Capitulo XVI- Às vezes eu ainda penso em Allenwood

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Los Angeles

Antes da primeira mentira...

— Uísque duplo, por favor. — A desinibida garota acenou para o barman tatuado e se sentou em um dos bancos de vinil próximo a bancada do bar.

Ela permaneceu por alguns segundos encarando o relógio vintage com formato de violão pregado a parede até que o homem voltasse com a sua bebida, Porém logo foi tirada dos seus pensamentos pela aproximação de um belo rapaz misterioso.

— Posso me sentar? — Ele perguntou, mas não fazia a mínima diferença de qualquer forma. Por mais que ela respondesse que não, ele já estava acomodado e olhando fixamente para ela.

— Nós não vamos transar. — Ela revirou os olhos de maneira entediada.

— Mas eu não disse nada. — O garoto levantou as mãos para o alto e sorriu.

O barman colocou a dose sobre o balcão e voltou ao encontro de outro cliente. A jovem impulsivamente a levou sob os seus lábios marcados por gloss cereja e a bebeu em um único gole.

— Quando homens vão ao encontro de mulheres gostosas bebendo sozinha em um bar, tudo o que eles pensam é: "ela deve estar vazia o suficiente para ir para a cama comigo nesse exato momento." A caçada é sempre mais fácil.

— Não precisamos transar. — Ele mordeu o canto dos lábios. — Pelo menos não hoje.

Ela sorriu e pela primeira vez durante aquela inusitada conversa olhou fixamente para o jovem. Ele realmente não fazia o tipo dispensável. E isso era comprovado pelo seu belo par de olhos castanhos profundos que contrastava perfeitamente com sua barba cerrada e o seu ar de motoqueiro típico de filmes sobre a Califórnia dos anos 80.

— Pague-me mais uma bebida. — Ela sorriu brincando com os seus sedosos e compridos fios.

O rapaz acenou para o barman pedindo mais duas doses.

— Eu percebi que ainda não nos apresentamos. — Ele estendeu a mão para ela. — Sou Ethan Gallagher.

— Lexa. — Ela correspondeu ao cumprimento. — Lexa Solis.

[...]

Agora...

O ambiente havia sido tomado por um silêncio agonizante desde a terrível revelação. Era óbvio que o trio de mentirosos aguardava por aquele momento desde que a primeira mensagem havia chegado. Talvez eles apenas não soubessem o que viria em seguida. Aaron parecia o mais danificado. Respirar normalmente estava se tornando uma tarefa complicada, quase como se ele estivesse se afogando. E talvez fosse exatamente isso. Ele estava se afogando em todas as mentiras em que acreditou.

— O nosso professor de matemática é E.B? — Por fim, a falta de qualquer som foi rompida pela voz trêmula de Susan. — Alguma probabilidade de isso ser um engano como foi com o Noah?

— Acho que não dessa vez. — Natalie envolveu a sua mão com a da amiga na tentativa de acalmarem uma a outra.

— Você não vai dizer nada, Aaron? — Evan perguntou com um olhar dissimulado. — Eu pensei que depois de todo esse tempo estariam cheios de perguntas.

— Por quê? — Aaron finalmente falou, por mais que a dor em seu peito estivesse formando um nó em sua garganta. — Por que você fez isso com nós? Por que fez isso comigo?

— É mais complexo do que isso. — Evan começou a andar em círculos por todo o terraço como se estivesse tentando se lembrar de algo. — Mas felizmente acho que temos tempo o suficiente. Eu vou ter que explicar desde o começo. Bem, como toda boa história essa também começou em um bar...

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