04. Querida vida...

45 7 6
                                    

"A vida é tipo roda gigante. Se hoje está em cima, amanhã tá embaixo".


Querida vida

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Querida vida...


Antes ainda me via presa a você, porque não havia muita coisa mais que eu pudesse perder. Meus pais. Minha vida. Mais nada. Então, eu encontro alguém. E você vida, quer me privar disso mais uma vez.

— Rebeca?

Parei no meu lugar, imaginando se devia ou não dizer alguma coisa. Ele já havia tido oportunidades demais pra falar comigo. Mesmo assim, preferiu não fazer isso.

Senti-me ser puxada pra trás, gelei sentindo meu rosto formigar. Não chore, Rebeca. Não muda o fato de que ele mentiu pra você. Não muda o fato de que  na pior dar opções, ele lhe deixou descobrir da pior forma.

— Rebeca. — Murilo tentou me tocar, mas eu empurrei sua mão. — Eu ia te contar.

— Quando? — Me estressei. — Quando estivesse prestes a ir embora?

— Claro que não. Só estava procurando um jeito pra te falar.

— O jeito era falar. Não importa como. — Suspirei. Não queria brigar, mas também não queria falar. — Eu vou embora agora e não quero que venha atrás de mim. Preciso pensar.

— Rebeca...

— Me desculpe.

Me virei, e o deixei lá. Sabia que ele ainda me via, mas não consegui evitar. As lágrimas começaram a cair ali mesmo, enquanto eu caminhava pra longe.

Tenta enfiar na cabeça, Rebeca, que Murilo é uma pessoa livre pra fazer suas coisas. Livre como qualquer um, que não deve satisfações de sua vida pra ninguém. Nem mesmo pra mim. O que deixa claro sua consideração também, levando em conta que ele podia ter dito algo. Qualquer coisa. Uma coisinha sequer, pra que eu não criasse tanta expectativa com nós dois.

É tão ruim acordar de um sonho. É tão ruim ver como a realidade é cruel, e que não importa em que época estejamos, ela sempre vai tirar alguém de mim. Ela sempre vai querer me arrasar, e com sucesso porque ela sempre vai saber o que fazer. Qual é meu ponto fraco, e como usá-lo pra me detonar.

— Que estúpida. — Sussurrei pra mim mesma. Dependente de homem.

Eu não dependia dele pra viver, pra me manter. Não dependia dele financeiramente, nada disso. Eu dependia dele porque no momento em que pus meus olhos nele, senti que precisávamos estar juntos. Senti que o amava, sem antes mesmo saber o que era amar. Me senti dependente, coisa essa que não quero aceitar.

Limpei os olhos mais uma vez, e a atendente do Starbucks veio com uma xícara de café pra mim.

— Não pedi café.

Querido Eu Onde histórias criam vida. Descubra agora