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Abri a última carta, e assim que vi a data, meu coração doeu. Doeu mais que o normal, na verdade, muito mais.

Eu senti uma pontada, me fazendo ficar de joelhos, respirando pesado. Demorou muitos segundos até eu voltar ao normal, me permitindo respirar de novo. Eu não sabia o que tinha acontecido, mas também não queria nem saber. Apenas olhei para o papel ali sobre o chão, mas meus olhos se arregalaram ao ver uma gota de sangue na última linha, escondendo a última palavra, onde devia estar o nome dele.

Eu li toda ela, mas a última palavra... Eu não podia acreditar que havia manchado o nome.

— Você só pode estar de brincadeira. Não... Isso não é real, não é! Que merda, porra!

Eu queria chutar tudo que estava na minha frente, não era possível eu ser absurdamente fodido daquele jeito, em que a merda do meu nariz sangra escondendo a única forma de me contatar com o amor da minha vida.

Ouvi a porta se abrir, e rapidamente notei a expressão assustada de minha mãe me encarando, sem saber o que dizer. Nem eu sabia.

— O Mark está aqui... Youngjae, você tá bem?

Apenas assenti e limpei meu nariz com minha própria manga, me levantando e saindo do quarto, em direção à sala tentando evitar a vontade de chorar.

Mark segurava uma caixa, parecia ansioso com as pernas cruzadas enquanto mexia uma delas constantemente. Assim que eu cheguei em sua frente, ele me olhou um pouco surpreso, acho que ainda estava um pouco sujo perto da boca.

— Aconteceu algo? — perguntou, preocupado.

— Não, tudo bem. E você? Por que está aqui sozinho?

Ele suspirou pesadamente, se levantando do sofá e esticou a caixa até minhas mãos. Eu apenas a olhei, era uma caixa quadrada na cor preta, não era pesada, mas parecia ter várias coisas dentro.

— O que é-

— Youngjae. — ele me interrompeu — Abra isso quando terminar de ler as cartas.

Arregalei meus olhos; ele sabia? Como ele sabia?

Mark não hesitou em se aproximar e olhar nos meus olhos antes de dizer: — quando você sofreu o acidente, ele veio pra cá à procura de você. — disse simplesmente — seus pais tinham o levado para Seoul, para receber um tratamento melhor lá. Então, enquanto Jackson estava com eles, eu cuidei daqui. — explicou — o encontrei em frente à sua casa um dia depois do baile de formatura, ele parecia tão perdido, então eu expliquei o que havia acontecido, e ele me deixou isso. — apontou para a caixa — Eu tive que ter certeza do que se tratava, então olhei suas coisas e encontrei as cartas.

Meu coração se acelerava na medida em que as palavras saíam da boca dele, me fazendo quase gritar para que ele contasse mais rápido.

— Eu guardei dentro dessa caixa para Jackson não desconfiar, ele ficaria arrasado se soubesse que escondeu isso dele, acredito eu. Durante todos esses anos, eu não abri nenhuma delas, na esperança de que você fosse acordar e lembrar dele. E agora você acordou, então abra, quando achar que está preparado.

Eu definitivamente estava preparado.

10881 // 2JaeWhere stories live. Discover now