O beco

43 4 4
                                    

Springtrap's POV

Estava a caminhar por um parque. Um parque que me era familiar, mas que não conseguia perceber porquê. Estava lá já à algum tempo. Pouco tempo passou e tudo começou a ficar escuro. Confuso, olhei ao meu redor. Já não estava no parque, mas, sim, noutro lugar. Um quarto talvez? Tocando os objetos que estavam à minha volta naquele buraco negro, fui tentado perceber onde estava. Definitivamente não era um quarto.

Um raio de luz, como um trovão, iluminou o tal espaço. Por um breve momento o lugar tornou-se tão nítido como um cristal. Era um beco. Um beco apertado e sem vida. Eu sabia que já tinha visto esse beco em algum momento da minha vida, mas não conseguia lembrar-me de quando me cruzei com ele. Mais um trovão surgiu, mas desta vez com mais intensidade que o anterior. Por um instante, que pareceu durar uma eternidade, o beco ficou envolvido numa luz branca. E, durante esse instante, três figuras apareceram. Três figuras, duas das quais eram robustas e altas e a outra, por outro lado, era pequena e frágil. Observei as três figuras com atenção. As duas altas encurralaram a mais pequena, e a mesma encolheu-se. Era claro como a água que aquela pequena figura estava aterrorizada.

Tentei avançar para ajudar a pequena figura. No entanto, algo impedia com que eu desse um passo. Tentei e tentei, uma vez e outra e outra, mas nada. Eu não me conseguia mexer. Olhei para baixo para tentar perceber o que realmente se estava a passar.

Um estrondo ecoou pelo beco. Fixei o meu olhar nas figuras. As duas mais altas tinham derrubado uns caixotes do lixo em cima da mais pequena. Aquilo irritou-me. Tentei gritar "parem!!", mas as palavras morriam-me na boca provocando apenas um asgar. Um pequeno gemido de dor soou naquele espaço reduzido. Olhei para a origem daquele gemido. A pequena estava com uma mão elevada ao nível do olho esquerdo e a outra a agarrar o que parecia uma bola. Uma das figuras altas estava a agarrar a pequena e a outra tinha uma faca na mão. A pequena estava a tremer e gritou "Mano!". Ao que a figura que a agarrava respondeu com uma estalada na pequena. Para mim, aquilo tinha sido a gota de água.

A raiva apoderou-se do meu corpo. Finalmente, consegui mover-me. Avancei para uma das figuras e, simplesmente, ataquei-a. Saltei para cima dele. Murro após murro. A raiva não desaparecia. Não se ia embora. O que eles iriam fazer com a pequena se eu não tivesse aparecido? 

Continuei a bater na figura até que a outra avançou até mim. Quando me agarrou pelos ombros tentei libertar-me, mas não consegui fazê-lo. Aquela figura tinha pelo menos o dobro do meu tamanho. A pequena estava quieta, parada naquele lugar. Tentei analisá-la. Tinha o cabelo esbranquiçado e olhos castanhos.  Era o único que conseguia identificar.

Após alguns golpes, começava a ver tudo às voltas. Consegui, no entanto, reparar que a figura à minha frente tirou, outra vez, a faca. Ele começou a aproximar-se de mim. O pânico invadiu-me completamente. Estava indefeso, sem maneira de escapar. Uma dor dilacerante apareceu no braço direito passando para o esquerdo e terminando na minha anca. 

Tudo voltou a ser negro. O meu corpo doía, estava assustado. Uma pequena luz formou-se. Uma luz tão quente. Tentei alcançá-la, mas estava tão longe. Perdi as forças todas nesse momento. A pequena luz aproximou-se mais de mim. Agachou-se e sorriu para mim. Tentei olhar para a luz e perceber que era. Mas a luz era demasiado intensa. A sua pequena mão acariciou-me a cabeça e com uma simples delicada melodia, sussurrou.

Luz: está tudo bem, não podias ter feito mais. Deste o teu melhor e é isso que importa no fim das contas. Eu adoro-te e não é por culpa de uma pequena cicatriz que o vou deixar de fazer.

A pequena luz deixou de acariciar a minha cabeça e começou a caminhar para longe, afastando-se. Tentei olhar para cima e impedi-la de partir. Tentei falar, mas nada saiu da minha boca. Tentei gritar, mas nada se formou. As palavras morriam sem antes verem a luz do dia. A luz deve ter percebido as minhas tentativas falhadas, porque parou e virou-se abruptamente. Voltou a falar com uma voz suave.

Luz: mantém a calma. Tu consegues, és mais forte do que pensas. Eu não me vou embora, eu estou sempre contigo. Tens que acordar deste pesadelo interminável, tens que dominar os teus demónios. Lembra-te: a culpa não foi tua.

Com isto a pequena luz virou-se e desvaneceu na escuridão. Fiquei perplexo. O que ela queria dizer com "a culpa não foi tua"? O que é que ela está a se referir? Enquanto estas perguntas invadiam cada canto da minha mente, uma onda de sono percorreu o meu corpo. Não consegui impedir o peso que se criava nos meus olhos e cedi. Fechei-os. Uma sensação de calma espalhou-se por mim. Já podia descansar tranquilamente.

You've reached the end of published parts.

⏰ Last updated: Apr 03, 2019 ⏰

Add this story to your Library to get notified about new parts!

[HIATUS] Fnaf High School: A Música Declarou O Nosso DestinoWhere stories live. Discover now