Por mais que costurar meu corte na testa e no peito fosse bastante dolorido, nada se comparava com a dor que sentia no meu pé quando Clint o segurou e o apertou em vários lugares, e principalmente, quando ele teve de torcê-lo para o lado contrário para "ajeitá-lo".
A dor foi tamanha, que grudei as unhas no braço de Newt (que me acompanhou o tempo todo na enfermaria) e escondi meu rosto em seu peito para abafar meu grito. Minutos depois, meu pé já começava a desinchar.
Enquanto Jeff cuidava dos machucados de Thomas e Minho, caminhei até a cama onde Alby estava deitado, ainda desacordado. Jeff havia feito um curativo no machucado em sua cabeça, que Minho fez ao apagá-lo, mas de resto parecia tudo bem, mesmo eu sabendo que não estava.
- Como ele está? - Perguntei a Jeff, imaginando a resposta.
- Mesmo estando desacordado, a infecção da picada está se espalhando - Jeff respondeu, enquanto Chuck e Gally se aproximavam do meu lado e Newt do lado dele - Mas imagino que ele esteja melhor assim do que acordado. Podia estar raivoso e nos dando o maior trabalho.
- Quem sabe a caixa nos de a cura - Chuck disse esperançoso.
- Nunca deram, vão dar agora? - Gally perguntou, encarando Alby - E de qualquer modo, até ela subir outra vez, Alby já não seria mais ele.
O de sardas levantou a cabeça para nos olhar e esse foi o momento certo para que eu negasse minimamente com a cabeça, jogando uma olhadela em Chuck para demonstrar que aquilo não era o certo a se falar.
- Ou quem sabe, né Chuck? - Gally sorriu amigavelmente para o pequeno entre nós, depositando uma tapinha fraco em seu ombro - A esperança é a última que morre.
Chuck sacudiu com a cabeça, relaxando um pouco os ombros. Sorri e pisquei para Gally, demonstrando que ele havia feito certo e o menino devolveu o sorriso.
- Você precisa comer e depois descansar, está pendendo tempo - Newt disse próximo ao meu ouvido, me assustando um pouco.
- Claro! Claro - Murmurei.
No mesmo instante, Minho e Thomas se levantaram das mesas onde estavam sentados. Chuck segurou minha mão e Newt passou meu braço por cima de seu ombro, para me ajudar a andar e assim, ambos me levaram até o pátio coberto. Thomas e Minho vinham atrás da gente.
Nos sentamos em círculo e Newt foi atrás de Caçarola, para avisar que ele podia nos trazer a comida.
Os outros meninos passavam por nós e nos encaravam, mas lançavam olhares furiosos a mim, diferente dos que lançavam a Minho e Thomas.
- Eles estão dizendo que você é muito corajosa - Thomas disse, no instante em que Gregory se afastava depois de ter me olhado furioso.
- Corajosa e burra! - Cedrico diz se aproximando, me fazendo rir.
Thomas arregalou os olhos e mexeu a cabeça minimamente, como se dissesse a Cedrico que ele não devia ter dito aquilo.
- Não se esqueçam do louca, pessoal - Chuck disse ao meu lado.
- Inconsequente é o que eles mais estão usando - Entrei na brincadeira.
- Não, não, com certeza, é burra qual eles mais usam - Cedrico disse ao se sentar ao meu lado.
Eu, ele e Chuck rimos, Minho mantinha um sorrisinho divertido nos lábios, mas Thomas continuava sério, sem entender o que falávamos.
- Thomas, os meninos e eu podemos ser irmãos, mas o nosso raciocínio não bate - Expliquei ao novato- Eu sei que eles não dizem apenas corajosa ao se tratarem de mim. Relaxa, eu não me importo com o que dizem. Me importo com o que sentem. Se eu fizer algo que os façam deixar de gostar de mim, então aí, eu penso em mudar o meu jeito, mas de resto, que eles falem.
- Os meninos costumam limitar a Brook, porque, de acordo com eles, é para a segurança dela, porque se importam com ela - Cedrico disse - Mas na verdade, é que lá no fundinho do coração deles, eles desconfiam que ela não tenha capacidade para fazer as coisas.
- Mas, você mesmo viu que eles estão enganados - Minho disse a Thomas.
- Muito enganados - Newt diz ao se aproximar com Caçarola ao seu lado, ambos carregando nossas comidas.
Demorou cerca de uns quinze minutos para que comecemos, dividi meu prato com Cedrico e Chuck, já que eles não haviam conseguido comer ontem, por conta da proeza que eu havia feito.
Foi a vez de Newt me pegar no colo para me levar para minha cabana. Em seu colo, pude sentir a mesma sensação que senti ao sair do labirinto e o cheiro da grama invadir minhas narinas: alívio, segurança, paz momentânea.
Quando nos aproximamos de minha cabana, em um silêncio incômodo, percebi que eu não estava nem um pouco com sono e pensando mais um pouco sobre isso, descobri que, no real, eu estava cansada, mas não queria dormir, pois sabia que teria que reviver tudo que vivi no labirinto, mas em forma de sonho.
Newt me colocou, cuidadosamente, de pé ao lado da minha cama e me encarou por alguns segundos.
- Então? - Ele disse - Não vai se deitar?
- Estou com medo - Confessei - De sonhar.
- Eu sei, eu te conheço - Newt disse - Vou estar aqui, vou esperar você dormir para ir embora.
O garoto disse, se sentando no chão, encostando-se em minha cama. Não era a primeira vez que Newt fazia isso, me esperar dormir para ir embora, mas eu não deixei de ficar surpresa, pois ele havia escolhido ficar mesmo depois de eu ter o tratado mal o dia todo.
Deitei-me a cama e me acomodei, de costas para o garoto. Respiro fundo, me tranquilizei e deixei que o cansaço tomasse conta de mim.
Mesmo completamente esgotada, já se passaram uns dez minutos sem que eu conseguisse dormir, eu sabia, pois estava contando mentalmente para conseguir dormir.
- Newt - O chamei, sem me mexer.
- Oi Brook - O garoto respondeu, me fazendo sorrir aliviada.
- Achei que já tivesse ido embora e eu não tinha escutado - Respondi, ainda de costas para o garoto.
- Não vou te deixar, até que me peça isso - Newt disse.
- Não vou.
- Então continuarei do seu lado - Ele disse - Até o fim.
Talvez a intenção dele era não me deixar escutar, pois havia cochichado essa última parte, mas eu havia escutado e agora me sentia mais leve e confortável para dormir, imaginando que mesmo se eu sonhasse com paredes sujas e aranhas robóticas, não sonharia com abandono, pois Newt estaria do meu lado até o fim.
res: noXh
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Love on Maze Runner? [1] (REVISÃO)
Teen FictionO amor fraterno entre os moradores da Clareira era notável, mas, por mais raro que fosse, era possível encontrar amor romântico/carnal por ali. Brookylin, sendo a única garota a morar na Clareira, era irmã de todos, mas podia apontar quais deles era...