Capítulo 7 - Quanto Tempo Dura a Felicidade?

173 22 9
                                    

Haviam se passado 6 meses desde que o Marcelo e eu começamos a namorar em segredo. A vontade de nos revelar era imensa, não aguentávamos mais fingir que éramos apenas amigos, na frente das pessoas.

O Marcelo queria assumir a nossa relação, mas eu ainda não estava preparado para isso. Tudo aquilo ainda era bastante novo pra mim, e eu não queria passar pelo mesmo que o Marcelo, quando teve de se revelar.

De certa forma eu estava me pressionando, então tomei uma decisão. Eu iria contar sobre tudo aquilo à minha amiga, a namorada do meu melhor amigo. Contei tudo o que tinha para contar, e a reação dela foi dizer que me apoiaria em tudo que fosse possível. Pronto! Eu já me sentia meio livre, já que eu e o Marcelo poderíamos ser quem realmente éramos, pelo menos na frente dela.

Eu e o Marcelo fazíamos planos para o futuro, assim como todo casal. Enquanto estávamos em sala de aula, "deveríamos" ser discretos, mas isso na maioria vezes não dava certo, já que nós não aguentávamos ficar distante do outro por muito tempo. E sempre o Marcelo inventava uma desculpa para ficar perto de mim, e eu dele, obviamente.

Trabalhos em dupla? Nem precisa falar que éramos apenas nós dois. Sempre era muito divertido fazer trabalhos com ele, pois brincávamos bastante enquanto fazíamos os trabalhos. Brincadeiras essas, que às vezes chamavam atenção, e com certeza alguém da sala desconfiava sobre nós. Mas nunca chegaram para perguntar, ainda bem, acho que eu ficaria sem reação.

Tudo parecia um sonho, eu não queria ficar distante dele nunca.

Mas o destino foi cruel.

Em agosto daquele mesmo ano, a sua vó que já estava com a idade bem elevada, ficou doente. E sabemos o quanto é complicado quando alguém de alta idade fica doente.

A vó do Marcelo tinha problemas cardiovasculares, e já havia algum tempo que ela vinha sentindo fortes dores no coração. Ela foi levada ao hospital, várias vezes e o Marcelo sempre estava junto com ela. Mas da última vez em que ela foi levada ao hospital, ela infelizmente não resistiu. A notícia veio para mim na manhã do dia seguinte, quando o Marcelo me enviou uma mensagem onde dizia:

"Oi Jeff, como você já sabe, ontem eu levei a minha vó para o hospital. E infelizmente ela não resistiu.

Hoje eu fico triste por dois motivos, um pelo falecimento da minha vó, e o outro motivo eu direi quando chegarmos na escola. Mas eu quero que você saiba de uma coisa muito importante para mim, eu sempre irei amar você, independente do que aconteça daqui para frente...

Ps: Não precisa responder essa mensagem, ficarei longe da internet por um tempo, e provavelmente não verei a sua mensagem. Nos falamos no colégio."

Essa mensagem me deixou triste pelo Marcelo e curioso para o que ele iria me falar na escola.

Já na escola, o Marcelo apareceu bem triste, logo eu o abracei, disse que tudo iria ficar tudo bem e que eu estaria com ele, em todas as ocasiões, ele então chorou um pouco enquanto me abraçava.

Após nos abraçarmos eu percebi uma coisa, ele não estava com o uniforme e os materiais da escola. Então o perguntei o motivo pelo qual ele não estava com os materiais e o uniforme (confesso que perguntei, mas fiquei com medo da resposta). Ele então disse, com os olhos cheios de lágrimas e voz trêmula:

-"Você já sabe que minha avó veio a falecer, e era com ela que eu morava. Então, ontem mesmo após recebermos a notícia da sua morte, a minha mãe veio da cidade dela e me disse, que amanhã mesmo eu irei morar com meus pais novamente. Então hoje vim transferir minha matrícula para a nova escola."

Depois de contar isso, ele me abraçou mais uma vez, porém, bem mais forte. E para mim, foi como se o mundo perdesse totalmente a graça, eu já não via mais sentido na vida.

Eu então, olhei em seus olhos e mesmo lacrimejando, disse:

-"Marcelo, promete que nunca vai se esquecer dos nossos momentos?"

O Marcelo então falou:

-"E você, promete que nunca vai me esquecer?"

Ambos disseram, "sim".

Na hora de partir, o Marcelo veio até mim no corredor, me abraçou mais uma vez, e disse:

-"Jeff, sempre que houver um problema, olhe para a estrela mais brilhante que há no céu, pois eu também estarei olhando para ela e pensando em você."

Após dizer isso, o Marcelo me beijou no meio do corredor, e eu me deixei levar, pois para mim já não importava mais quem estivesse vendo ou não. Mas por sorte (Talvez) nenhum dos meus amigos viram. Aquele foi o nosso último beijo.

Depois de nos despedirmos, ambos chorando. O Marcelo deu às costas e caminhou pelo extenso corredor em direção a saída, e quando já estava no portão, ele olhou para trás, baixou a cabeça novamente e seguiu... Aquela cena ainda está na minha mente até hoje.

O dia estava apenas se iniciando, eu então, caminhei até a sala de aula, e lá eu não queria fazer nada, apenas baixar a cabeça e pensar em todos os momentos que passamos juntos. E sempre que olhava para a cadeira onde ele sentava, e a via vazia, eu ia às lágrimas.

A partir desse dia, eu passei a faltar mais na escola, e quando eu ia, nunca fazia nada. E no que mais eu pensava, era que meu aniversário estava chegando, mas não teria ele, e por isso não haveria graça.

Após a ida do Marcelo, nos falamos apenas três vezes pelo celular, pois como seus pais não o aceitavam, diziam que toda a "má influência" estava no celular dele. Da última vez em que nos falamos, ele disse que iria ficar bastante tempo sem celular, porque seus pais disseram que iria quebrá-lo, para que ele não falasse com mais ninguém virtualmente. Essa notícia só me fez piorar, e o que antes havia um sorriso em meu rosto motivado pelo Marcelo, agora a tristeza estampava o mesmo.

Eu quase não estava indo para a escola, mas depois que o Marcelo disse que não poderia mais falar, eu desisti da escola, pelo resto daquele ano. O que causou a minha reprovação.

Agora isolado do mundo, e da vida social, eu só queria ficar em meu quarto, apenas fazendo amigos virtuais. E foi assim que eu conheci o garoto de nome diferente, o que me levou a conhecer posteriormente, o Lucas. Ele que teria exercido um grande e fundamental papel na minha vida, se não fosse por um erro...

Talvez Eu Não Mereça o Céu [Romance Gay]Onde histórias criam vida. Descubra agora