Capítulo 5 - Perdendo as Cores

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Quando criança, eu costumava ver um tom de felicidade e alegria em tudo que estava ao meu redor. Eu me admirava com as pequenas coisas que via, desde o vôo de uma borboleta, até a decolagem de um avião.

E como toda criança (ou a maioria), eu era bem extrovertido, gostava de sair com meus pais, viajar, fazer amiguinhos novos, brincar na rua até tarde com os amiguinhos que já conhecia. Amava ir para a escola, visto que lá se encontrava a maior parte dos meus amigos. Eu mal via a hora de tocar para o intervalo, só para brincar com meus amigos. Tudo era tão mágico, pena que passou tão rápido...

A fase infantil foi passando, e aos poucos foi dando lugar a adolescência. E por incrível que pareça, eu percebia toda essa mudança. Eu via o tempo passar, e só queria uma coisa, que chegasse logo a adolescência, pois em minha mente inocente de criança, eu achava que tudo seria bem melhor quando eu fosse "grande". Me enganei drasticamente.

A medida que fui crescendo, as responsabilidades e problemas foram chegando, mas eu nem me importava muito, afinal, eu estava "ficando grande".

Aos 12 anos eu precisei mudar de escola, já que onde eu estudava, não tinha o suporte suficiente para a série que eu e meus amigos estávamos prestes a cursar. Então eu e meus amigos nos transferimos para a mesma escola. A ansiedade era imensa, mal víamos a hora de se iniciarem as aulas, e conhecer a nova escola.

As aulas se iniciaram, mas houve um pequeno problema, parte dos nossos amigos foram estudar em um período oposto ao nosso. Restando apenas três amigos contando comigo. Essa foi a parte chata.

Logo no primeiro dia de aula, nós fizemos mais um amigo, e o que antes eram apenas três amigos, agora eram quatro. Nós quatro nos divertimos muito durante o ano. Ouso dizer que durante todo o período fundamental, aquele foi o melhor.

O ano estava acabando, e outro ano estava por vir. Eu pensava que no ano seguinte, seria a mesma diversão do ano anterior. Enganei-me novamente.

Descobri que um dos meus melhores amigos iria mudar de turno no próximo ano. E agora? Nossa turma iria ficar desfocada novamente. E não era qualquer amigo que iria mudar de turno, era o meu melhor amigo. Ele que estava comigo desde a primeira vez em que entrei em uma escola. Eu não queria ficar "sozinho", embora eu ainda tivesse meus outros 2 amigos, eu não queria ficar sem a companhia do principal. E o que eu poderia fazer para resolver essa situação? Me transferir para o mesmo turno que ele, simples. Mas por outro lado eu teria que abrir mão dos outros dois. Não foi uma decisão fácil de se tomar, mas eu decidi realmente mudar de turno.

O ano seguinte chegou, e as aulas também. Agora na mesma escola e em período diferente, reencontramos nossas antigas amizades do outro colégio, estávamos estudando na mesma sala, a amizade ainda era a mesma com as outras meninas, porém, a relação entre eu e o meu amigo era um pouco maior. Talvez a mudança de turno tenha influenciado um pouco isso.

A maior parte do tempo na escola, passávamos conversando sobre diversos assuntos, dentre eles estavam, teorias da conspiração, músicas, filmes e histórias de terror, embora ficássemos com medo durante a noite, nós amávamos ler histórias de terror, para que no outro dia pudéssemos falar sobre os medos que passávamos durante a noite.

Pulando já para o meu nono ano...

No nono ano, reencontramos os antigos amigos que deixamos no período oposto, ou melhor, o amigo, pois um deles que inclusive era meu primo, havia mudado de cidade há dois anos atrás. Agora éramos em três, mas também tinha nossas amigas do outro colégio.

O ano estava passando e umas pessoas foram se aproximando de nós, dentre essas pessoas, um garoto que mudou totalmente o nosso nono ano. Ele era bem "radical", e gostava de fazer piadas com um humor meio irônico. E apesar de ser bem brincalhão, ele também nos mostrava a dura realidade da sociedade.

Ele juntou-se com a gente, e nos mostrou um lado diferente do mundo, um lado que nunca havíamos parado para observar. O mundo do egoísmo. Ele nos mostrou que as pessoas podem ser egoístas e bastante individualistas, quando se trata dos seus próprios interesses. Ele nos falava isso em um tom irônico, que nos fazia rir e ao mesmo tempo pensar.

O tempo se passava, até que chegou uma nova pessoa em nosso círculo de amizade. Dessa vez era uma garota, com traços do rock, jeito meigo, e sentimental. Não demorou muito, logo me identifiquei com o seu jeito humorado e o uso constante da ironia. Nos tornamos bem próximos naquele ano.

Agora em cinco, a diversão era constante. Costumávamos matar aulas para ficar jogando conversas fora. Isso era tão constante que quase repetimos de ano.

Ainda naquele mesmo ano. A nova garota revelou uma coisa ao meu melhor amigo. Ela revelou que estava gostando dele, mas não de um modo amigável, digamos que de um modo mais profundo que isso. Sim, ela estava amando ele.

A notícia veio em uma tarde normal, como qualquer outra daquele ano. Mas ela inicialmente contou isso apenas para ele, e ele me contou, perguntando o que poderia fazer. Eu, é claro, dei todo o meu apoio possível, já que se tratava da felicidade do meu melhor amigo. E diga-se de passagem, que eu dei uma certa empurradinha para que rolasse um namoro entre eles. Eu diria que fui o cupido.

O ano terminou, e agora nós iríamos dar início ao ensino médio. Porém, iríamos ficar incompletos novamente  (mas que droga!), pois o meu novo amigo, o mesmo que me mostrou a realidade da sociedade com toda sua ironia e humor, havia sido reprovado.

O ano do ensino médio chegou! E eu decidi estudar com meus amigos do início, exceto com as meninas que vieram da antiga escola, comigo. Mas essa parte não foi por escolha minha, pois elas iriam estudar em um período o qual eu não me sentia confortável.

Assim sendo, o meu melhor amigo, o amigo que fiz na escola em que cursei até o nono ano, e a minha nova amiga, que agora também era namorada do meu melhor amigo. Fomos estudar juntos. E teria sido um ano ótimo, se não fosse por um detalhe, um péssimo detalhe.

Por sorte, ficamos os quatro na mesma turma. O ano estava sendo ótimo, e já havia se passado dois meses, quando um garoto que sentava ao meu lado, me perguntou se eu namorava, de cara respondi que não. Aquela parecia uma simples pergunta, e de fato era mesmo. Porém, aquela simples pergunta me fez pensar bastante, e me questionar sobre coisas as quais eu nunca havia me questionado antes. Como por exemplo, o por que de eu nunca ter namorado antes? E por qual motivo eu nunca tinha me apaixonado por uma garota antes? Essas e outras séries de perguntas me vieram à mente naquela semana, conseguindo até mesmo tirar parte do meu sono.

Talvez Eu Não Mereça o Céu [Romance Gay]Onde histórias criam vida. Descubra agora