Dezenove

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Noah

"Que pena eu sinto deles, que não podem ter alguém como você."

Acordei cedo, por volta das cinco e meia da manhã.

Eu não sinto meu braço, então afasto a cabeça da Olívia de cima dele e espero o sangue voltar a circular.

Observo o corpo pequeno e encolhido ao meu lado. Nossa, ela é tão bonita. Nunca vou me cansar de dizer isso. Seu cabelo curto está bagunçado e cobre metade do seu rosto. Me aproximo devagar e com a ponta dos dedos afasto lentamente as madeixas escuras para trás da sua orelha.

Não, eu ainda não entendo o que eu sinto, mas sei que é a mistura de todos os bons sentimentos. É tesão, paixão, necessidade... todos reunidos em um só, fazendo uma bagunça inexplicável na minha cabeça..

Deixo um beijo fraco no topo da sua cabeça e levanto devagar. O quarto de Liv é pequeno, mas acolhedor. Uma estante de livros toma conta de uma parede inteira. Tem a cama grande que ocupa um bom espaço do lugar, dois criados mudos e um armário.

Percorro o apartamento até encontrar o banheiro e após tomar um banho rápido, volto ao quarto. O edredom está caído no chão e a porta aberta. Só demoro tempo suficiente para colocar minha cueca e a calça, mas não encontro a camisa de ontem a noite.

Na cozinha, Liv mexe o quadril enquanto cozinha algo no fogão ao som baixo de alguma música lenta. Eu chego devagar, enlaçando sua cintura fina e beijando a curva do seu pescoço.

— Bom dia. — Ela sorri, e eu não deixo de notar seu bom humor matinal.

— Oi, pequena. Quer ajuda? — Liv balança a cabeça e me entrega a colher para mexer os ovos. — Você deveria dormir mais, ainda é muito cedo.

— E deixar o café da manhã nas mãos da Corinne? Não, obrigada — riu enquanto se abaixava, procurando algo na geladeira.

Foi quando notei que ela usava minha camisa preta. Somente a camisa preta. Nada além da minha camisa.

Ela levantou o olhar quando me viu a observar, e riu novamente antes de se aproximar. Liv mordeu o lábio inferior e tocou meu braço com delicadeza. Ela foi descendo a carícia até o antebraço, onde segurou mais firme, e tirou a colher da minha mão.

— Você está queimando a comida, James.

Fiquei observando ela rir e fazer um trabalho do qual eu deveria ser capaz, mas não era.

— Você tem razão, acho que vou ficar aqui observando você rebolar essa bunda enquanto cozinha pra mim. — Cruzei os braços, com um sorriso torto nos lábios.

— Sonha, Alice. — Ela desligou o fogo e pegou um prato, mas parou no caminho para me olhar. — Não? Alice, país das maravilhas....

— Suas piadas são péssimas — ri, balançando a cabeça negativamente.

— Você acaba com o meu sonho de ser comediante. — Liv revirou os olhos em falso drama e continuou a cozinhar.

Eu fiz o café, cortei algumas frutas e fui comprar o pão na padaria da esquina. A louça ficou toda para mim — uma pequena punição pelo meu comentário machista, que embora não fosse nada além de uma brincadeira, era inaceitável nessa casa.

Levei Liv para a faculdade, prometendo buscá-la no fim do expediente de trabalho para um passeio. Aconteceria uma festa na praia, nada ligado à Lia, apenas uma reunião boba do pessoal de administração. Me despedi com um beijo rápido e fui para a minha própria aula.

Assisti a quase todas as aulas acordado, o que pra mim foi surpreendente. Não é como se eu tivesse atento ao que o professor disse, porque na minha cabeça rondavam pensamentos sobre tudo o que vinha acontecendo ultimamente.

Desastre Sensual (REPOSTANDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora