EGOÍSMO A TRÊS

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Alguém acordado?

Eu demorei? Demorei. Desculpem por isso <3 Eu tava com um bloqueio enorme para escrever esse capítulo. Eu reescrevi umas mil vezes e sempre parecia insatisfatório. Pois bem, espero que esse esteja ao agrado de vocês.

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Acordei com o coração acelerado e precisei de alguns minutos para me convencer de que a angustia e aflição que eu sentia por conta do pesadelo que eu havia tido era sem sentido. O sonho nem ao menos teve nexo, mas foi o suficiente para me deixar apreensivo e paranoico por algo que eu não sabia o motivo. Esfreguei meus olhos com certa força, fazendo com que minha vista ficasse manchada com alguns pontos brancos alvoroçados, na intenção de afastar as memórias do pequeno terror que eu passei enquanto dormia.

Fechei os olhos por alguns segundos e estiquei meus músculos fazendo com que meus pelos se eriçassem pela sensação prazerosa. Soltei um pequeno gemido de contentamento quando meu ombro direito estalou ao elevar meus braços o máximo possível, espremendo meus dedos na parede, já que minha cama era desprovida de cabeceira. Com um suspiro frustado, voltei à posição anterior e contei até 30 - ainda que meu plano inicial fosse até 3 - e obriguei meu corpo a levantar com muita má vontade. Ainda que fosse 6h e eu tivesse direito a mais uma hora de sono, eu sabia que não conseguiria dormir já que meu pesadelo se prontificou a instalar imagens bizarras que me assombrariam por mais alguns minutos.

Eu quis berrar um palavrão quando meus pés, até então aquecidos pelo edredom, encostarem no chão frio de tábua. Eu não estava pronto pra encarar mais um dia, mas ainda assim, como fiz no decorrer da semana, liguei o piloto automático e comecei a fazer todas as minhas obrigações. Me dei o luxo de tomar banho de banheira, tentando compensar minha hora a menos de descanso naquela manhã, mas me deixei levar pelo conforto e me assustei com a velocidade dos minutos ao perceber que estava atrasado. Saí da água em um pulo, mal me importando em ensopar o ladrilho do banheiro e só tive tempo de destampar o ralo antes de sair correndo preparar meu café da manhã.

O caminho até a Bangtan foi rápido já que era razoavelmente próximo ao meu endereço e o trânsito livre ajudou minha situação. Enquanto eu estava em pé no elevador de metal, eu senti minhas juntas doerem, denunciando meu cansaço. O espelho refletia meus olhos opacos contornados pela mancha escura das minhas olheiras. Meus cabelos era um assunto que eu queria passar longe, porque ainda que eu usasse o mesmo shampoo de sempre, meus fios estavam de cor opaca, em um loiro quase palha, enquanto minha raiz castanha começava a tomar lentamente o topo da minha cabeça. Resumindo: Eu estava um trapo. Cada célula do meu corpo se arrependendo da minha decisão de semanas atrás. Eu nunca mais havia visto Jungkook depois daquele ocorrido na sala de Namjoon e, de certa forma, eu me sentia aliviado, ainda que bem no fundo eu sentisse uma pontada de decepção e frustração. Meu racional tentava frequentemente me lembrar de que havia sido a melhor decisão a se tomar e que ainda existiam muitos caras por ai, mas meu emocional insistia em berrar, teimoso "mas eu quero ele!".

Dei uma última olhada no espelho, tentando melhorar a aparência do meu cabelo ao puxar os fios para trás, nada que havia de fato mudado a situação tenebrosa na qual se encontrava, antes de sair em passos desanimados até minha sala. Nenhum dos funcionários me desejou bom dia, todos falsamente concentrados em seus trabalhos e, por um lado, apreciei o silêncio. Não é como se eu estivesse realmente tendo um dia agradável. Eu nem tentei impedir minha mente de imaginar se Jungkook estava levando as coisas bem ou se estava tão miserável quanto eu, mas a dúvida logo se dissipou do meu cérebro. Era evidente que ele estava bem. Não era como se eu fosse imprescindível em sua vida. Jungkook estava com sua esposa, afinal. Sua velha rotina estava de volta. Seu dia-a-dia estava de volta agora que eu, o antevieiro, havia ido embora. Eu era provavelmente o único que ainda me sentia preso ao que ocorreu, acorrentado a um sentimento instável.