Capítulo quarenta e cinco

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A semana passou voando desde a última vez que vi o Piloto pessoalmente, aquele dia na casa dele onde tudo aconteceu e tudo mudou de repente. No dia seguinte ao nosso encontro, ele me levou para casa e depois para o trabalho, inclusive tomou café na companhia de Lucinha – que insiste em chamá-lo de Henrique. O resto da semana, nós nos falamos algumas vezes por telefone e outras por mensagens. As coisas realmente parecem ter mudado entre nós, apesar de ainda precisar saber algumas respostas. Isso voltou a me incomodar. Mesmo que Henri tenha mudado, mesmo que eu o conheça um pouco mais que antes, ainda preciso saber o que se passa entre ele e o seu tio e porque ele faz tanto mistério em me revelar sobre a semana antes da formatura, onde ele desapareceu, me deixado completamente de lado. Mas prometi dar a ele esse voto de confiança e esperar que ele tome a iniciativa de me contar um pouco mais sobre a sua vida, do mesmo jeito que ele fez quando conversou com a minha mãe.

Fico observando seu peito subindo e descendo. O dia já amanheceu e apesar de ainda ser muito cedo, já estou acordado. Henri e eu marcamos de fazer alguma coisa este final de semana, então ele veio para minha casa e dormimos juntos. Ele disse que seria ótimo fazer uma trilha para ver uma das paisagens mais bonitas do Rio de Janeiro, o que me deixou empolgado só de pensar. Sua respiração é tranquila e seu peito desce e sobe lentamente. Começo a reparar nas suas tatuagens. Elas cobrem metade do seu tronco, mas no escuro não consigo identificar o que são. O fato é que juntas elas dão um toque de charme e masculinidade. Minha vontade é de tocá-lo, mas prefiro ficar observando. Ele é realmente muito bonito. Está muito forte e definido, qualquer mulher gostaria de ter um homem assim ao lado. Mas ele quer você seu bobo! – Meu cérebro pisca para mim com cara de malvado.

– Bom dia, Copiloto! – Ele diz, com um sorriso, esfregando o rosto com a mão e me puxando para seu peito.

– Bom dia, Piloto. Dormiu bem?

– Nunca dormi melhor na vida. E você? – Ele beija minha têmpora.

– Mais ou menos. Dormir com você não é um tarefa fácil. Você me distrai muito.

Ele ri.

Hummm... que bom! – Ele dá um longo bocejo. – Está pronto para uma aventura hoje?

– Estou. Vai ser como nos velhos tempos né? – Pergunto, empolgado. – Lembra do nosso salto de paraquedas?

– Claro que me lembro. É uma das minhas lembranças favoritas. – Ele diz, alisando meus braços com sua mão.

– A minha também. – Observo o teto levemente iluminado pela luz do sol.

– Você ainda tem a nossa foto? – Ele pergunta.

– Tenho, claro. – Penso no porta retrato guardado dentro da minha gaveta. Eu nunca o exibi em parte alguma da casa, sempre ficou escondido.

– O que foi? – Ele percebeu que fiquei pensativo.

– Nada. – Tento sorrir e me levanto. – Vamos nos apressar então?

– Vamos.

Nos levantamos, tomamos um banho – um de cada vez – e depois tomamos um café da manhã reforçado. Estou usando roupas confortáveis e tênis de corrida, enquanto ele está de regata azul e bermuda preta. Fico observando Henri enquanto arruma os últimos detalhes da nossa trilha, colocando algumas coisas em uma mochila. Estou na porta de casa esperando e observando. Esta é a nossa primeira aventura juntos depois do salto de paraquedas e eu sei que ele está bem empolgado. Henri disse que gostava de aventuras, então tenho certeza de que ele vai se divertir bastante.

Depois de estacionar o carro em um lugar nada tão próximo do início da trilha, nós vamos para o ponto de partida. O sol já está brilhando forte no céu, mas o clima ainda está a nosso favor, nada ainda de quarenta graus, mas isso pode mudar em alguns minutos. Andamos pela trilha bem devagar, enquanto Henri me conta algumas aventuras de quanto estava na faculdade. Ele sempre me pergunta o que eu fazia e com quem saía na faculdade, mas a realidade é que eu nunca fui muito de sair para baladas, nem tomar porre, estava sempre preocupado com alguma prova ou trabalho que aconteceria na semana seguinte. As vezes em que eu saí mesmo foi depois de formado com a Carla. Ao pensar em seu nome me sinto com aquele vazio no peito ficando um pouco maior. Já faz um tempo que não nos falamos e eu tenho medo de que se passar mais tempo ela acabe se acostumando à minha ausência e não queira me perdoar.

Copiloto (Amor sem limites #2)Onde histórias criam vida. Descubra agora