Capítulo 6 - Dores Secretas

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Um semana já havia se passado, e as dúvidas ainda persistiam em minha mente. Quando percebi que na classe onde eu estudava, tinha um garoto de poucos amigos, e bem tímido por sinal. Eu então, como gostava de fazer amizades com pessoas que de certa forma se sentiam sem amigos, logo me aproximei do garoto, descobri que ele se chamava Marcelo, e tinha 15 anos. Então, eu o apresentei para os meus amigos e perguntei se ele não gostaria de se juntar ao nosso grupinho, ele por sua vez, disse que gostaria sim, de participar do nosso grupo. De início o meu melhor amigo, não gostava muito da presença dele, mas bastou apenas três dias de convivência, para que eles se tornassem bons amigos.

Bom, aproveitando que ele era novo no grupo, eu decidi contar tudo o que estava acontecendo comigo para ele, e pedi sigilo absoluto. Falei sobre minhas dúvidas, e a reação dele foi dizer que tudo aquilo era normal. Então eu falei: -"Normal? Como assim? Você já passou por isso antes?"- então ele disse que sim, e isso foi quando ele tinha 13 anos de idade, que foi quando ele parou para pensar o que estava acontecendo com ele. Então eu perguntei: -"Se você já passou por isso, então o que é isso?-". Ele foi claro e objetivo, e disse: -"Você é gay!"- e a minha reação foi de surpresa e ao mesmo tempo de clareza.

Então questionei o Marcelo mais uma vez, perguntei se ele também era gay, e se era assumido, ele falou que sim, que era gay e que já era assumido, e acrescentou: -"No dia em que eu me assumi para os meus pais, foi um dos melhores e ao mesmo tempo um dos piores dias da minha vida (se não o pior)"-, eu cheio que curiosidades, perguntei o motivo, ele não hesitou em responder, e disse que no dia em que ele se assumiu, ele foi expulso de casa e quando estava saindo de casa, ele ouviu do seu pai, que preferiria ver o filho morto, a ser gay. Isso quando ele tinha apenas 13 anos de idade. Confesso que não fui forte e fui às lágrimas, pois eu imaginei toda a cena que aconteceu com ele, mas sendo comigo. Por outro lado, eu tenho uma mãe maravilhosa que provavelmente me apoiaria, mas o meu pai...

Seguindo a história, o Marcelo contou que foi morar na casa de sua avó, que apesar de não ser uma pessoa bem atualizada e com a idade já avançada, ela o apoiou e o levou para a casa dela, onde ele ainda vivia até o momento, pois mesmo se passando dois anos após a sua revelação, seus pais ainda não o aceitavam.

Após me contar essas coisas, eu percebi que além de mim, outra pessoa também estava chorando, sim, enquanto o Marcelo contava a sua história, seus olhos enchiam de lágrimas. Já era fim de tarde quando ele terminou de contar, e depois dele contar eu o abracei fortemente e disse que independente do que acontecesse, eu estaria com ele. Então eu senti as mãos do Marcelo na minha cintura, me afastando um pouco, e eu sem entender nada, deixei ele me guiar. Então após me afastar um pouco, eu senti suas mãos subindo pelos meus braços, chegando até meu rosto, onde ele segurou delicadamente, e foi aproximando o seu rosto do meu enquanto fechava seus olhos. Estávamos quase lá, quando ouvimos alguém nos chamando, logo nos viramos para olhar. Era um amigo meu, e estava nos chamando para ver uma nova função que ele havia encontrado no seu celular. Após esse episódio, eu e o Marcelo passamos o resto do dia sem nos falar.

Já de noite e em casa, eu não parava de pensar no que tinha acontecido e no que poderia vir a acontecer se tivéssemos continuado. Nossa, como era bom estar com ele... Eu mal via a hora de chegar o outro dia, só para ir para a escola e reencontrar ele lá.

Já era outro dia, quando ouvi o despertador, levantei-me rapidamente, estava ansioso. Chegando na escola, já de cara passo por ele no corredor, trocamos olhares, e o meu olhar dizia: -"Garoto, eu estou apaixonado por você"-. Na sala de aula não foi diferente, trocamos vários olhares, até que nos falamos pela primeira vez após o ocorrido, quando tinha tocado o sinal, aproveitados que haviam poucas pessoas na sala. Ele sussurrou em meu ouvido que sonhou com o momento em que quase nos beijamos, e eu contei que passei a noite toda pensando nisso também. A conversa não demorou muito, já que tínhamos pouco tempo até o próximo professor entrar na sala. Paramos por ali, e nem deu para nos falarmos durante o intervalo.

Já no fim das aulas, como de costume, seguimos meus amigos, o Marcelo e eu, para uma praça de que havia próximo a escola. Lá na praça nos sentamos juntos em um mesmo banco, ele, minha amiga e eu, daí ficamos observando nossos outros dois amigos jogarem futebol, não demorou muito, minha amiga precisou ir, então tinha ficado apenas eu e ele no banco, e nossos outros amigos jogando. Estava tudo bem, até que senti a sua mão passar por cima da minha mão, e a segurando. O medo dos nossos amigos verem, só aumentava a nossa vontade de ficarmos juntos.

Também não demorou muito para que nossos outros amigos fossem embora também, e pronto, era a situação perfeita. O sol já estava se pondo e estávamos apenas nós dois na praça, a ocasião perfeita para rolar o nosso primeiro beijo, e o meu primeiro beijo. Assim aconteceu. Ele se virou para mim, aproximou a sua mão do meu rosto, e veio em direção a minha boca. Foi o melhor primeiro beijo. Após nos beijarmos pela primeira vez, nós fomos para casa. Nos despedimos com outro beijo e seguimos cada um para a sua casa.

Vivemos esse relacionamento secreto durante a maior parte do ano. E tudo iria bem, se não fosse por um acontecimento...

Talvez Eu Não Mereça o Céu [Romance Gay]Where stories live. Discover now