com raiva.

- Eu vou quebrar sua cara. - Papai ruge e voa para cima de Henrique.

Ao Seu Lado. Livro 2Onde as histórias ganham vida. Descobre agora